É do conhecimento de todos, a
precariedade das condições de trabalho dos professores no Paraná e no Brasil,
sendo esta a causa do adoecimento físico e mental da categoria. Uma colega
professora me disse estar trabalhando no sacrifício, visivelmente abatida,
doente, perguntei-lhe: por que você não consulta? O médico certamente lhe daria
alguns dias de atestado para você se recuperar. Ela afirmou já ter consultado,
mas que recusou a licença médica sugerida pelo médico, pois isto lhe
prejudicaria para pegar aulas no ano seguinte.
Também causou comoção, um professor internado que da cama
do seu quarto no hospital assistia a um curso de formação para professores do
Estado do Paraná, que não aceitava faltas e nem atestado médico como justificativa.
A participação no curso é vital para a atribuição de aulas do ano seguinte.
Estes não são casos isolados, recentemente, duas docentes morreram em escolas,
uma sob cobrança por metas inalcançáveis em plataformas digitais. Autoridades
criticam o uso de atestados médicos, mas ignoram ou fazem vistas grossas para
as causas do adoecimento dos mestres.
As causas do adoecimento dos professores passam por salas
superlotadas (30-40 alunos), o que favorece a indisciplina, problema já
destacado em pesquisas da OCDE (38 países). Professores são culpados pelo baixo
rendimento dos estudantes, mas enfrentam falta de apoio familiar, alunos
desinteressados e infraestrutura escolar inadequada. Governantes exigem metas
praticamente inalcançáveis (como no IDEB) sem fornecer condições de trabalho
adequadas, sobrecarregando os docentes.
A desvalorização salarial é alarmante: o Brasil paga os
menores salários da OCDE para professores, e muitos estados e municípios
descumprem a Lei do Piso do Magistério. Governantes estaduais e municipais pressionam
parlamentares por sua revogação. Esses mesmos governantes concedem para os
cargos de sua nomeação política, remunerações maiores que a dos mestres.
A precarização das condições de trabalho na Educação,
afasta jovens da profissão, ameaçando um "apagão" de docentes em
futuro próximo. A gestão míope das autoridades, mais preocupadas com obras
físicas do que com educação de qualidade, oferta um ensino público esvaziado e
desumanizado, de tipo empresarial, cuja finalidade máxima, para não dizer única
é o ranking (IDEB) com fins de marketing político e, lança sombras sobre o
futuro dos estudantes e da nação.
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