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sábado, 3 de abril de 2021

Bolívar, o libertador da América

         


           O leitor provavelmente já sofreu muito assistindo as partidas de seu time na Copa Libertadores da América, cujo nome, obviamente, é uma homenagem aos principais líderes que dedicaram suas vidas à causa da independência da América, em especial, a América do Sul, são eles: José Artigas, Simón Bolívar, José de San Martín, José Bonifácio de Andrada e Silva, D. Pedro I (do Brasil), Antonio José de Sucre e Bernard O'Higgins. O processo de Independência das colônias sul-americanas no que concerne ao enfrentamento com a Espanha foi muito difícil, prolongado e sangrento. Dessa forma, temos que reconhecer o gigantesco patamar heróico ao qual se alçaram os líderes libertadores dos países  de nossos "hermanos". Não há comparação com o Brasil, até porque a independência aqui se fez sem a participação do povo, apenas das elites.

                   O leitor certamente já ouviu falar de Simón Bolívar(1783-1830), por conta do falecido presidente venezuelano Hugo Chávez (1954-2013) que fazia seus discursos com uma tela do libertador ao fundo da imagem. Por iniciativa presidencial e com aprovação parlamentar, o nome do país foi alterado para República Bolivariana da Venezuela. Não demorou e começaram a dizer que Bolívar era marxista, o detalhe é que quando Bolívar morreu, Karl Marx (1818-1883) tinha apenas 12 anos e, mais curioso ainda, o próprio Karl Marx mais tarde estudou a trajetória de Bolívar e a ele teceu duras críticas. Nos países libertados por Simón Bolívar (Venezuela, Colômbia, Panamá, Equador, Peru e Bolívia) ele é um herói universal, não se considera ser ele de esquerda ou direita. Inclusive o nome oficial da Bolívia é em sua homenagem. Bolívar, nascido em Caracas, era descendente de espanhóis, porém, "criollo" (nascido em colônia), o que era motivo de depreciação ante os espanhóis. Bolívar ainda muito jovem, perdeu seus pais e herdou uma gigantesca fortuna em fazendas, escravos, minas, imóveis residenciais, etc. porém, somente após atingir a maioridade e se casar teve acesso a seus bens. O jovem e rebelde Bolívar foi enviado a Madrid, onde estudava e buscava recuperar um título nobiliárquico. Lá conheceu Maria Tereza Rodriguez del Toro y Alayza (1781-1803) com quem se casou em 1802. De volta à sua terra natal, sua felicidade foi curta, pois, sua esposa faleceu de febre amarela.

              Bolívar prometeu e cumpriu nunca mais se casar, porém, galanteador, estava sempre acompanhado de namoradas e "amigas" nos locais aonde a guerra o levava. Tal fato não contribuía para a boa imagem do Libertador que, também era tido como autoritário. Ainda na Europa, havia jurado que usaria todas as suas energias para libertar a América da Espanha. E usou não só toda a sua energia, mas, todo o seu capital como contribuição para as dispendiosas batalhas. Genial estrategista e cavaleiro incansável, conseguiu vitórias assombrosas (dada a desproporção de forças em seu desfavor) e suas conquistas épicas somente podem ser comparadas a do líder mongol Genghis Khan (1162-1227) em área territorial. Bolívar foi um homem a frente de seu tempo. Seu sonho da integração da América espanhola em uma federação à semelhança dos Estados Unidos da América não vingou. Senhor de escravos, não teve dúvidas em proclamar a abolição da escravatura. Autodidata, conseguia cativar a população e conquistar braços para as batalhas. Preferia guerrear a governar. Provou o gosto amargo das traições e das derrotas e ao final de sua curta vida, proibido de voltar à sua Venezuela e doente, morreu pobre e foi enterrado em Santa Marta (Colômbia) com roupas que lhe foram doadas, na presença dos poucos amigos que restaram. Após sua morte, mesmo quem lhe traiu, mandou que se erigissem bustos e estátuas em sua homenagem. O presidente venezuelano que proibiu seu retorno, anos mais tarde, fez um acordo com a Colômbia, ficando em Santa Marta o coração embalsamado de Bolívar e, sendo seu corpo transladado à Caracas, onde repousa em um panteão. Simón Bolívar é uma personagem mundialmente reconhecida à esquerda e à direita do espectro político-ideológico, então, chamar alguém de "bolivariano" não constitui xingamento, mas, elogio. Fica a dica!

P.S. Na Netflix há uma série imperdível intitulada Bolívar que conta a sua vida, amores e batalhas.

Sugestão de boa leitura:

Título: Bolívar, o libertador da América.

Autora: Marie Arana.

Editora: Três Estrelas, 2015, 607 p.

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