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sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Em favor da causa pública


O Neoliberalismo que varreu o Brasil nos anos 90 fincou raízes tão profundas no solo tupiniquim, que nada parece capaz de aplacá-lo quanto ao teor de sua ideologia. O Neoliberalismo, doutrina que defende o Estado Mínimo, cujos maiores protagonistas foram Fernando Collor de Mello que o introduziu como ideologia de Governo e Fernando Henrique Cardoso, cuja administração foi considerada neoliberal pelos estudiosos nacionais e estrangeiros, apesar do mesmo negar tal teor de seu governo. O governo Lula reduziu o apetite da máquina neoliberal, mas esta continua atuante dentro do aparato governamental. O Neoliberalismo prega o Estado Mínimo, a não intervenção do Estado na Economia, o Livre-Mercado, etc. A propaganda neoliberal prega que tudo o que é público não presta, não funciona! Freqüentemente consideram os órgãos públicos como “elefantes brancos”. Tal ideologia difundida de forma massiva pelos meios de comunicação, em especial, a televisão, acabou por ser incorporada no pensamento da sociedade brasileira. Conversei com uma pessoa da área da saúde a qual trabalha no setor privado e público, e que nunca fez distinção entre ambos, procura desempenhar o seu trabalho com a mesma qualidade, mas que apesar de seus esforços no setor público as pessoas sempre estão descontentes, ora por que a consulta atrasa, é muito longa, etc. Afirmou-me que: “Se alguém quer se sentir incompetente apesar de toda a dedicação e esforços, basta atuar em algum órgão público”! Afirmei para esta pessoa que iria escrever algo sobre isso e lembrei-me que professor que sou, já atuei na rede privada e ao mesmo tempo na rede pública, e buscava que minhas aulas na escola pública não fossem de qualidade inferior, pois pensava: “são os alunos da escola pública os que mais precisam”! Se pretendermos que a sociedade se transforme, precisamos que a qualidade da educação, saúde e segurança sejam equivalentes ou superiores à rede privada. Não se deve colocar toda a culpa por aquilo que não funciona adequadamente nos servidores, cujas condições de trabalho muitas vezes não são as ideais. O Estado Mínimo defendido pelos neoliberais é exatamente este, aquele que deixa a desejar, que não funciona, pois assim, abrem-se grandes possibilidades de lucro oferecendo tais serviços e cobrando fábulas por eles. Acredito que as pessoas pensam que o SUS é dos médicos, a escola dos professores, etc. E assim, gastam sua energia criticando aqueles que são também vítimas de uma estrutura inadequada de trabalho. Os serviços públicos somente terão a qualidade que o povo deseja, no dia em que, ele povo, começar a defender o serviço público como um direito seu e exigir dos governantes melhorias nas condições de trabalho, atendimento, etc. E o que precisa para isto acontecer? O governo deixar de lado a mentalidade neoliberal do “Estado do Mínimo” e investir! Por sua vez, a sociedade precisa abraçar como sua a causa pública! O que de fato é!

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