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sábado, 13 de fevereiro de 2021

Os movimentos sociais e sindicatos como fermento da democracia

 

          Há quem não goste dos movimentos sociais e sindicatos afirmando serem barulhentos. Entendo estas pessoas. É de sua natureza defender a paz dos vencidos ou seja, a humilhação, a resignação, o "cala a boca" imposto aos oprimidos. Neste espaço, mais de uma vez citei Simone de Beauvoir (1908-1986), a quem novamente recorro para contextualizar de forma inconteste: "o opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos". Engana-se quem pensa que os opressores são todos da classe privilegiada. Há muitos analfabetos políticos na sociedade. A falta de consciência de classe é que permitiu que se construísse o Brasil tal como é, um gigante com pés de barro e, que de tal forma se mantém como um dos países mais injustos do planeta. Digo que todo movimento social ou sindicato precisa fazer muito barulho para sair da invisibilidade imposta aos oprimidos. Se não faz barulho, não está cumprindo sua função social.

            A função social dos movimentos sociais e dos sindicatos é dar voz a quem é negado o direito da fala (os oprimidos, injustiçados e invisibilizados) e colocar na pauta das autoridades (mesmo a contragosto destas), as necessidades, as reivindicações de quem também é povo, mas, que muitas vezes é tratado como se nem ser humano fosse. É compreensível, mas, não justificável, o ódio dos opressores, dos amantes do autoritarismo que odeiam quem lhe tira a paz. A paz de ter o Estado, a economia e a política voltada para a manutenção de seus privilégios. Essa gente, para defender os seus injustos privilégios, é capaz de destruir um país, sacrificar-lhe o seu futuro para que o ordenamento social permaneça. É a mentalidade de senhor de escravos que em sua elite permanece apesar de o regime escravocrata oficialmente não mais existir, embora ainda hoje se encontre trabalhadores em situação análoga a de escravidão no país. "A nossa bandeira nunca será vermelha" foi uma frase muito falada em manifestações de pessoas reacionárias cujo significado é: a "Casa Grande" (Palácio do Planalto/Governo) jamais será pisada por pés de escravos (trabalhadores) ou, os trabalhadores jamais governarão/ditarão os rumos de nosso país, ou ainda, "o país é nosso (da elite). Calem-se!"

            Eu costumo dizer que os movimentos sociais e os sindicatos são "o fermento da democracia". Em países com tradição autoritária como o nosso, cujos períodos democráticos são hiatos entre ditaduras, sua importância se reveste de maior significado. A elite (financeira e cultural) está sempre pronta a fazer contrarrevoluções quando vê o seu controle sobre os rumos do país minimamente ameaçado pelo avanço da democracia. Ela não não é patriota. Se para ter uma sociedade de consumo de massa (de maior poder aquisitivo) implica dar voz e vez aos trabalhadores, prefere ver o país no atraso e, não tem escrúpulos em sabotar o desenvolvimento nacional e, entregar nossas riquezas para o grande capital estrangeiro para preservar o ordenamento social. A preservação deste é obtido por meio de representantes a seu serviço nos poderes Legislativo e Executivo porquanto eleitos com seu dinheiro e, da parceria com membros do Poder Judiciário, geralmente oriundos da elite cultural que busca preservar seus privilégios. A elite, como disse, não é patriota, apesar disso utiliza os símbolos nacionais para conquistar a simpatia dos distraídos, assim, como muitos corruptos não param de criticar a corrupção (dos outros). Trata-se de uma gente moralista e sem moral. A ela não interessa o desenvolvimento nacional, a construção de uma sociedade com justiça social, o fortalecimento da democracia. O que interessa realmente é a manutenção de seus injustos privilégios. A democracia é sempre de baixa intensidade quando a desigualdade social é extrema. E o Brasil, como tal, para o espanto das nações se mantém como "a potência do futuro", porém, esse futuro teima em nunca chegar. As elites (do capital financeiro e do capital cultural) são ardilosas e unidas, porém, enquanto houver movimentos sociais e sindicatos haverá esperança de que a democracia e a justiça social se implantem de fato e, é isso que as elites buscam evitar namorando o fascismo. Como nos ensinou Eduardo Galeano (1940-2015): "preservemos nossas utopias, por mais inalcançáveis que nos pareçam, elas nos ensinam a não ficarmos parados". Longa vida aos movimentos sociais e aos sindicatos!

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