A frase que dá título a esse artigo é do escritor
Monteiro Lobato (1882-1948). Esta frase é para as pessoas esclarecidas,
incontestável. Um país que busca ter um lugar de destaque no concerto das
nações precisa ter na qualidade instrucional e cultural de seus cidadãos, sua
maior riqueza, afinal, qual é a nação do mundo totalmente dependente de seus
recursos naturais e que faz parte do grupo de países centrais? Nenhuma! Todas
as nações protagonistas do capitalismo global investiram pesado no conhecimento,
pois, embora algumas sejam ricas em recursos naturais e isso certamente é
importante, porém, constituem um plus valor. Além disso, desenvolver o
conhecimento possibilita industrializar matérias-primas e agregar mais-valor às
exportações. As nações hegemônicas do capitalismo global têm no domínio do
conhecimento científico, na formação de uma mão de obra altamente especializada
em centros universitários e pólos científicos e tecnológicos, seus maiores
trunfos.
Não há como alcançar o nível de desenvolvimento
socioeconômico, científico e tecnológico dos países desenvolvidos sem investir
em educação, ciência e tecnologia. É necessário mudar esse paradigma de que
investir nessas áreas constituem despesas, pois, se tratam de investimentos a
longo prazo, sendo que a política do imediatismo nunca colheu bons resultados
em lugar nenhum do mundo. É necessário pensar e agir hoje para construir o país
que se quer amanhã. As boas políticas desenvolvimentistas são aquelas que
sobrevivem à mudança de governantes, pois, constituem políticas de Estado e não
como disse, políticas de governos, que mudam conforme a alternância das
bandeiras partidárias no poder. Nosso país se encontra no top 10 das nações
mais injustas no quesito socioeconômico. Ocorre que quando comparamos as nações
que nos acompanham nesse ranking vergonhoso, pensamos: o que estamos fazendo
aqui? O Brasil, pelo tamanho de seu território, PIB e recursos naturais não
deveria estar nessa vergonhosa posição. Também não se pode pensar que ali
estamos por obra do acaso, trata-se de um projeto. As políticas governamentais,
salvo raros hiatos, jamais enfrentaram com seriedade a desigualdade social.
Poucos governantes efetivamente desenvolveram políticas progressistas e
desenvolvimentistas na história nacional.
Nesse momento encontra-se no Congresso Nacional para
discussão um novo projeto de tributo. Trata-se da Contribuição sobre Bens e Serviços
(CBS). Muito já escrevi nesse espaço sobre a injusta forma como ocorre a
tributação no país. A tributação é regressiva, atinge mais fortemente as
classes baixa e média e, com menos intensidade em termos percentuais, a elite
do capital. o sistema tributário brasileiro baseia-se no consumo, o que
percentualmente afeta e reduz o poder aquisitivo da parcela menos favorecida da
população, sendo que na outra ponta, o país é um paraíso para os milionários e
bilionários. Se duvida disso estude a tributação que incide sobre heranças,
lucros e dividendos das grandes nações capitalistas do planeta e compare. A CBS
vai incidir também sobre livros, jornais e periódicos e, obviamente o custo
será repassado ao consumidor, isso num país cuja população culturalmente lê pouco
e cujo baixo poder aquisitivo da população sempre constituiu um obstáculo. Como
a tributação vai incidir várias vezes sobre a cadeia de produção de livros
ninguém sabe ao certo qual será o percentual final da majoração dos preços.
Confrontado sobre essa questão, Paulo Guedes (Ministro da Economia) justificou
a tributação afirmando que livros são produtos de luxo, adquiridos por pessoas
privilegiadas. Esquece o ministro que iates, helicópteros e aviões são produtos
adquiridos por pessoas privilegiadas e são isentos de tributos que recaem sobre
setores menos afortunados e também que a majoração dos preços não contribui
para que a população brasileira leia mais e, ainda evidencia a falta de projeto
de país. Falar de distribuir livros gratuitamente às classes populares é mera
falácia, como bem sabemos, a distribuição jamais teria a escala necessária
devido ao alto valor que anularia os ganhos do referido imposto com o mercado
editorial que se encontra combalido, com editoras e livrarias fechando. Livro é
tão importante que deveria fazer parte da cesta básica. Mas, num país cujos
governantes via de regra preferem conduzí-lo à sombra das grandes nações,
buscar um lugar ao sol é uma heresia. Aliás, tributar livros (encarecendo-os) é
a forma moderna de queimá-los!
Bom dia! Seu blog já está incluído na minha lista de blogs favoritos! Parabéns por seu belo trabalho a frente deste!
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