Os intelectuais marxistas
sempre defenderam a ideia de que o avanço tecnológico deveria servir para
proporcionar maior qualidade de vida para a classe trabalhadora. O advento da
máquina deveria possibilitar a redução da jornada de trabalho para meio
período. As pessoas teriam assim, mais tempo para descansar, praticar esportes,
cuidar da saúde, estudar, conviver com a família, com os amigos, contemplar a
natureza, enfim, verdadeiramente viver.
Não nos esqueçamos porém, de que vivemos em um mundo
capitalista. E o maior desafio da humanidade não é saciar a fome de quase um
bilhão de pessoas famintas ou de proporcionar qualidade de vida para cerca de
oito bilhões de pessoas. O grande desafio é como saciar aquilo que, de fato é
insaciável, a ganância dos capitalistas. Esclareço que ao me referir aos
capitalistas, falo daqueles que são possuidores dos meios de produção (bancos,
fazendas, indústrias, redes de lojas do atacado e do varejo) e, não aos
simpatizantes do modelo socioeconômico, grupo também constituído pela pequena
burguesia e proletários (trabalhadores) alienados.
Os capitalistas sempre viram e buscaram no avanço
tecnológico, a redução de custos e a ampliação da acumulação de capital. O
avanço tecnológico reduz a utilização de mão de obra e amplia o exército de reserva
de mão de obra. A mão de obra, no capitalismo, é mercadoria em si, portanto,
sujeita a flutuação de preços (salários) pela lei da oferta e da procura. O
aumento do número de desempregados, via avanço tecnológico, tem servido
historicamente, para reduzir a média salarial dos trabalhadores.
Não se trata de barrar o avanço tecnológico, nem de fazer
caça às bruxas ao conhecimento científico, mas de criticar aquilo que vemos
como desvio ético de finalidade. O avanço do conhecimento científico e
tecnológico deveria servir para a emancipação humana, não para produzir
aberrações nas quais um indivíduo à custa (da exploração da mais-valia) de seus
trabalhadores, amealha grande parte da riqueza mundial, superando nações
inteiras, enquanto a humanidade nem sequer conseguiu garantir o básico para
proporcionar dignidade humana a todas as pessoas. O escritor moçambicano Mia
Couto afirmou "a maior desgraça de um país pobre é que em vez de produzir
riqueza, ele produz ricos". Não é difícil de entender tal pensamento, a
riqueza tal como a tomemos, é finita, porém, a ganância, não.
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