Powered By Blogger

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Escalando a montanha: tributo a Oscar Niemeyer

     Karl Marx (1818-1883), afirmou que “precisamos entender a sociedade como se estivéssemos escalando uma montanha”, e, poucos no mundo levaram tão a sério a busca desse entendimento quanto Oscar Niemeyer (1907-2012). Filho de família abastada, jamais deixou o status herdado de berço lhe impor uma mentalidade burguesa e esnobe. 
        Estudou muito, trabalhou mais ainda, a sua genialidade por muitos é considerada um dom divino, apesar deste se considerar ateu, tem na natureza, nas montanhas e mulheres do Rio de Janeiro, a inspiração para as famosas e maravilhosas curvas que tanto prestígio lhe deu. 
        Oscar escreveu: “Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual. A curva que encontra no curso sinuoso dos nossos rios, nas nuvens do céu, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o Universo. O Universo curvo de Einstein”. 
       A arquitetura mundial e não apenas a brasileira ficou mais pobre com sua partida na semana passada. Definir Oscar Niemeyer é fácil, bastam duas palavras “vida e trabalho”, e como viveu! Foram quase 105 anos, mas gostaríamos que fosse eterno e enquanto viveu, foi. 
        Não vamos aqui falar de sua partida, mas de sua obra e principalmente do brasileiro solidário que demonstrou ser. Algumas pessoas são insubstituíveis, e nunca “morrem”, pois se imortalizam nas suas obras. 
    Oscar Niemeyer é dessa classe de pessoas que assombram o mundo com tanto talento e generosidade. Generosidade para em sendo grande usar da sua notoriedade para chamar atenção às causas sociais, e, oprimido, denunciar a opressão mesmo com isso tendo que se exilar fora do país natal por conta da ditadura militar (1964 a 1985). 
        Há uma direita com vocação totalitarista, cujos representantes na grande mídia, por ocasião de sua passagem, se sentiram incomodados pelo fato do genial arquiteto ser comunista e, mesmo assim, terem que passar flashes de sua obra e pensamento na programação. 
         Houve até um representante dessa direita raivosa que o considerou metade gênio e metade idiota. Ora, o totalitarismo que tal ícone do “pensamento pequeno” burguês tanto diz combater se manifesta justamente no combate raivoso a todo intelectual e/ou artista que ciente de sua liberdade de pensamento e expressão, abre mão de seguir a “mesmice” das ovelhinhas branquinhas guiadas pelo lobo e segue seu próprio caminho, porque embora seja mais fácil ir até onde os outros vão e ver as mesmas coisas, somente quem trilha caminhos diferentes e vai aonde os outros não vão é que faz a diferença e vê o que outros são incapazes. Afirmar que Oscar “é metade gênio e metade idiota” somente demonstra que a pessoa que escreveu/disse isso é “totalmente idiota”. 
        Certa vez, assisti uma reportagem sobre um arquiteto estrangeiro mundialmente famoso, que veio ao Brasil especialmente para conhecer Niemeyer e, estava num estado de êxtase por estar ao seu lado. O que me incomoda é haver em nosso país um segmento político que, de posse da grande mídia, manipula, omite, distorce as informações e parece ter vergonha de o país estar seguindo num bom caminho, de as coisas estarem dando certo, e de haver brasileiros reconhecidos internacionalmente e que para assim o serem considerados, subiram a montanha a partir de um primeiro passo e seguiram em frente sem se abaterem com as dificuldades. 
        Niemeyer escalou a montanha e viu a sociedade, de seus patamares mais baixos até o topo, e dessa forma, constatou a realidade crua e cruel deste país. É essa sensibilidade perante a vida e a sociedade que o faz genial e insubstituível.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Enquanto isso, a Educação...Parte 2

No artigo da semana passada lamentamos a decisão da Câmara dos Deputados em recusar a destinação de 100% dos royalties do petróleo do Pré-Sal para a Educação, pois, como sabemos o investimento em Educação neste país está muito aquém do necessário e tais recursos poderiam dar um novo impulso à educação nacional. Acreditamos que não existem gastos com Educação e sim investimentos e, felizes, percebemos que a Presidenta Dilma Rousseff tem esse mesmo raciocínio, pois, ao receber e vetar partes do projeto de lei sobre a destinação dos royalties do petróleo encaminhada pelo Congresso Nacional, afirmou que irá encaminhar Medida Provisória para ser analisada pelos congressistas para destinar SIM à Educação a integralidade dos royalties futuros do petróleo. O Ministro Aloizio Mercadante comemorou a insistência da Presidenta e afirmou: "Só a educação vai fazer com que o Brasil seja uma nação efetivamente desenvolvida. Se o petróleo e o pré-sal são o passaporte para a educação, não há futuro melhor do que investir na educação".¹ Acredito que o leitor já deve várias vezes ter ouvido/lido notícias sobre os maus resultados do Brasil em avaliações internacionais como o PISA realizado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) que envolve as nações desenvolvidas e alguns convidados, entre eles, o nosso país. O que possivelmente não deve ter ouvido/lido é que dentre os países que participam de tais avaliações, o Brasil é o que menos investe recursos per capita, ou seja, por aluno. Também é possível que não tenha ouvido/lido que as condições de trabalho nos países desenvolvidos são melhores, escolas com turno integral, média de 20 alunos por turma, 50% de hora-atividade para o professor preparar suas aulas, corrigir trabalhos e provas na escola sem realizar o trabalho caseiro, gratuito, portanto, escravo, no momento em que devia estar descansando, curtindo a família e fazendo suas atividades particulares. Se o caminho para se tornar uma nação desenvolvida passa pela Educação, então porque não há unanimidade dos políticos brasileiros em defesa da Educação Pública, gratuita e de boa qualidade? A unanimidade não existe porque em nosso Congresso Nacional, segundo uma pesquisa, a maioria dos congressistas são representantes da Classe Alta (latifundiários, banqueiros, empresários, etc.), portanto, não são oriundos da classe trabalhadora. Dessa forma, como parte da elite econômica deste país, defendem a manutenção do status quo, ou seja, a continuidade da sociedade tal como é, ou seja, uma das maiores desigualdades sociais do planeta. Tais líderes neoliberais fazem defesas intransigentes do Estado Mínimo, que gasta pouco (investe pouco) e que de preferência tenha olhos, ouvidos e recursos somente para apoiar a produção econômica, ou seja, o capital. Gastar com a Educação é uma forma de corrigir distorções do sistema, mas todo investimento social é considerado pelos neoliberais como populismo. Há representantes do neoliberalismo tupiniquim que afirmam que o problema da Educação não é falta de dinheiro e desconversam sobre as condições de trabalho dos professores e nestes colocam toda a culpa para a crise reinante, pois, é muito fácil e prático, colocar a culpa nos “professores que não sabem ensinar e nos alunos que não querem aprender”, pois isto os exime da responsabilidade perante este gigante de aço com pés de barro que se produziu chamado Brasil. FONTE: ¹ http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2012-11-30/dilma-veta-trecho-da-lei-dos-royalties-sobre-campos-em-exploracao.html - acesso em 03/12/2012.