Graciliano Ramos de Oliveira
é um dos
maiores nomes da literatura nacional. Destacou-se como romancista, cronista,
jornalista, político, memorialista e militante comunista. Graciliano, nascido
em 27 de outubro de 1892 na cidade alagoana de Quebrangulo era o primeiro de
uma família de dezesseis irmãos numa típica família de classe média nordestina.
Casou-se em 1915 com Maria Augusta de Barros que morreu cinco anos depois lhe
deixando quatro filhos. Em 1927 elegeu-se prefeito de Palmeira dos Índios,
porém, renunciou ao cargo dois anos depois. Em 1933, já morando em Maceió
publicou Caetés, seu primeiro livro. No ano seguinte, publicou São Bernardo.
Quando se preparava para publicar seu terceiro livro, foi preso após a
Intentona Comunista de 1935 na ditadura Vargas. Em 1936 lança angústia,
considerada por muitos críticos sua melhor obra. Porém, é por meio do livro “Vidas
Secas” publicado em 1938 com o qual se consagrou que é muitas vezes lembrado. Penso
que é uma extrema injustiça, pois sua obra é vasta e recebeu inúmeros prêmios.
Graciliano que foi militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) comandado
por Luis Carlos Prestes, e que durante a prisão (sem processo e sem provas) por
tal fato escreveu suas memórias, publicadas post
mortem na forma do livro “Memórias do Cárcere” (1953) morreu vítima de
câncer de pulmão em 20 de março de 1953 na cidade do Rio de Janeiro. (Fonte:
Wikipédia)
A
obra Vidas Secas conta com treze capítulos que embora possam ser lidos de forma
aleatória, não é o melhor a se fazer, pois, há certa linearidade entre
eles. A obra retrata a história de
retirantes da seca no sertão nordestino migrando na esperança de dias melhores.
Os seis integrantes da família são Fabiano (o pai), Sinhá Vitória (a mãe), o
filho mais velho e o filho mais novo (os filhos não possuem nomes na obra), o
papagaio e a cachorra baleia. A narrativa coloca os animais como integrantes da
família e descreve algumas vezes os pensamentos da cachorra baleia. A família
percorre dias sempre fugindo da seca e carregando os poucos pertences que na
vida conseguiu juntar. As dificuldades da travessia pelo semi-árido impõem a
necessidade de sacrificar o papagaio para ter algum alimento para a família. O que
causa profunda tristeza nos meninos. O pai tenta consolá-los afirmando que “o
papagaio nem sequer sabia falar”. Uma ironia refinada de Graciliano, pois, na
família todos são analfabetos e que possuem extrema dificuldade de utilizar as
palavras para se expressar mesmo oralmente. Certo dia, a seca termina e a
família encontra uma casa abandonada numa fazenda e se estabelece com grande
esperança de que enfim, os dias de sofrimento acabaram. Alguns dias se passam e
aparece o dono, mas, Fabiano faz um acordo e passa a trabalhar para o
fazendeiro. Sinhá Vitória tem como maior sonho ter uma cama de verdade. Fabiano
trabalha muito, mas, o produto do suor do seu trabalho sempre fica quase
integralmente para o fazendeiro.
Quando Fabiano vai à
cidade, sua dificuldade de se expressar oralmente somada à rudeza que lhe é
característica lhe impõe problemas com a polícia, ocasião pela qual é preso.
Quando mais tarde teve oportunidade de se vingar do policial, desiste da ideia,
pois, pensa: “governo é governo”. Os pais sonham poder colocar os meninos na
escola para não terem a triste sina destes, mas, o menino mais novo sonha ser
vaqueiro igual ao pai. Um episódio triste para as pessoas mais sensíveis é o
capítulo do adoecimento e morte da cachorra baleia que apesar do nome era muito
magra e que é sacrificada por Fabiano para o desespero dos meninos. Baleia em
seus momentos finais delira sobre dias melhores e com grande quantidade de
preás gordos. A história começa e termina com a família fugindo da seca.
Trata-se de uma obra cujo título revela sua intencionalidade, a crítica social.
O título Vidas Secas pode ser remetido à tragédia natural da seca, ao descaso
do governo quanto àquela região, à opressão das autoridades (militares -
ditadura) sobre as pessoas comuns, à concentração fundiária que faz com que poucos
tenham muita terra e outros não tenham nenhuma, à exploração dos latifundiários
(coronéis) sobre os trabalhadores rurais e também ao analfabetismo que coloca
pessoas como as que constituem a família de Fabiano num patamar inferior da
sociedade sem ter condições de galgar um lugar onde a vida é perene, pois, para
a família de Fabiano, a vida é tal como a seca (vem em ciclos), a miséria
novamente os alcança sempre quando dela pensavam ter se afastado.
Sugestão de boa leitura:
Vidas Secas – Graciliano Ramos.
Preços: R$ 30,00 (capa comum) – R$ 40,99 (capa
dura).
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