O século XIX foi um período de grandes inovações, o trem,
à época, foi talvez, a mais importante, pois possibilitou a ampliação dos
mercados de literatura, de artes gráficas, da música, da informação, do
conhecimento e, também do turismo. É nessa época que surgem agências de turismo
e grupos de viajantes. Esse também foi o momento em que artistas passaram a se
deslocar mais facilmente para outras cidades e países, promovendo seus shows e
exposições. Livros foram então lançados,
publicados e lidos em diferentes países
ao mesmo tempo (piratas ou não). E por isso, iniciou-se a discussão sobre
copyright, que deram origem às leis atuais sobre o tema.
Engana-se o leitor, caso pense que o livro é uma obra
tecnicista, embora, em alguns momentos pormenorize alguns aspectos óbvios. O
livro traz também aspectos íntimos de importantes personalidades históricas da
literatura e da música clássica. Aborda a convivência nem sempre fácil entre
personagens de valores aquilatados por sua cultura e fama, sua genialidade e
gênios nem sempre fáceis de conviver.
O trem é a personagem principal da obra, mas, as
personagens que fazem a amarração dos fatos históricos são o casal francês
formado pelo escritor, tradutor, historiador e crítico de arte Louis Viardot
(1800-1883) e sua esposa, a cantora soprano Pauline Viardot (1821-1910) e, o romancista,
poeta, tradutor, escritor de contos e novelas, dramaturgo e divulgador da
literatura russa na Europa Ocidental, Ivan Turguêniev (1818-1883). Orlando
Figes discorre sobre o surgimento da sociedade cosmopolita europeia por meio
dos trilhos cuja estação de partida e de chegada é sempre o lar (onde for) do "trio ou triângulo" (Casal Viardot e
Turguêniev). Paro aqui, pois já estou dando pistas demais e, fofocas, mesmo que
literárias, não fazem parte do escopo dessa coluna.
Sugestão
de boa leitura:
Título: Os
europeus: O século XIX e o surgimento de uma cultura cosmopolita.
Autor:
Orlando Figes.
Editora:
Record, 2022, 644 p.