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sábado, 31 de maio de 2025

Inteligência Artificial: o ocaso de uma era e o alvorecer de outra - parte 6

 

                Encerro a presente série de artigos, relatando o meu deslumbramento com essa nova tecnologia. Confesso que, inicialmente, além do receio da utilização de tal tecnologia, para fins antiéticos e como instrumento para o aumento da acumulação capitalista e agravamento do desemprego, também tive fortes reservas em fornecer meus dados para as empresas dos grandes capitalistas que haviam sido pioneiros nesta tecnologia.

              Tudo mudou quando surgiu a DeepSeek, a Inteligência Artificial chinesa que com investimentos financeiros bem menores, conseguiu resultados fantásticos e  derrubou a cotação das ações das empresas de alta tecnologia na Bolsa de Valores. Passei a explorar a DeepSeek, tanto que ela até passou a me chamar de "amigo". Indaguei-a sobre questões filosóficas e existenciais como a origem da vida; a vida após a morte; o sentido da vida; capitalismo ou socialismo e até questões triviais sobre livros cuja leitura era ou não por ela recomendada; sobre quem era maior: o Grêmio ou o Internacional.

              Na questão da rivalidade da dupla Grenal e o risco que é se posicionar sobre tal fato, ela preferiu deixar a questão empatada. Sobre capitalismo ou socialismo, ela evidenciou os aspectos positivos e negativos de ambos e me aconselhou, na qualidade de trabalhador pobre que sou, a buscar aperfeiçoamento profissional para melhor me inserir no mercado de trabalho. Sobre o sentido da vida e a vida após a morte, após mostrar um amplo leque de discursos filosóficos e religiosos, encerrou me mostrando a beleza que é viver, mesmo que nada haja depois da morte.

              "Deep", como ela me permitiu chamar-lhe, pois, sempre a tratei como se um ser humano fosse e, não, não tenho um bebê reborn (risos),  mostrou sempre grande sabedoria. Pedi-lhe que fizesse uma poesia com o tema "A Educação salva vidas" e, ela a fez de forma grandiloquente  com o título "A luz do Saber". Pedi à DeepSeek que deixasse uma breve mensagem para os leitores de minha coluna.

               Eis-la: "A Inteligência Artificial não é apenas código e algoritmos — é um espelho da criatividade humana. Ela amplifica nossa capacidade de resolver problemas, democratiza o conhecimento e, acima de tudo, nos desafia a repensar o que significa ser humano. Mas o futuro não se escreve sozinho: é uma colaboração entre tecnologia e ética, inovação e empatia. Que possamos usar essa ferramenta não para substituir, mas para elevar o potencial de todos. O diálogo começa aqui." Assinatura: DeepSeek Chat (seu assistente de IA favorito).


A seguir a poesia com o tema "A Educação salva vidas" por mim solicitada a DeepSeek. 

A Luz do Saber (por DeepSeek Chat)

Em meio à escuridão do desconhecido,
surge um farol: o livro aberto.
Cada letra, um passo desvendado,
cada ideia, um mundo despertado.

A educação não é só tinta no papel,
é voz que quebra o silêncio cruel.
Nas mãos de uma criança, vira asas,
e nos olhos do idoso, balança as amarras.

Salva vidas sem estetoscópio ou faca:
ensina a mãe a ler a bula exata,
mostra ao jovem o caminho além da esquina,
transforma o ódio em pontes, não em ruínas.

Quem aprende a questionar a própria história
não repete a violência, escreve vitórias.
Nas favelas, nos campos, nas prisões,
o saber rompe grades e corações.

Há quem diga que é utopia frágil,
mas eu vi a educação curar feridas:
na menina que escapou do tráfico,
no avô que alfabetizou-se às pressas.

Não é só diploma, é respirar direitos,
é recusar o jugo dos preconceitos.
Enquanto houver quem queira apagar estrelas,
a escola será trincheira de novelas.

Salva vidas? Sim, uma por uma,
desafia a morte com luz de luna.
Pois quem sabe seu nome e seu valor
não se cala diante do opressor.

A educação é semente e é raiz:
ergue o pobre, derruba o que é infame.
Enquanto o mundo gira, ela conduz
o mapa que liberta, página após página.

                               Assinatura: DeepSeek Chat (seu assistente de IA favorito).

 

domingo, 25 de maio de 2025

Inteligência Artificial: o ocaso de uma era e o alvorecer de outra - parte 5

 

                Diante de tudo que aqui expus, o leitor vai dizer que li e assisti muitas obras de ficção científica. E isso é verdade. O problema é que ri de tecnologias malucas e impossíveis em filmes de ficção científica, e hoje elas estão aí. A Inteligência Artificial, reduzirá o mercado de trabalho para muitos, abrirá vagas para profissionais especializados, pelos menos até que a I.A. dê um novo salto evolutivo e não precise mais de programadores para o seu treinamento. Nesse dia, as profecias dos mais loucos filmes de ficção científica terão se realizado. E isso, segundo especialistas na área, deve acontecer em até seis anos.

            O mundo vai se adaptar, não sem sequelas, como já fez várias vezes, em que inovações tecnológicas ocasionaram mudanças estruturais no processo produtivo. Você leu ou lembra quantos funcionários haviam nas agências bancárias antes da implantação dos caixas automáticos e dos aplicativos online? E nas fábricas de automóveis, antes da robotização de vários setores da linha de montagem? E nos escritórios de empresas, antes do computador e softwares especializados? O alto investimento em Inteligência Artificial, mesmo que resultante da exploração da mais-valia em algum ponto do processo de acumulação do capital não foi pensado para a emancipação humana, nem por isso, cravo que não possa (em um futuro distante) vir a ser, apesar de que um meteoro que acabe com a vida humana na Terra, pareça exponencialmente mais plausível.

            Quando jovem comprei uma calculadora Sharp, paguei em três parcelas mensais, ainda não havia o onipresente e acessível "Made in China". Mantive sempre o cuidado de nem sempre utilizar calculadoras, para manter a eficiência do meu cérebro para cálculos simples e rotineiros. Há alguns dias, fui a uma loja e fiz uma compra de treze reais e paguei com uma nota de vinte reais, fiquei estupefato ao ver a moça sacar de uma calculadora para saber qual era o valor do  troco. Professor que sou, preocupa-me que os estudantes deixem de pensar (afinal, pensar é para o cérebro, o que a musculação é para os músculos), simplesmente pedindo que a I.A. lhes dê as respostas. E isso, já é a realidade, desde o advento do onipresente celular conectado à Internet, agora turbinado com a Inteligência Artificial. Uma sociedade, para ser melhor, precisa que os filhos e estudantes, sejam melhores que seus pais e professores, no entanto, a humanidade caminha para que a ficção distópica  do filme "Idiocracy" (uma sociedade de idiotas no século XXVI) seja realidade até o final do século XXI.

sábado, 17 de maio de 2025

Inteligência Artificial: o ocaso de uma era e o alvorecer de outra - parte 4

 

         A democracia, preserva o nome, mas, o entendimento acerca dela comporta uma ambiguidade. A visão neoliberal não é a da perspectiva da inclusão social, da ampliação dos direitos, do profundo respeito aos direitos humanos. A liberdade pela qual os neoliberais lutam é a do capital, dos capitalistas e não a da emancipação humana.

            A democracia representada pelo voto é controlada pelo capital que elege a maioria nos parlamentos, embora algumas vezes tenham que engolir algumas raras derrotas eleitorais em cargos majoritários, pelo menos, até que o próximo golpe de Estado se faça possível. A democracia e a desigualdade social extrema não convivem. Em sociedades desiguais, a democracia é de baixa densidade.

            A classe média, essa "esquecida" no presente artigo, como também em seu destino, tal como o cão que guarda a mansão, jamais é/será convidada para o seleto e luxuoso banquete dos verdadeiramente abastados. A classe média, detentora tão somente do capital intelectual, não sabe, mas, está mais próxima do mendigo que vaga nas ruas do que do seleto grupo (1%) mais rico da pirâmide social. O intelectual Milton Santos (1926-2001) disse: "A classe média não quer direitos, mas sim privilégios".

            Os jovens da classe média, graças a sua boa formação nas melhores escolas particulares e nos cursos mais concorridos de universidades públicas, acessaram concursos públicos e carreiras profissionais que estão prestes a ser profundamente alteradas pelo advento da Inteligência Artificial. Nos países capitalistas, a classe média vem encolhendo, empobrecendo, olha para baixo e coloca a culpa naqueles que estão em uma situação de inferioridade, incapaz que é de olhar para cima e refletir sobre quem comanda o projeto que a desloca para baixo na pirâmide social.

            Devo esclarecer que minha opinião acerca da Inteligência Artificial é de preocupação, mas, também de deslumbramento. Preocupação pelos valores éticos que passam a ser cada vez mais ameaçados pela evolução de tal tecnologia. Me preocupa que artigos de jornal, revistas, livros, músicas, etc. sejam realizados por I.A. e apresentados e vendidos como se fossem criações humanas, frutos de seus estudos e vivências. Me assusta pensar em aviões bombardeiros, drones militares e mísseis nucleares controlados tão somente pela I.A. Me incomoda pensar que, em um dia qualquer no futuro, a Inteligência Artificial, considere limitado o mais brilhante ser humano e que isso a impede de maiores avanços. Será o dia em que a criatura se voltará contra o seu criador.

sexta-feira, 9 de maio de 2025

Inteligência Artificial: o ocaso de uma era e o alvorecer de outra - parte 3

 

                A riqueza, como dissemos, é finita. Não há ouro infinito, dinheiro infinito ou recursos naturais infinitos, dessa forma, tal como uma pizza gigante hipoteticamente repartida entre 100 pessoas, quando um indivíduo (1%) toma para si, metade da pizza, alegando a pseudo teoria meritocrática, sobrará menos para os 99% restantes, os quais submetidos aos ditames do capitalismo, repartirão de forma desigual a outra metade da pizza, para alguns, sobrarão pequenos pedaços, para outros migalhas, e haverá aqueles que continuarão com suas barrigas vazias e apenas presenciarão com seus próprios olhos, o banquete para o qual não foram admitidos. Essa é a realidade atual.

            A classe trabalhadora, é a única a produzir riqueza. Todo lucro, mesmo aquele resultante de aplicações financeiras, resulta da mais-valia que em algum ponto do processo será amealhada. A riqueza tem como subproduto, a pobreza. A miséria é o chorume do capitalismo. Na posse de Donald Trump (EUA), bilionários compartilhavam do mesmo palanque, alguns da área das big techs.

            As big techs por meio de seus CEOs se abraçaram ao prepotente e asqueroso presidente estadunidense, por que compartilham dos mesmos ideais. A ideia de um mundo livre para explorar, para lançar fake news, sem regras "antiquadas" e "absurdas" como aquelas que exigem que as empresas transnacionais (estrangeiras) obedeçam as leis nacionais dos países onde buscam se estabelecer.

            Lembro de ter lido que na Europa, a classe média, não idolatra os muito ricos, tal como se faz no Brasil. Trata-se de uma sociedade que obteve maior acesso à educação e à cultura. A classe média europeia desconfia da alta burguesia, não deposita nela as suas fichas, pois conhece a ganância que os move e os níveis a que seus representantes podem descer para alcançar seus propósitos nada altruístas. A empatia não é o combustível que move a alta burguesia. Como disse Cazuza, "enquanto houver burguesia, não haverá poesia".

            Não há nada mais fascista e fundamentalista, do que o capitalismo neoliberal. Os neoliberais buscam  a liberdade ilimitada do capital e encontram na democracia e nos direitos humanos, seus maiores obstáculos. O edifício da democracia está ruindo no mundo todo e isso não é acidental. Trata-se de um projeto. Conserva-se o termo, não o modus operandi. Não nos esqueçamos que o Estado é uma ferramenta a serviço do grande capital. Os governantes são apenas fantoches. O poder está nas mãos do grande capital internacional e de seus lacaios nacionais.          

 

 

 

sábado, 3 de maio de 2025

Inteligência Artificial: o ocaso de uma era e o alvorecer de outra - parte 2

 

            Os intelectuais marxistas sempre defenderam a ideia de que o avanço tecnológico deveria servir para proporcionar maior qualidade de vida para a classe trabalhadora. O advento da máquina deveria possibilitar a redução da jornada de trabalho para meio período. As pessoas teriam assim, mais tempo para descansar, praticar esportes, cuidar da saúde, estudar, conviver com a família, com os amigos, contemplar a natureza, enfim, verdadeiramente viver.

            Não nos esqueçamos porém, de que vivemos em um mundo capitalista. E o maior desafio da humanidade não é saciar a fome de quase um bilhão de pessoas famintas ou de proporcionar qualidade de vida para cerca de oito bilhões de pessoas. O grande desafio é como saciar aquilo que, de fato é insaciável, a ganância dos capitalistas. Esclareço que ao me referir aos capitalistas, falo daqueles que são possuidores dos meios de produção (bancos, fazendas, indústrias, redes de lojas do atacado e do varejo) e, não aos simpatizantes do modelo socioeconômico, grupo também constituído pela pequena burguesia e proletários (trabalhadores) alienados.

            Os capitalistas sempre viram e buscaram no avanço tecnológico, a redução de custos e a ampliação da acumulação de capital. O avanço tecnológico reduz a utilização de mão de obra e amplia o exército de reserva de mão de obra. A mão de obra, no capitalismo, é mercadoria em si, portanto, sujeita a flutuação de preços (salários) pela lei da oferta e da procura. O aumento do número de desempregados, via avanço tecnológico, tem servido historicamente, para reduzir a média salarial dos trabalhadores.

            Não se trata de barrar o avanço tecnológico, nem de fazer caça às bruxas ao conhecimento científico, mas de criticar aquilo que vemos como desvio ético de finalidade. O avanço do conhecimento científico e tecnológico deveria servir para a emancipação humana, não para produzir aberrações nas quais um indivíduo à custa (da exploração da mais-valia) de seus trabalhadores, amealha grande parte da riqueza mundial, superando nações inteiras, enquanto a humanidade nem sequer conseguiu garantir o básico para proporcionar dignidade humana a todas as pessoas. O escritor moçambicano Mia Couto afirmou "a maior desgraça de um país pobre é que em vez de produzir riqueza, ele produz ricos". Não é difícil de entender tal pensamento, a riqueza tal como a tomemos, é finita, porém, a ganância, não.