Savannah, a filha caçula
(14 anos) reagiu mal ao comunicado. Ela adorava o conforto de sua vida
numa família da classe média canadense e, para o desespero dela, a viagem
duraria um ano (prolongou-se por quatro anos) e, com isso perderia o convívio
com suas amigas e colegas de escola e, também o contato com o garoto que estava
paquerando. A adolescente fracassou em demover a mãe da "ideia
maluca" e para seu desespero, era a única a pensar assim. Alegou o
prejuízo da perda do ano escolar, mas, a mãe tentou lhe convencer que ela era
jovem, retomaria os estudos depois e, que a viagem lhe traria grande
enriquecimento cultural. Maggie vendeu seus pertences e doou os pets da
família, inclusive o cãozinho de Savannah, apesar de seus protestos. Iam viajar
como mochileiros, uma forma barata de viajar, porém, abdicando do conforto que a
adolescente prezava tanto.
Savannah não aceitou ter sua formação escolar atrasada em
um ano e, aderiu a um plano de Ensino à Distância, mas, ao longo da viagem,
seja pela falta de tempo e/ou de Internet razoável, não conseguiu fazer os
trabalhos exigidos e, para aliviar o peso de sua mochila, jogou seus materiais
escolares na lixeira. Também suas amigas a desapontaram, pois, não lhe enviavam
e-mails regularmente como pensou que fariam e tristemente constatou que em seu
país, mesmo sem ela, a vida seguia seu ritmo normal. A viagem de roteiro planejado,
porém, não engessado, permitia alterações e improvisações, dessa forma, surpresas
e decepções quanto a lugares e hospedagens ocorriam frequentemente. Savannah
que não apreciava a leitura se revoltou quando descobriu que sua pesada mochila
tinha vários livros colocados por sua mãe para a leitura da família. Com o
tempo e alguma relutância começou a gostar de ler e apaixonou-se pelo romance
"E o vento levou" e por "Rhett Buttler".
Savannah fez juntamente com a família uma imersão na
cultura dos países visitados, conhecendo sua geografia e história e se viu
obrigada a utilizar banheiros públicos imundos e a fazer refeições com pratos
esquisitos e sem as condições de higiene que considerava adequadas. As mulheres
da família trocavam camisetas entre si para ter mais opções de vestuário (cada
uma levava apenas três). Durante a viagem, Savannah foi amadurecendo e, ao ver
pessoas humildes e felizes com tão pouco, começa a se questionar sobre porque
precisamos de tanto para sermos felizes. A família passa por situações
perigosas, ora perdidos e quase sem combustível no deserto, ora com a pane do
veículo no meio do nada. A autora, hoje aos 30 anos (casada e mãe), reside na
Holanda e trabalha como escritora, influenciadora digital e administradora de
acomodações para o Airbnb. Viajante experiente (visitou mais de 110 países), planeja
conhecer todos os países do mundo. A adolescente preconceituosa quanto a outras
culturas (e países pobres), tornou-se uma mulher com mente aberta para o mundo
e suas culturas. A autora tem um blog intitulado "sihpromatum",
palavra chinesa que significa "benção que inicialmente parecia uma maldição"
e que traduz a experiência pela qual passou. Fica a dica do blog e do livro.
Sugestão de boa leitura:
Título: De
mochila na china.
Autor:
Savannah Grace.
Editora:
Duna Dueto, 2018, 443 p.
Preço:
R$36,60.
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