Powered By Blogger

sábado, 3 de maio de 2025

Inteligência Artificial: o ocaso de uma era e o alvorecer de outra - parte 2

 

            Os intelectuais marxistas sempre defenderam a ideia de que o avanço tecnológico deveria servir para proporcionar maior qualidade de vida para a classe trabalhadora. O advento da máquina deveria possibilitar a redução da jornada de trabalho para meio período. As pessoas teriam assim, mais tempo para descansar, praticar esportes, cuidar da saúde, estudar, conviver com a família, com os amigos, contemplar a natureza, enfim, verdadeiramente viver.

            Não nos esqueçamos porém, de que vivemos em um mundo capitalista. E o maior desafio da humanidade não é saciar a fome de quase um bilhão de pessoas famintas ou de proporcionar qualidade de vida para cerca de oito bilhões de pessoas. O grande desafio é como saciar aquilo que, de fato é insaciável, a ganância dos capitalistas. Esclareço que ao me referir aos capitalistas, falo daqueles que são possuidores dos meios de produção (bancos, fazendas, indústrias, redes de lojas do atacado e do varejo) e, não aos simpatizantes do modelo socioeconômico, grupo também constituído pela pequena burguesia e proletários (trabalhadores) alienados.

            Os capitalistas sempre viram e buscaram no avanço tecnológico, a redução de custos e a ampliação da acumulação de capital. O avanço tecnológico reduz a utilização de mão de obra e amplia o exército de reserva de mão de obra. A mão de obra, no capitalismo, é mercadoria em si, portanto, sujeita a flutuação de preços (salários) pela lei da oferta e da procura. O aumento do número de desempregados, via avanço tecnológico, tem servido historicamente, para reduzir a média salarial dos trabalhadores.

            Não se trata de barrar o avanço tecnológico, nem de fazer caça às bruxas ao conhecimento científico, mas de criticar aquilo que vemos como desvio ético de finalidade. O avanço do conhecimento científico e tecnológico deveria servir para a emancipação humana, não para produzir aberrações nas quais um indivíduo à custa (da exploração da mais-valia) de seus trabalhadores, amealha grande parte da riqueza mundial, superando nações inteiras, enquanto a humanidade nem sequer conseguiu garantir o básico para proporcionar dignidade humana a todas as pessoas. O escritor moçambicano Mia Couto afirmou "a maior desgraça de um país pobre é que em vez de produzir riqueza, ele produz ricos". Não é difícil de entender tal pensamento, a riqueza tal como a tomemos, é finita, porém, a ganância, não.

Nenhum comentário:

Postar um comentário