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sexta-feira, 21 de junho de 2019

Vidas Secas




                 Graciliano Ramos de Oliveira é um dos maiores nomes da literatura nacional. Destacou-se como romancista, cronista, jornalista, político, memorialista e militante comunista. Graciliano, nascido em 27 de outubro de 1892 na cidade alagoana de Quebrangulo era o primeiro de uma família de dezesseis irmãos numa típica família de classe média nordestina. Casou-se em 1915 com Maria Augusta de Barros que morreu cinco anos depois lhe deixando quatro filhos. Em 1927 elegeu-se prefeito de Palmeira dos Índios, porém, renunciou ao cargo dois anos depois. Em 1933, já morando em Maceió publicou Caetés, seu primeiro livro. No ano seguinte, publicou São Bernardo. Quando se preparava para publicar seu terceiro livro, foi preso após a Intentona Comunista de 1935 na ditadura Vargas. Em 1936 lança angústia, considerada por muitos críticos sua melhor obra. Porém, é por meio do livro “Vidas Secas” publicado em 1938 com o qual se consagrou que é muitas vezes lembrado. Penso que é uma extrema injustiça, pois sua obra é vasta e recebeu inúmeros prêmios. Graciliano que foi militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) comandado por Luis Carlos Prestes, e que durante a prisão (sem processo e sem provas) por tal fato escreveu suas memórias, publicadas post mortem na forma do livro “Memórias do Cárcere” (1953) morreu vítima de câncer de pulmão em 20 de março de 1953 na cidade do Rio de Janeiro. (Fonte: Wikipédia)
            A obra Vidas Secas conta com treze capítulos que embora possam ser lidos de forma aleatória, não é o melhor a se fazer, pois, há certa linearidade entre eles.  A obra retrata a história de retirantes da seca no sertão nordestino migrando na esperança de dias melhores. Os seis integrantes da família são Fabiano (o pai), Sinhá Vitória (a mãe), o filho mais velho e o filho mais novo (os filhos não possuem nomes na obra), o papagaio e a cachorra baleia. A narrativa coloca os animais como integrantes da família e descreve algumas vezes os pensamentos da cachorra baleia. A família percorre dias sempre fugindo da seca e carregando os poucos pertences que na vida conseguiu juntar. As dificuldades da travessia pelo semi-árido impõem a necessidade de sacrificar o papagaio para ter algum alimento para a família. O que causa profunda tristeza nos meninos. O pai tenta consolá-los afirmando que “o papagaio nem sequer sabia falar”. Uma ironia refinada de Graciliano, pois, na família todos são analfabetos e que possuem extrema dificuldade de utilizar as palavras para se expressar mesmo oralmente. Certo dia, a seca termina e a família encontra uma casa abandonada numa fazenda e se estabelece com grande esperança de que enfim, os dias de sofrimento acabaram. Alguns dias se passam e aparece o dono, mas, Fabiano faz um acordo e passa a trabalhar para o fazendeiro. Sinhá Vitória tem como maior sonho ter uma cama de verdade. Fabiano trabalha muito, mas, o produto do suor do seu trabalho sempre fica quase integralmente para o fazendeiro.
Quando Fabiano vai à cidade, sua dificuldade de se expressar oralmente somada à rudeza que lhe é característica lhe impõe problemas com a polícia, ocasião pela qual é preso. Quando mais tarde teve oportunidade de se vingar do policial, desiste da ideia, pois, pensa: “governo é governo”. Os pais sonham poder colocar os meninos na escola para não terem a triste sina destes, mas, o menino mais novo sonha ser vaqueiro igual ao pai. Um episódio triste para as pessoas mais sensíveis é o capítulo do adoecimento e morte da cachorra baleia que apesar do nome era muito magra e que é sacrificada por Fabiano para o desespero dos meninos. Baleia em seus momentos finais delira sobre dias melhores e com grande quantidade de preás gordos. A história começa e termina com a família fugindo da seca. Trata-se de uma obra cujo título revela sua intencionalidade, a crítica social. O título Vidas Secas pode ser remetido à tragédia natural da seca, ao descaso do governo quanto àquela região, à opressão das autoridades (militares - ditadura) sobre as pessoas comuns, à concentração fundiária que faz com que poucos tenham muita terra e outros não tenham nenhuma, à exploração dos latifundiários (coronéis) sobre os trabalhadores rurais e também ao analfabetismo que coloca pessoas como as que constituem a família de Fabiano num patamar inferior da sociedade sem ter condições de galgar um lugar onde a vida é perene, pois, para a família de Fabiano, a vida é tal como a seca (vem em ciclos), a miséria novamente os alcança sempre quando dela pensavam ter se afastado.

Sugestão de boa leitura:

Vidas Secas – Graciliano Ramos.

Preços: R$ 30,00 (capa comum) – R$ 40,99 (capa dura).


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