Estamos em ano eleitoral, daqui há alguns meses estaremos escolhendo Presidente, senadores, deputados estaduais e federais. Questiono-me: qual a porcentagem dos brasileiros que ainda lembram em qual deputado (estadual e federal) votaram? Qual o nível de satisfação com a atuação de seus representantes na Assembléia Legislativa e no Congresso Nacional?
Certo, os problemas estaduais e nacionais são muitos e ninguém que tenha um pouco de conhecimento há de esperar que em quatro anos sejam resolvidos, aliás esse é um grande mal do brasileiro, o “imediatismo”, a verdade é que não há mágica, temos um longo caminho a trilhar, apesar de que algum tempo atrás um certo candidato a presidência prometeu colocar o Brasil no Primeiro Mundo em 5 anos e muita gente acreditou, não os condeno o marketing era bom e havia o apoio do mais importante meio de comunicação de massa do país.
Somos hoje o quinto pior país do mundo em distribuição de renda (já fomos o pior!) e segundo a ONU neste andar da carruagem somente em 2310 teremos uma distribuição de renda comparável aos países desenvolvidos. Pensar em sermos país desenvolvido até o final do século XXI não é de todo impossível (embora difícil), mas precisaremos avançar muito nas políticas sociais e não estou falando de assistencialismo que minora mas não resolve o problema. Há vários séculos atrás, Confúcio, filósofo chinês, já afirmava: “Se alguém te pede um peixe, ensine-o a pescar, pois, se você der um peixe o terá alimentado por um dia. Se você ensiná-lo a pescar, o terá alimentado pela vida inteira”. Precisamos gerar empregos, aumentar o poder aquisitivo do trabalhador, reduzir a carga tributária, reduzir a desigualdade social (vergonha nacional), combater o analfabetismo, aumentar a média de escolaridade, melhorar e muito o nosso Sistema Único de Saúde e, a não ser que o Brasil prove o contrário, precisamos investir de fato em Educação e Ciência, pois nenhum país do mundo até hoje, se tornou desenvolvido sem que fizesse pesados investimentos nesta área.
Enquanto o cenário é o que vemos, o Governo Federal acerta em não deixar o paciente morrer, mas é necessário tirá-lo da UTI, pois, ter meios de ganhar o próprio pão é mais dignificante para qualquer pessoa e está comprovado: a redução da miséria traz consigo a redução da violência.
Nós brasileiros, precisamos participar mais da vida política do país. O nosso dever ou seria direito? não se encerra na cabine de votação! Aprender a não acreditar em promessas fantasiosas e principalmente cobrar as promessas feitas. Devemos lembrar sempre que a pessoa eleita não é o patrão do povo e sim seu empregado e como sabemos empregado que não cumpre bem com suas funções fica desempregado, mesmo que leve quatro anos para isto.
Muitos políticos não gostam de serem cobrados, acham inconveniente o eleitor que exige o cumprimento das promessas. Há políticos que realizam obras apenas em ano eleitoral, devem pensar que o povo tem memória curta e não se lembrarão das obras realizadas durante o mandato e é possível que tenham razão afinal muitos se reelegem sem que tenham feito um bom trabalho. Enquanto quem está no poder deixa as realizações para o último ano, há sempre a oposição que procura barrar orçamentos, impor dificuldades para a realização de obras, pois trata-se de um “pacote eleitoreiro”, é até possível que muitas vezes isto seja verdade, mas onde está escrito que quem foi eleito deve governar três e não quatro anos? E que pensar de um certo deputado que afirmou que “político ganha mal no Brasil” quando grande parte dos trabalhadores ganha salário mínimo?
Para alguns políticos, a perpetuação da miséria não é de todo ruim, aliás, é algo bom, porque quem está passando necessidade, é sempre mais fácil de ser manipulado, como exigir criticidade de quem passa fome diante da oferta de uma cesta básica?
As mulheres ainda pouco participam na carreira política, lamentavelmente, pois, acredito que com uma maior participação destas haveria menos corrupção e mais investimentos em educação e saúde, pois são estas as primeiras a saber a importância de um bom atendimento escolar e médico a seus filhos. As mulheres certamente transformariam a política, mas por gerações ficaram relegadas a um papel de submissão e um certo tempo ainda será necessário.
Precisamos de pessoas (homens ou mulheres) que incomodem e não se acomodem..., já dizia Bertolt Brecht: “O pior analfabeto é o analfabeto político. (...) ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão...dependem de decisões políticas..., (...) o analfabeto político é tão burro que estufa o peito, dizendo que odeia a política... ”
Vivemos uma época de incertezas, o socialismo ruiu, também o Estado de bem-estar social (Welfare State) e vemos o avanço do neoliberalismo (e a conseqüente perda de direitos trabalhistas) e da Globalização (e aumento da desigualdade entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos).Paira no ar, um clima de preocupação (talvez, exagerada) com a maior economia do planeta, os Estados Unidos, uma crise econômica grave por lá seria uma hecatombe mundial e sepultaria nossos sonhos de chegarmos ao final do século XXI numa posição razoável no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), atualmente, estamos atrás do Chile, Argentina, Uruguai, Venezuela...
Em tempo, uma boa leitura é o livro de Pedro Demo “Pobreza Política”, segundo ele a mais grave de todas as pobrezas é a da pessoa privada de sua cidadania, que vive em estado de manipulação, ou destituída da consciência de sua opressão, ou coibida de se organizar em defesa de seus direitos.
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