Acostumamo-nos com as notícias nos meios de comunicação retratando a crise na Educação, tais notícias tratam de temas como a evasão escolar, repetências, aprovações sem apropriação dos conhecimentos básicos, jovens formados semi-analfabetos. Não pretendo fazer um diagnóstico do ensino brasileiro até por que não tenho espaço e mesmo conhecimento suficiente para tal! Assim, vou escrever algumas linhas a respeito do que humildemente penso! Para entender o que aconteceu, precisamos voltar um pouco no tempo, a escola pública já possuiu um status de qualidade bem melhor. O que aconteceu então? No passado, a Escola pública era elitista, grande parte do povo pobre não tinha acesso à mesma e outra parte era excluída no processo, assim, se formava somente quem atingia os critérios exigidos, os quais eram mais rigorosos que atualmente. Além disso, havia respeito pela figura do Professor por parte dos alunos, pais, enfim, de toda a sociedade! Ter um filho Professor era motivo de orgulho para os pais! Hoje, já não é assim! Certa vez, no início de minha carreira, minha Mãe comentou as profissões dos filhos com uma amiga e esta ao ouvir que eu era Professor, afirmou: “Mas ele tem estudo, com o tempo arranja uma coisa melhor”! Mais triste que os baixos salários são a falta de valorização e reconhecimento da sociedade para uma classe extremamente necessária e valiosa em qualquer país, afinal, sem o professor, não se formam o médico, o advogado, o engenheiro, o arquiteto, o farmacêutico, o agrônomo, o político, etc. Talvez, na formação deste último, esteja a nossa grande culpa! Já houve quem falasse em “qualidade total” em Educação, ora, isto é uma bobagem! Na Educação trabalhamos com seres humanos e não com mercadorias e a Educação é um processo em contínuo andamento, sem fim, portanto! Penso também que a crise é salutar para a Educação, pois é nas crises que buscamos as respostas para as indagações que nos afligem! A ausência de crise leva ao comodismo! Porém, isto não quer dizer que sejamos masoquistas! Os profissionais engajados na Educação lutam ardorosamente por dias melhores não somente para a Educação, como para todo o País. A verdade é que a missão do Professor é dificílima! Conversei com uma Pedagoga e ela em sua preocupação com os rumos da Educação fazia o seguinte questionamento: “Precisamos ensinar, porém, não o conseguimos fazer a quem não deseja aprender! Por outro lado, o Estado cobra bons índices de aprovação, mas muitos alunos não atingem os requisitos necessários para tal, e mesmo que a aprovação por si só não basta ao Estado, é preciso que haja qualidade na formação”! O problema é que muita gente pensa que os problemas de aprendizagem se resumem ao fazer escolar, mas há outras situações que interferem, tais como famílias desestruturadas, desemprego dos pais, miséria, falta de sonhos, violência, drogas, etc. No Brasil, há o costume de achar um culpado para o caos para isentar os demais, quando na verdade, ele é a soma de vários equívocos cometidos por agentes diversos! A crise da Educação é a crise da Sociedade, esta sociedade que exclui, condena milhões à miséria, que semeia a violência nos lares e que se faz refletir no âmbito escolar. A crise da Educação se alimenta da falta de sonhos, os quais foram podados pela sociedade que se deixou construir! Precisamos formar políticos melhores, mas, sobretudo, cidadãos que saibam cobrar e tirar do poder os políticos que não estiverem trabalhando para construir a sociedade que permita às nossas crianças o direito de sonhar!
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