Mais uma olimpíada chega ao seu final e uma vez mais os brasileiros lamentam o fato de não sermos uma potência esportiva para levar o nome do país ao mais alto lugar do pódio. Criticam-se os esportistas brasileiros por errarem no momento em que não deveriam, sem que, no entanto se faça uma análise sobre as condições que os mesmos têm em termos de infra-estrutura para treinamento e o não menos importante patrocínio que é extremamente complicado quando se trata de esportes individuais. A verdade é que independentemente dos resultados, os atletas brasileiros já são vencedores, pelo simples fato de conquistarem a vaga olímpica num país que não valoriza a educação e cujas escolas não têm as condições mínimas para um bom trabalho dos professores de Educação Física, na valorização do esporte como filosofia de vida. Os Estados Unidos da América sempre utilizaram as olimpíadas como parte de seu projeto de país, pois ainda durante a Guerra Fria era importante conquistar mais medalhas que a adversária União Soviética para mostrar ao mundo a superioridade americana e do capitalismo, o mesmo fazia a então União Soviética investindo muito em infra-estrutura para os atletas que eram transformados em heróis nacionais com direito a privilégios não concedidos aos cidadãos comuns. A União Soviética não existe mais e a sua sucessora Rússia não investe tanto quanto na época do socialismo e o resultado é a queda na tabela de classificação. A China, no entanto subiu no ranking, mas trata-se de parte do projeto de país, pois os chineses querem galgar posições entre as grandes nações do mundo e isto vale para o esporte como para a ciência. Li muitas reportagens de jornalistas que utilizaram a palavra de forma ferina criticando nossos atletas, devemos nos lembrar que são humanos, portanto, sujeitos a erros! Num país em que as chances de medalhas são contadas nos dedos a cobrança em cima das esperanças de medalhas torna-se quase desumana! Somos também um país que tem o péssimo hábito de só valorizar o primeiro lugar, a medalha de ouro! É assim também no futebol, melhor ficar no meio da tabela de classificação do que ser vice-campeão! Se o Brasil pretende sediar a olimpíada de 2016, já deveria estar em curso uma revolução na educação, com a implantação de escolas em período integral objetivando a melhoria da qualidade do ensino e dando suporte para um melhor trabalho relacionado ao esporte a partir da própria escola, incentivando e descobrindo talentos. Acredito que o país anfitrião precisa fazer bonito, não apenas na infra-estrutura dos jogos, cerimonial, etc., mas também com resultados. Corre-se o risco de em conquistando o direito de sediar as referidas olimpíadas os atletas brasileiros continuarem esquecidos para serem depois cobrados por seus resultados pífios. Quanto aos esportes de grupo, mais populares, chama à atenção a humildade, a união e a perseverança das equipes de voleibol e isto é o que parece faltar na seleção masculina de futebol, apontada como eterna favorita ao ouro, não que ache o bronze desimportante. Admiro os nossos “hermanos” argentinos, cujo maior orgulho é vestir a camisa da seleção argentina e vejo com muita tristeza atletas brasileiros alegando o cansaço e pedindo para não serem convocados. Bernardo Rocha de Rezende escreveu o livro “Transformando o suor em ouro”, do qual li apenas alguns comentários em que a tônica é a necessidade do trabalho exaustivo, repetitivo, na busca da perfeição. Se pretendermos um lugar entre as grandes nações do mundo, precisamos desenvolver um projeto de país, cujos gastos com educação sejam contabilizados como investimentos e na esteira destes surgirão os cientistas e os esportistas para levar o país ao lugar que merece: o de protagonista e não de mero figurante!
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