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sábado, 31 de outubro de 2020

O Prêmio Nobel, o Brasil e os brasileiros

                 Alfred Nobel (1833-1896) foi um químico, engenheiro civil e inventor sueco que fez grande fortuna com a invenção da dinamite. Nobel, muito dedicado aos estudos e às pesquisas científicas registrou várias patentes e acabou não tendo tempo para a vida pessoal, dessa forma, não constituiu família. Tinha na escritora, pacifista e compositora Bertha Kinsky (1843-1914) integrante da nobreza do Império Austro-Húngaro sua grande amiga. Bertha com seus ideais pacifistas exerceu grande influência sobre Alfred Nobel. O inventor sueco ao falecer deixou grande parte de sua fortuna para que se criasse uma fundação cujos recursos deveriam ser utilizados para premiar anualmente pessoas (vivas) de qualquer nacionalidade que se destacassem no desenvolvimento de avanços que trouxessem grandes benefícios para a humanidade.

            A "The Nobel Foundation" foi criada em 1901, ano em que começaram a ser concedidos os prêmios nas categorias de Química, Física, Literatura, Medicina e Paz. Algum tempo depois foi incluído o prêmio de Economia, porém, os recursos financeiros para este último prêmio são oriundos de um banco sueco. Cada categoria tem seu comitê próprio que avalia as indicações de professores, cientistas e acadêmicos de todo o mundo. A Academia Real de Ciências da Suécia é responsável pelos prêmios de física, química e economia. O prêmio de literatura fica sob a avaliação da Academia Sueca de Letras. O Instituto Médico-Cirúrgico de Karolinska (Solna - Suécia) é responsável pelo prêmio de medicina. O prêmio Nobel da Paz (a pedido de Alfred Nobel em testamento) é escolhido pelo Parlamento Norueguês. Nobel pretendia solidificar os frágeis laços de amizade entre a Suécia e a vizinha Noruega. Os vencedores do prêmio são anunciados em outubro de cada ano e, na data de 10 de dezembro (aniversário de Alfred Nobel) ocorre a cerimônia de entrega do prêmio que inclui uma medalha maciça de ouro com a efígie do inventor, um diploma Nobel e cerca de 1,3 milhões de dólares estadunidenses. O prêmio confere ao seu ganhador reconhecimento internacional. O prêmio pode ser concedido a no máximo três pessoas no caso de um trabalho conjunto.

            O Brasil já teve vários candidatos ao prêmio Nobel em diferentes categorias, apenas, para citar alguns: Jorge Amado, Carlos Drummond de Andrade e Érico Veríssimo (1905-1975) na literatura. Na Medicina: Carlos Chagas, Vital Brasil, Osvaldo Cruz, Euryclides de Jesus Zerbini e Ivo Pitanguy. Oswaldo Aranha, Josué de Castro, Dom Paulo Evaristo Arns, Herbert José de Souza "Betinho", D. Helder Câmara. O prêmio Nobel é uma honraria jamais conquistada por um brasileiro. A nossa vizinha Argentina já recebeu cinco, o México 3, o Chile, a Colômbia e a Guatemala 2 cada e a Venezuela 1. Há países diminutos pelo mundo que já foram agraciados com o prêmio. É verdade que países que investem mais em pesquisa científica receberam mais premiações nas categorias de física, química e medicina, mas, há exceções. Espanta nunca termos vencido nas categorias de literatura ou da paz sendo que tivemos tantos nomes formidáveis por suas ações e obras.

            O brasileiro Ozíres Silva, ex-ministro de Estado, fundador da Embraer, ex-presidente da Petrobras e da extinta Varig em uma cerimônia em Estocolmo (Suécia) fez a membros do Comitê do prêmio Nobel a pergunta que todo brasileiro bem formado e informado gostaria: Por que o Brasil nunca ganhou um prêmio Nobel? Após hesitar, um dos membros respondeu: "vocês brasileiros são destruidores de heróis. Todos os candidatos brasileiros que apareceram (contrariamente a outros países, em particular, os Estados Unidos da América) todo mundo joga pedra do Brasil. Não tem apoio da população. Parece que o brasileiro desconfia do outro ou tem ciúmes do outro, sei lá o que acontece". Faz sentido, lembro de ter lido que a Fundação Nobel deseja que o prêmio concedido à alguém seja extensivo ao povo de seu país e que a acirrada polaridade aqui existente atrapalha muito a escolha de alguém daqui.Lembro que o sociólogo Betinho que criou a "Ação Cidadania contra a fome e a miséria" era criticado por sua ligação com o Partido dos Trabalhadores. D. Paulo Evaristo Arns era criticado pela direita por se opor fortemente à ditadura militar (1964-1985) e por seu papel determinante no esclarecimento dos crimes perpetrados pelos militares. Quanto a D. Helder Câmara pode-se sintetizar em sua célebre frase: "Se dou pão aos pobres. todos me chamam de santo. Se mostro por que os pobres não tem pão, me chamam de comunista e subversivo".

            O país está rachado e não é por culpa de Lula e/ou Bolsonaro. O que temos aqui é a própria luta (tensão) de classes que existia antes deles e continuará existindo depois. A polaridade existente não é fruto da idolatria, mas, oriunda das raízes colonizatórias. Afinal, esse país foi construído com as marcas do saque, do estupro, da escravidão, da grilagem de terras, da tortura e dos privilégios imorais. A riqueza (recursos naturais) é finita, grande é a miséria e a fome e, infinita a ganância e a ignorância das nossas elites. Enquanto houver essa extrema desigualdade social haverá gritos, se não os dos poderosos ao infligir a violência (nas suas múltiplas formas), os dos excluídos que passam fome e/ou que clamam por justiça. O Nobel fica para depois! 


 

            

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