Em abril deste ano (2020)
publiquei neste espaço, a resenha sobre o livro "A sucessora" de
Carolina Nabuco (1890-1981) na qual assumi minha ignorância a respeito da obra
da autora, a quem somente sabia, ser a filha do importante político, diplomata,
historiador e jurista Joaquim Nabuco (1849-1910). Gostei muito do livro de
Carolina e afirmei que iria comprar e ler o livro "Rebecca, a mulher
inesquecível" de Daphne Du Maurier (1907-1989) que muitos críticos
literários afirmam ser um plágio da obra de Carolina Nabuco. O livro de
Carolina foi lançado em 1934 e, o livro de Daphne foi publicado em 1938. As
autoras tinham em comum, o mesmo editor na Inglaterra, o qual havia recebido o
original de Carolina. Carolina no programa "Fantástico" da TV Globo,
disse que ficou muito chateada e, que foi procurada por advogados
estadunidenses para assinar um documento atestando que tudo era mera
coincidência, em troca de uma compensação financeira. Ela se recusou por
colocar a dignidade acima de tudo, porém, jamais processou a escritora inglesa
ou, ainda, os produtores do filme "Rebecca" baseado no livro de
Daphne Du Maurier. A escritora inglesa, por sua vez, sempre negou o plágio.
Motivado pela curiosidade em averiguar as semelhanças
entre as obras e ter uma opinião própria, adquiri o livro no formato digital,
pois, não queria gastar mais por um livro que talvez fosse fruto de plágio,
porém, errei, vale muito a pena ter a
obra em formato físico. O livro é excelente e, sim, há muitas semelhanças entre
as duas obras. Não há como lê-la e não a comparar e lembrar de fatos e
personagens semelhantes do livro de Carolina Nabuco, mas, nem por isso, a trama
é igual a ponto de se pensar que ao ler um livro dispensa a leitura do outro. A
impressão que dá é que o "esqueleto" ou fio condutor da obra de
Carolina é revestida de nova roupagem por Du Maurier. Não vou ficar no campo da
especulação acerca dessa polêmica, pois, se é perfeitamente possível que a
escritora inglesa tenha lido a obra de Carolina e colocado novos ingredientes e
temperos na receita, isso é algo que jamais saberemos, pois, ela já faleceu e,
com os elementos que temos, não é possível ter certeza absoluta que houve ou
que não houve o plágio.
Na trama de Rebecca, a protagonista e narradora é a
segunda esposa do rico Sr. Max De Winter, um viúvo próximo da meia idade que se
casa com uma moça pobre, muito jovem e tímida. À segunda senhora De Winter não
é atribuído nome, talvez propositalmente, pois, a falecida parece eclipsar a
sucessora em beleza, finesse, etiqueta, talentos artísticos, cultura e
espontaneidade. A segunda senhora De Winter, apesar de ser também bonita,
sentia-se inferiorizada perante a falecida e da qual lembranças estavam
presente nos objetos por ela deixados (cartas, roupas, vasos, quadros, etc.) e
nos arranjos da decoração da gigantesca e luxuosa Mansão Manderley, propriedade
de seu marido. A área exterior da casa é muito linda e aprazível, mas, a
mansão, apesar de sua beleza centenária (propriedade da família há gerações) a oprime
e angustia. Na propriedade há muitos funcionários que adoravam a falecida
patroa, a qual sempre tinha instruções e ordens para estes. Entre os
funcionários há a governanta Senhora Danvers que adorava a falecida senhora
como se fosse sua própria filha (ela não se conforma com o novo casamento de
seu senhor com apenas dez meses de
viuvez) e antipatiza com a sucessora, na qual não reconhece valor algum, além
da juventude. A segunda senhora De Winter
titubeia ante os funcionários, pois, não sabe se portar no novo papel.
De origem humilde, ela estava pisando num terreno que lhe era estranho, não via
razão para tanto luxo e desperdícios e, julgava que não havia nada a melhorar,
de forma inversa fazia a antecessora.
Durante toda a obra, há um clima de mistério (algo que
parece afastar o casal) cuja narrativa é contada pela protagonista (na
maturidade) que lembra de momentos felizes e de situações que seria melhor
esquecer. Não subestime a obra. Lembre-se que foi adaptada para a telona por
ninguém menos que Alfred Hitchcock (1899-1980), o "Rei dos filmes de
suspense". A história prende, principalmente quando o mistério começa a se
revelar. Fica a dica! De minha parte, vou maratonar o filme de Hitchcock e o
remake da Netflix!
Sugestão de boa leitura:
Título:
Rebecca, a mulher inesquecível.
Autor:
Daphne Du Maurier.
Editora: Amarilys
Editora, 2012, 448 p.
Preço: R$33,90.
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