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sexta-feira, 13 de julho de 2012

Paraguai, um passo para trás

A palavra “impeachment” se tornou conhecida entre os brasileiros por ocasião do processo aberto contra o então presidente Fernando Collor de Mello e mais recentemente pelo processo contra o presidente paraguaio Lugo. No entanto, os dois processos são totalmente distintos. Collor eleito como “caçador de marajás” com o apoio fundamental de importantes empresas midiáticas teve seu governo envolvido num esquema de corrupção sem precedentes na história brasileira e teve acesso a um amplo direito de defesa através de um processo demorado assegurando desta forma a legitimidade do mesmo. O processo contra Collor contou com o apoio da sociedade brasileira, jovens conhecidos como “caras pintadas” saíram às ruas e exigiram a cassação de Collor, na CPI e na imprensa a todo o momento eram apresentadas novas provas da culpabilidade do então presidente, apesar disso, todos os ritos ou passos foram seguidos para que o processo seguisse seu curso e em seu desfecho culminasse com uma resposta para a sociedade baseada na justiça e que acabou por demonstrar ao mundo a maturidade da jovem democracia brasileira. O país saiu do processo de impeachment presidencial fortalecido, dando a todos a impressão de que o país havia consolidado a democracia. Infelizmente não é a mesma impressão que tenho com relação ao Paraguai, não é possível chamar de processo de impeachment o que lá ocorreu, com um processo relâmpago de menos de 48 horas e que não assegurou ampla defesa, sendo, portanto um arremedo de processo de impeachment, na verdade, um golpe. Para começar, houve oportunismo dos parlamentares daquele país, em sua quase totalidade oposicionistas e fortemente conservadores para derrubar o presidente Lugo, bastante conhecido por apoiar movimentos sociais. Na prática, o apoio do Presidente Lugo aos movimentos sociais foi a principal causa de sua derrubada do poder por um congresso que fez eco aos clamores dos latifundiários paraguaios e brasileiros inclusive, que não querem que um movimento pela reforma agrária prospere naquelas terras. Lembro-me de ter lido que “se apoiar movimentos sociais é motivo para um processo de impeachment, se deveria então fazer o mesmo com todo presidente que tivesse ligações com os banqueiros”. Penso que é lamentável o que ocorreu no Paraguai, um dos países mais pobres da América do Sul e que gostaríamos de ver avançando na qualidade de vida de seus cidadãos juntamente com todos os demais países latino-americanos. A impressão é a de que o Paraguai deu um passo para trás na sua caminhada no concerto das nações. O ocorrido no Paraguai e algum tempo atrás em Honduras mostra ser a democracia frágil na América Latina como o dizem os autores dos livros de Geografia. Devemos estar vigilantes para que a contaminação reacionária não ocorra por essas bandas de cá, assim, todo fantasma precisa ser urgentemente exorcizado! P.S. Como latino-americano lamento o ocorrido no Paraguai e me solidarizo com o povo paraguaio que tal como o povo brasileiro é melhor do que a média de seus representantes políticos.

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