Florestan
Fernandes (1920-1995) foi um sociólogo e político brasileiro que ao longo de
sua carreira publicou mais de 50 livros e centenas de artigos científicos, os
quais são fontes de pesquisa para estudantes e professores das ciências sociais
do Brasil e da América Latina. Tendo sua formação (graduação, mestrado e
doutorado) realizada na Universidade de São Paulo (USP), nela começou a
lecionar até o momento em que foi aposentado compulsoriamente pela ditadura
militar. Com as portas fechadas das universidades brasileiras aos seus
ensinamentos, foi lecionar na Universidade de Toronto (Canadá) e Yale (Estados
Unidos da América). Em 1978, com o processo “lento e seguro” de reabertura
democrática, começa a lecionar na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(PUC/SP). Suas obras são marcadas pelo rigor analítico e crítico e constituem
um grande legado para as ciências sociais. Sua obra mais famosa é “A revolução
burguesa no Brasil” que constitui um marco no estudo do desenvolvimento
capitalista brasileiro e do papel da burguesia nacional.
Não
tenho a pretensão de analisar em minúcias a obra “Reflexões sobre a construção
de um instrumento político” que aqui resenho, a qual se trata de um pequeno
livro, porém de uma escrita muito densa de significados, pois, o artigo se
tornaria gigantesco. Na obra, Florestan afirma que a condenação ao marxismo é
extemporânea, que não há um fim da história como alguns pretendem, mas, de
situações dadas que podem ser alteradas pelo curso da história, pois, esta é
movimento. Critica também a imposição do pensamento de que só há democracia no
capitalismo, pois, não se pode pensar em verdadeiro socialismo que não seja
democrático e, reitera que no capitalismo, a democracia inexiste de forma
plena, dada a grande desigualdade social e a falta de voz dos excluídos,
principalmente em países da periferia do sistema capitalista que continuam
(apesar da independência) colônias das metrópoles. Critica também a burguesia
nacional, a qual em seu ver não tem um projeto de nação para o país, pois, a
ela não interessa o desenvolvimento nacional soberano tendo em vista que prefere
se associar (na qualidade de sócio menor) aos interesses do grande capital
externo para a rapinagem das riquezas do país.
Afirma
que as metrópoles só temem o socialismo e o comunismo e critica a opção de
muitos integrantes da esquerda pela cômoda opção social-democrata, que em seu
ver é um arranjo que suaviza, mas, não resolve as contradições do capitalismo.
O autor reitera que enquanto a esquerda não consegue superar suas divergências
em favor de uma união (em torno de pontos programáticos convergentes) para
disputar o poder, a direita quando se sente ameaçada lança mão de
contra-revoluções, inclusive muitas vezes exige golpes à democracia junto às
forças militares, pois, à burguesia nacional e internacional interessa é a
manutenção das altas taxas de lucros sejam eles vindos da especulação
financeira, da exploração dos recursos naturais finitos ou da mais-valia extraída
da classe trabalhadora. Embora a burguesia prefira uma democracia de fachada,
não tem pudores em estimular e apoiar um regime de exceção para nele se abrigar.
O autor não vê solução para os problemas do desenvolvimento capitalista
dependente (colonizado) de nosso país que não seja a superação deste pela
implantação do socialismo e, considera ser necessário o desenraizamento burguês
da classe trabalhadora que se encontra alienada e manipulada pela burguesia,
pois, sem que a classe trabalhadora tenha consciência social e socialista, não
há reforma social e nem revolução. Enfim, estes são apenas alguns pontos que
considerei importante trazer ao conhecimento do leitor, mas, a obra não se
resume a isto, fica a dica.
Sugestão de boa leitura:
Título:
Reflexões sobre a construção de um instrumento político.
Autor:
Florestan Fernandes.
Editora:
Expressão Popular, 2019, 102 p.
Preço:
R$17,00.
Bom dia Osnélio tudo bem? Sou carioca e procuro novos seguidores para o meu blog. E seguirei o seu com prazer. Novos amigos também são bem vindos, não importa a distância.
ResponderExcluirEspero um dia conhecer o Estado do Paraná.
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