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sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Um líder forjado no fogo!

Sobre Lincoln muito já li na forma de artigos e comentários sobre as lições motivacionais que sua vida e seu período na presidência dos Estados Unidos da América proporcionam, e, para me aprofundar no conhecimento acerca de tão importante personagem adquiri o livro que enfim, dois anos mais tarde pude ler, porém, observei várias lacunas históricas que superei com pesquisas paralelas na Internet, também, penso que a obra pecou ao não inserir em suas páginas mapas acerca das batalhas da guerra da Secessão ocorrida no período de seu governo. Soube por meio de pesquisa na Internet que a versão brasileira da obra foi sintetizada e que a original publicada nos Estados Unidos da América é bem melhor, pois, esmiúça os fatos. A obra é a mesma na qual foi baseado o filme de título homônimo, que ainda não assisti, mas, do qual já ouvi bons comentários. A versão brasileira privilegia o período de sua candidatura à presidência em 1860, sua administração (1861-1865), os desdobramentos da Guerra Civil estadunidense, sua reeleição em 1864 e sua morte em 1865. Abraham Lincoln teve uma infância pobre, nasceu em 1809 num quarto de uma cabana rústica no Kentucky, o pai chegou a ser fazendeiro, mas, perdeu todas as suas terras devido a problemas em seus títulos de propriedade, o avô foi morto num ataque de indígenas e sua mãe morreu quando ele tinha nove anos de idade. Na juventude foi condutor de barcaças e lenhador, tinha um porte físico curioso: magérrimo e alto (1,93 m). Era um grande contador de causos, evitava brigas, mas, envolvido se saía muito bem, inclusive surrando os bad boys da época. Não teve a oportunidade de estudar muito, na verdade, não chegou a cursar dois anos completos de ensino formal, mas, sua perseverança fez dele autodidata e supria com os livros que sempre o acompanhavam a carência da carreira estudantil. Fez exame para ingressar na faculdade de Direito e não passou, pegou livros de Direito e estudou-os com afinco e mais tarde prestou um exame nacional para obter o direito de exercer a profissão de advogado e foi aprovado. Exerceu a profissão e cobrava pouco por seus serviços, afinal, todos precisavam sobreviver. Atuava tanto na área do Direito Penal como no Direito Cível e os relatos dão conta que era exímio em apontar contradições e muito temido por seus adversários no Tribunal. Como empresário fracassou, e, à exceção de uma única vez, fracassou em todas as tentativas de eleição para cargos públicos. Sofreu perda prematura de dois de seus quatro filhos. Em 1860 Lincoln tinha o pior currículo dos pré-candidatos à presidência e mesmo assim, com grande perspicácia, conseguiu a indicação e eleito surpreendeu a todos ao convidar para seu gabinete os adversários derrotados. Foi alertado sobre os egos destes e que eles lhe ofuscariam na Presidência, não temeu e os secretários logo descobriram que ele delegava poderes, mas dava a palavra final, sempre. A imprensa lhe fazia forte oposição. Quando irrompeu a guerra civil estadunidense (pré-anunciada pelas lideranças dos estados do Sul na hipótese do abolicionista Lincoln ser eleito), objetivando o desmembramento da União e a manutenção da escravidão. Lincoln se recusou a oferecer a guerra, mas, não em enfrentá-la, após quatro anos e 600 mil mortos, derrotou o Sul, manteve a integridade da União, promulgou a abolição da escravatura, forçou os parlamentares a tornarem lei em todo o país, além disso, modernizou a economia nacional, porém, ao fazer discurso defendendo o direito de voto para os negros, acirrou a ira de radicais simpatizantes da causa do Sul que planejaram um atentado contra ele, seu secretário de Estado e o Vice-Presidente, porém, resultou a única vítima fatal, assassinado por um ator, enquanto assistia a uma peça de teatro, que tanto apreciava. É considerado um dos maiores líderes que os Estados Unidos tiveram. Fica a dica. Sugestão de boa leitura: Lincoln – Doris Kearns Goodwin – Ed. Record, 2013.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

A Educação como um castelo de cartas!

As verbas destinadas à Educação são carimbadas e se não o fossem, a Educação que se encontra na UTI pereceria de vez, pois, os políticos preferem construir pontes e chafarizes a “gastar” com Educação. É essa falta de visão de futuro, de compromisso com a nação (patriotismo) que faz com que a Educação, ponto central nos discursos políticos pré-eleitorais, seja tratada com descaso após a vitória nas urnas e o político eleito delegue aos subordinados sem poder de decisão a tarefa de receber os professores para ouvir suas demandas. Aliás, é um absurdo que educadores precisem abandonar os postos de trabalho com aqueles que são o futuro da nação para exigir um mínimo de dignidade em seu trabalho. Vivemos uma crise na Educação, mas, ela não é uma crise da Educação em si, visto que é uma crise da sociedade, de um modelo econômico hegemônico individualista, consumista, social e ecologicamente insustentável. A crise da sociedade ultrapassa os muros da escola e atinge o fazer escolar, ali, se faz sentir a desesperança do adolescente, sem sonhos de um futuro melhor ante a vida de miséria de seus pais ou responsáveis e diante da convicção formada na rotina diária de observação de que a miséria raramente abandona aqueles que a trazem do berço. É muito comum pessoas bem nascidas pregarem a meritocracia como sendo um instrumento de estímulo e premiação aos mais esforçados, mas, os bem nascidos, largam na frente, muito na frente e têm um trecho menor para percorrer. Constato que atualmente os mestres têm uma formação melhor, pois, a maioria, tem formação na área, especializações e mestrados, porém, no passado o respeito ao profissional era maior por parte de alunos, pais, governo e sociedade. A Educação é parte do projeto de país, e país que sabe o que pretende ser e aonde quer chegar, certamente tem políticos e intelectuais conscientes de que não se alcança o desenvolvimento econômico e social sem a valorização da Educação. É preciso atrair para a Educação, os maiores talentos entre os jovens, e, isso é o que não se faz no momento, pois, muitos jovens que poderiam ser bons educadores não têm pretensões em exercer o magistério. Um estudo recente mostrou que cursos de magistério em universidades particulares estão fechando por falta de procura e que muitos profissionais formados no magistério acabam exercendo outras atividades, sendo que o próprio MEC anunciou que haverá no país um apagão de professores a partir de 2030 quando grande parte dos atuais professores estará se aposentando. Penso que para atrair os melhores estudantes para a profissão a valorização salarial é muito importante, mas, não basta, é necessário melhorar as condições de trabalho nas escolas, salas superlotadas não contribuem para a boa aprendizagem devido à dispersão da atenção dos educandos, cujo barulho, torna quase impossível a tarefa do professor, aliás, em recente pesquisa no grupo de países da OCDE (83 países), as classes mais barulhentas são as brasileiras. Dizer que destinar 50% da jornada de trabalho do professor para hora-atividade é imoral, como afirmou o Chefe da Casa Civil do Governo do Paraná, Eduardo Sciarra apenas mostra a visão míope de Educação e o descaso com a mesma. Também as premissas gerais que norteiam a Educação não devem ser construídas de cima para baixo, sem a participação dos profissionais da Educação Básica e nem devem ser mudadas ao sabor da bandeira partidária do momento e essa tem sido a regra. O saudoso Darcy Ribeiro disse certa vez: “A crise da Educação no Brasil, não é uma crise, mas, um projeto que vem sendo muito bem executado”. É um engano pensar que os políticos não sabem como fazer a Educação engrenar, a intenção é justamente que ela nunca funcione, para que a redenção dos filhos da classe trabalhadora jamais ocorra, por isso, a Educação no Brasil é um castelo de cartas, frágil, e que se desmonta com a mais leve brisa pós-eleitoral.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

O “Partido” da Escola Sem Partido!

O leitor assíduo desse espaço lembra que em outras oportunidades nestes últimos quatro anos manifestei a minha indignação com as pretensões da ONG Escola Sem Partido, e, não posso deixar de voltar ao tema quando tramita um Projeto de Lei em tal sentido na Assembleia Legislativa do Paraná. Para começo de conversa tal grupo se diz apartidário, no entanto busquei o significado da palavra “Partido” e encontrei: “grupo de pessoas unidas pela mesma opinião, mesmos interesses e mesma ação política”. Então, diante de tudo quanto li acerca de tal grupo, vejo que age tal qual a definição da palavra em questão, pois, trata-se de um grupo que se impõe raivosamente contra professores e autores de livros que ousam contestar a infalibilidade do “deus” mercado, nele apontando máculas que se evidenciam na sociedade socialmente injusta. Os críticos do trabalho intelectual e crítico dos educadores contrariam o artigo 205 da Constituição Federal onde se lê: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da Família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”, e, no artigo 206, Inciso III: “Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber” E também o artigo 5º Inciso IV “É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato” e Inciso IX “É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”. Os censores ainda contrariam a LDB em seu artigo 3º Inciso II da Lei 9.394 de 20 de Dezembro de 1996 que estabelece: “liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber” e o Inciso IV “pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas”. Quanto às Universidades, a Constituição Federal em seu artigo 207 afirma: “As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial e observarão o princípio de indissolubilidade entre ensino, pesquisa e extensão”. Causa estranheza que os integrantes do “Partido” da Escola Sem Partido vociferem contra autores de livros e professores que trabalham de forma crítica se utilizando de ferramentas marxistas (as melhores e mais completas) para análise da sociedade capitalista global, e, nunca façam fortes reclamações quanto a uma “possível doutrinação” efetivada pelos professores do Ensino Básico e Superior que propagam e defendem os ideais capitalistas em suas aulas, mesmo sendo estes a maioria, pois, se é para haver justiça e pluralidade de ideias, a maioria deve também expor de forma justa e equânime a visão marxista aos educandos, pois, no momento, não o faz. O que leio nas entrelinhas é que os partidários da Escola Sem Partido, por suas ações, desejam o pensamento único, qual seja a visão capitalista de mundo. Trata-se de um discurso hipócrita e nada ingênuo, pois, é premeditadamente pensado e cheira a Índex, o livro da Igreja que registrava os autores e obras proibidos aos cristãos durante a Idade Média. Também causa estranheza que nada falem sobre a declarada doutrinação conservadora da Grande Mídia, esta sim, preocupante. Vivemos um momento em que parlamentares paranaenses cheios do espírito da Casa Grande se revoltam contra os Mestres que ousam trabalhar de forma crítica os conteúdos científicos objetivando formar o educando para a cidadania plena. Faz sentido, a Casa Grande sempre temeu o dia em que os integrantes da Senzala aprendessem a ler não apenas as letras, mas, o mundo, e exigissem para si o direito à cidadania. Concluo, afirmando que não podem se intitular amigos da Educação quem exige o silêncio dos professores e também que para que uma ditadura se implante, não é imprescindível que Generais tomem o poder. Os massacres de professores e os projetos de mordaça evidenciam isso!

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Entre o sincericídio e a alienação

Há um ano foi anunciada a vitória de Dilma Rousseff, naquele momento não sabia dizer se a sensação de alívio era maior por sua reeleição ou pelo afastamento de um Governo Aécio Neves (PSDB) e tudo o que implicaria, ou seja, corte ou redução dos investimentos sociais, aprofundamento do neoliberalismo e a privatização da Petrobras, bandeira defendida por ele e seus principais colegas de partido, dentre eles, José Serra. Não por acaso, Aécio Neves era o candidato preferido de Tio Sam (Estados Unidos da América) e também do Partido da Imprensa Golpista (PIG) que desde Getúlio Vargas luta para que nossas riquezas sejam servidas na bandeja às empresas estrangeiras em troca de migalhas para a elite subserviente. Não é mera coincidência que nas investigações da “Operação Zelotes” o período das privatizações tucanas levadas a cabo por FHC é justamente aquele em que foi computado o maior envio de remessas ilegais de dólares para o exterior! A Operação Zelotes tem tudo para acabar em pizza, pois, envolve empresários e políticos da direita, então não pode haver denúncias, pois, podem levar a condenações, mas, os envolvidos permanecem tranquilos, pois, a solução já foi encontrada, desviar o foco das investigações poupando gente graúda. Em fins de 2014 comecei a pensar o que seria um governo exitoso de Dilma em seu segundo mandato e cheguei à seguinte conclusão: 1. Dilma deveria fazer a reforma política via assembléia constituinte especialmente eleita para tal fim, uma vez que o Congresso Nacional foi eleito por meio de um sistema eleitoral fajuto e ultrapassado não tendo legitimidade para empreender a tarefa em consonância com os interesses nacionais e do povo brasileiro. 2. Dilma deveria mandar ao Congresso uma proposta para a regulação econômica da mídia acabando com os monopólios cruzados constituídos por seis famílias que controlam jornais, revistas, estações de rádio e de TV simultaneamente, o que contraria o disposto na Constituição Federal. Porém, a oposição resolveu retomar o discurso do golpista-mor Carlos Lacerda (em relação a Getúlio Vargas), parafraseando-o: “Dilma não pode ser candidata; se candidata, não pode ser eleita; se eleita, não pode tomar posse; se tomar posse, não pode governar”. Ante a resposta das ruas, o PSDB, líder da oposição, tudo fez para que Dilma não pudesse tomar posse, e, atualmente tudo faz para que Dilma não possa governar. Foi com perplexidade que observei a composição do Ministério de Dilma com figuras estranhas aos setores progressistas da sociedade como a ruralista Kátia Abreu (PMDB), Joaquim Levy (Fazenda), Cid Gomes (PDT) na Educação, etc. A impressão que deu é que o PSDB havia ganhado a eleição, pois, o governo vem demonstrando grande fragilidade e cedendo espaço aos setores conservadores. Ricardo Boechat afirmou: “Dilma tem que governar e parar de dar conversa para esses vagabundos do Congresso e que não há motivos para o Impeachment e mandou um recado: “Não estou aqui defendendo o PT. Quer tirar a Dilma do Poder? Tira daqui a 3 anos, vai ter eleição. Dá um “cacete” no PT na eleição”. Cid Gomes cometeu um sincericídio e perdeu seu cargo por isso, porém, ganhou em capital político, pois, disse o que grande parte do povo brasileiro gostaria de dizer quando afirmou: “quem é da oposição, tem que fazer oposição, mas quem é da base, tem que apoiar o governo" e mandou o recado aos achacadores do Congresso que contou em número de 300 a 400: “larguem o osso ou saiam do governo”. Mas como já disse o senador Aloysio Nunes (PSDB) à Carta Capital: “a questão não é tirar Dilma do Planalto, o objetivo é sangrar o governo e o PT”. Existem políticos cujo medo é que o medo acabe, para estes, importa que a crise perdure (se suas ambições pessoais são satisfeitas), não importa a que custo econômico e social para o país, o povo (principalmente o pobre) constitui mero detalhe!