José de Alencar (1829-1877)
foi um romancista, dramaturgo, jornalista, advogado e político brasileiro. José
Martiniano de Alencar Júnior (seu nome de batismo) nasceu em Mecejana no Ceará
a 1º de maio de 1829. Filho de José Martiniano de Alencar (Senador do Império)
e de Ana Josefina. Em 1838, a família mudou-se para o Rio de Janeiro (então
capital do país). Na capital presenciava os encontros políticos de seu pai com
importantes autoridades nacionais. Ingressou no curso de Direito da Faculdade de
Direito do Largo de São Francisco, porém, concluiu o curso pela Faculdade de
Direito de Olinda em 1851. Leitor ávido dos maiores expoentes da literatura
nacional e estrangeira resolveu que seria escritor de romances, no entanto,
suas primeiras iniciativas na área ficaram inacabadas e, outras somente foram
publicadas após sua morte. Ainda em 1851, retorna ao Rio de Janeiro para
exercer a advocacia.
Em 1854, ingressa no Correio Mercantil onde escreve uma
coluna sobre os acontecimentos sociais, as estreias de peças teatrais, os novos
livros e as questões políticas. Em 1855, torna-se gerente e redator-chefe do
Diário do Rio. Nesse período, inicia a publicação de suas primeiras obras,
inicialmente no formato de folhetim. Em 1858, abandona o jornalismo para ser
chefe da Secretaria do Ministério da Justiça, chegando a Consultor com o título
de Conselheiro, ao mesmo tempo em que lecionava Direito Mercantil. Em 1860, com
a morte do pai, se candidatou por meio do Partido Conservador a deputado pelo
Ceará, sendo reeleito em quatro legislaturas. Em 1870, foi eleito Senador pelo
Ceará, mas, foi preterido na escolha por suas desavenças com o Ministro da
Marinha. Voltou e permaneceu na Câmara até 1877, porém, rompido com o Partido
Conservador. Mesmo no auge da carreira política, José de Alencar não abandonou
a literatura. Em 1864, casou-se com Georgina, com quem teve quatro filhos. Suas
obras eram atacadas por jornalistas e críticos que faziam campanha sistemática
contra o romancista, motivadas, em parte, por sua atuação como político.
Sua obra é marcada por registrar as tradições, a
história, a vida rural e urbana do Brasil. O escritor deixou como legado,
livros que são classificados em diferentes gêneros (romances indianistas,
históricos, regionalistas e urbanos). São suas, as principais obras indianistas
da literatura nacional a saber: "O Guarani", "Iracema" e
"Ubirajara". Dentre os livros com protagonista do sexo feminino,
alcançou grande sucesso a obra "Senhora". Outras obras do autor são:
Cinco Minutos, romance, 1856; Cartas Sobre a Confederação dos Tamoios, crítica,
1856; O Guarani, romance, 1857; Verso e
Reverso, teatro, 1857; A Viuvinha, romance, 1860; Lucíola, romance, 1862; As
Minas de Prata, romance, 1862-1864-1865; Diva, romance, 1864; Iracema, romance,
1865; Cartas de Erasmo, crítica, 1865; O Juízo de Deus, crítica, 1867; O
Gaúcho, romance, 1870; A Pata da Gazela, romance, 1870; O Tronco do Ipê,
romance, 1871; Sonhos d'Ouro, romance, 1872; Til, romance, 1872; Alfarrábios,
romance, 1873; A Guerra dos Mascate, romance, 1873-1874; Ao Correr da Pena,
crônica, 1874; Senhora, romance, 1875; O Sertanejo, romance, 1875. (Fonte:
https://www.ebiografia.com/jose_alencar/ - acesso em 26 de dezembro de 2020)
Este escriba tomou conhecimento da obra "Encarnação"
de José de Alencar por conta da polêmica existente entre as obras "A
Sucessora" de Carolina Nabuco e "Rebecca, a mulher inesquecível"
de Daphne du Maurier. As três obras guardam semelhanças entre si, sendo que a
autora inglesa foi considerada suspeita de plágio do livro de Carolina Nabuco.
Li os três livros neste ano e, tive a impressão que ao se fazer uma adaptação
(junção) dos livros de Carolina Nabuco e de José de Alencar, o resultado não é
outro que o livro de Daphne du Maurier. No entanto, como já disse em artigo anterior
sobre o livro "Rebecca, a mulher inesquecível" não entro na polêmica
de afirmar que houve ou não o plágio. Na obra "Encarnação" a trama se
desenvolve em torno de três personagens principais: Hermano, que por muito
tempo foi solteiro, enfim, casa-se com Juliete com quem tem uma relação
intensa, sendo que para este, Juliete é uma espécie de alma gêmea, vê nela uma
beleza, uma perfeição, não vista por outras pessoas. Amália, então uma menina,
na condição de vizinha e voyeur observa diariamente o casal apaixonado com um olhar
especial para Hermano, a quem aprecia a beleza. Amália passa uma temporada
fora, ao voltar à Corte, o pai volta a fazer recepções na casa da família. Neste ínterim, Juliete falecera por conta de
um aborto espontâneo. Hermano (agora é tido como louco) se fechou em sua casa
com as lembranças de Juliete (tudo fora conservado tal como ela deixara).
Amália crescera e se tornara uma moça muito linda e retorna ao voyeurismo, não
mais por Hermano, mas, pela curiosidade em vê-lo sofrer por alguém que há muito
se foi. A jovem desdenha de paixões, do amor e, apesar de seus vários
pretendentes, recusa-se a casar e, nisso deixa seus pais preocupados. Estes
desejam encaminhar a vida da filha única e, consideram vital conseguir um bom
marido para que esta tenha seu futuro e felicidade garantidos. Amália acaba se
apaixonando pelo viúvo que, também dela se aproxima ao ouvi-la tocar no piano uma canção que também Juliete executava. O
casal se apaixona, porém, entre eles há Juliete, cuja existência física deixara
este plano, mas, não a mente de Hermano (que se recusa a cometer adultério).
Paro por aqui, para não dar spoiler! Fica a dica!
Sugestão
de boa leitura:
Título:
Encarnação.
Autor:
José de Alencar.
Editora:
Estronho, 2020, 127 p.
Preço:
R$ 2,90 (e-book) - R$ 41,32 (físico).