Salvador
Dalí teve sua obra reconhecida enquanto era vivo, dessa forma também ocorreu
com o literato Machado de Assis (1839 -1908). Machado é considerado o maior
nome da literatura brasileira. Coube a ele a fundação da Academia Brasileira de
Letras (na qual ocupou a cadeira nº 23) e da qual foi seu primeiro presidente. Machado
de Assis, neto de escravos, era gago e epilético. Pobre, pouco frequentou a
escola regular. Autodidata, fez sua própria instrução para a qual contribuiu
seu grande apego à literatura. Trabalhou na tipografia de jornais, nos quais
escreveu seus primeiros artigos. Casou-se com Carolina Augusta Xavier de Novais
que o resgatou da má-fama quanto à vida que levava. Sua esposa o apresentou à
literatura portuguesa e inglesa. Trabalhou no serviço público, aliás, esta é
uma situação comum para parte dos escritores brasileiros, afinal, conseguir
manter-se por meio de sua obra sempre foi coisa para poucos afortunados, dentre
estes, o escritor gaúcho Érico Veríssimo (1905-1975).
Sua
obra inicialmente romântica teve uma guinada e trouxe para o país o gênero do
realismo exatamente com o livro “Memórias póstumas de Brás Cubas” publicado em
1881. Nele, Machado introduz o narrador, o defunto-autor Brás Cubas que conta a
história de sua vida. Brás Cubas nasceu numa família que fez fortuna fabricando
cubas (tachos), mas, que ansiava por ter reconhecimento social e frequentar a
Corte. Brás Cubas, quando criança subia nas costas do escravo Prudêncio e batia
nele sem dó. Mimado, sempre teve tudo o que quis. Na juventude, namorou a bela Marcela
(uma prostituta de luxo) por quinze meses os quais lhe custaram onze contos de
réis, apesar disso, vaidoso, afirmava que Marcela o amava. Para conseguir o
dinheiro para dar os presentes exigidos por Marcela subtraía do pai sem que
este soubesse. Ao descobrir isso, o pai mandou-o estudar em Coimbra (Portugal).
Seu grande amor foi Vergília, a mulher com quem pretendia se casar, mas, que
perdeu para Lobo Neves que se fez deputado na vaga que planejava ser sua. Mais
tarde tornou-se amante de Vergília, mas, sem desejar fazê-la sua esposa. Devido
os privilégios que o nome e a herança lhe proporcionou tornou-se deputado, mas,
sua passagem pela Câmara foi breve devido sua inaptidão para o cargo. Jamais se
casou. Sua irmã Sabina tentou arranjar-lhe um casamento, pois, pensava ficar
feio perante a sociedade, seu irmão já quarentão não haver ainda se casado,
porém, a pretendente morreu de febre amarela quando a data do casamento se
aproximava. A morte da namorada trouxe-lhe certo alívio. Rico, viveu uma vida
vazia, nunca trabalhou. Vaidoso, achava-se irresistivelmente lindo. Pensava
ganhar notoriedade e muito dinheiro, não conseguiu. Somente onze pessoas
compareceram ao seu velório. Dentre seus amigos houve quem afirmasse ter sido
pela chuva, afinal tantos foram convidados. No velório foi saudado por um amigo
como tendo sido um grande homem com uma vida exemplar. Ao final, faz o balanço
de sua vida.
Trata-se de uma crítica mordaz à sociedade do período composto
entre o reino unido a Portugal e o período imperial seguinte.
Sugestão
de boa leitura:
Memórias póstumas de Brás
Cubas – Machado de Assis.
Preços: R$ 10,00 (edição de
bolso) - R$ 37,90 (capa comum).
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