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quinta-feira, 1 de agosto de 2013

O moleque dono da bola!

Há alguns dias Aécio Neves (PSDB – MG) discursou propondo o fim das reeleições, para quem é jovem, é necessário que se diga que o instrumento da reeleição era algo negado pela Constituição Federal, ou seja, o governante precisava deixar o cargo por um mandato e então se recandidatar ao mandato seguinte. Eu disse precisava, pois, num país onde os políticos têm o costume de adaptar a Constituição à sua forma de governar e não o correto que seria adaptar a sua forma de governar à Constituição, os partidos políticos (liderados pelo PSDB) que davam sustentação ao Governo de FHC resolveram mudar a Constituição Federal para implantar a reeleição alegando que essa era uma metodologia adotada em várias democracias consolidadas do planeta entre elas os Estados Unidos da América e que quatro anos era um prazo insuficiente para a execução das reformas que o país precisava. Todos sabem que Fernando Henrique Cardoso tem grande zelo por sua biografia, mas, na ocasião não teve dúvidas de manchá-la (se bem que existem outras inúmeras manchas!) com um golpe branco alterando a Constituição Federal em benefício próprio, pois o correto seria alterá-la para o mandato seguinte, ou seja, somente quem se elegesse em 1998 teria o direito de se recandidatar. Em 2009, houve quem sugerisse dentro do PT a alteração da Constituição para que não houvesse a limitação de apenas uma recondução ao cargo, assim, Lula poderia novamente se candidatar do alto de sua imensa aprovação popular, no entanto, tal fala foi logo abafada pela oposição e pela grande mídia avessa à ideia e mesmo Lula se pronunciou contra tal estratagema contrariando alguns colegas de partido, sim, Lula não era FHC e tinha uma biografia a zelar. Na época escrevemos o artigo “Terceiro mandato: a oposição não dorme de touca” destacando a grande agilidade da oposição em não permitir que o mesmo artifício (golpe) aplicado por FHC fosse agora utilizado por Lula e apesar de aprovar a gestão de Lula e de ser admirador de sua trajetória política também me posicionei contra a rereeleição pelos riscos à democracia que ela podia implicar. Eu tenho orgulho de dizer que jamais votei em FHC, mas isso não me exime de lamentar muitas coisas que FHC fez em seus dois mandatos tais como o irresponsável e lesa-pátria programa de privatizações conhecida como “privataria” (privatização + pirataria) o qual se a Justiça realmente funcionasse neste país, FHC e muitos figurões do seu governo estariam respondendo por crimes de improbidade administrativa conforme ficou evidenciado com provas no Livro “A Privataria Tucana” de Amaury Ribeiro Jr. Em nenhum dos países considerados pela situação em 1997 (atual oposição) como “democracias consolidadas” a ferramenta da reeleição foi retirada e os Estados Unidos da América, país que muitos tupiniquins neoliberais sonhariam ter nascido continua permitindo a reeleição (Obama é presidente reeleito). Penso que uma recondução ao cargo é viável e algumas vezes até necessária, pois as questões governamentais são complexas e exigem ações cujo prazo de quatro anos pode ser pouco para efetivá-las, como afirmaram os tucanos em 1997. Então qual é o motivo pelo qual aqueles que implantaram a reeleição à custa inclusive de denúncias comprovadas de compras de votos para conseguir atingir os 3/5 dos parlamentares para a alteração constitucional agora desejam o seu fim? A resposta, caro leitor, eu tiro dos meus tempos de moleque, pois, pobre (embora nunca me faltasse o essencial) raras vezes fui dono de bola de futebol e naquele tempo o garoto dono da bola jogava sempre (mesmo que fosse perna-de-pau), escolhia os melhores jogadores para o seu time, assim, aumentava as possibilidades de ser vitorioso, porém, ao começar a levar um “vareio” no jogo e não vendo possibilidades de virá-lo, não raras vezes pegava a bola e ia para casa. Aécio Neves tem muito desse moleque dono da bola, pois, “ele e seu partido consideram que a reeleição somente é válida se os beneficiar” como disse um apresentador de telejornal cujo bordão utilizo para encerrar este artigo: Aécio, “isso é uma vergonha”!

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