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quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Apontamentos sobre a privatização da educação chilena - parte 4

 

        Agustín relatou que no início do processo de privatização da educação chilena, as escolas eram integralmente subvencionadas pelo Estado e, somente mais tarde, passaram a exigir também pagamentos de mensalidades por parte dos pais. Aqui cabe uma observação sobre o caso paranaense, a bancada de deputados estaduais da base de sustentação do governo Ratinho Júnior, rejeitou a emenda aditiva do deputado estadual Arilson Chiorato ao Projeto de Lei 345/2024 cuja intencionalidade era impedir a cobrança de mensalidades ou de qualquer contrapartida financeira dos pais/responsáveis em toda a rede pública estadual de educação do Paraná (por que será?).

            Polanco disse ainda, que desde os anos 1990, não foram mais criadas universidades públicas no Chile, mas centenas de universidades particulares (grande parte de qualidade duvidosa) foram criadas e, que mesmo as universidades públicas passaram a cobrar mensalidades dos universitários. As mensalidades variavam muito, havendo inclusive universidades públicas que cobravam mensalidades mais caras que as particulares. Os jovens filhos da classe trabalhadora e, que desejavam a formação no ensino superior, cujas famílias não dispunham de recursos, recorriam ao financiamento estudantil junto aos bancos, porém, a realidade salarial no mercado de trabalho após a conclusão do ensino superior, não lhes permitia sobreviver e pagar a dívida junto aos bancos. Optaram por sobreviver.

            Como sabemos a privatização é apenas dos lucros, os prejuízos são, via de regra, socializados. O Estado foi chamado a pagar as dívidas dos estudantes inadimplentes. Dessa forma, o Estado se tornou credor dos jovens para que a iniciativa privada (os bancos) não tivessem prejuízos (é para isso que serve o Estado num modelo neoliberal, ou seja, atender as necessidades do capital, não as necessidades da sociedade).

            Agustín relata que, no afã de obter mais estudantes (e dinheiro), as escolas colocavam outdoors em sua parte frontal, com o seu ranking (resultado) no sistema de avaliação nacional de educação. O sistema, tal como no Brasil, tinha foco na língua materna (no Chile, o espanhol) e em matemática. Bons estudantes eram atraídos para as melhores escolas, outros eram convidados a mudar de escola por seus baixos desempenhos/índices de frequência.

            Os pais, tal como no Brasil, se deixavam levar por esse processo de ranqueamento, que nada mais é que o treinamento repetitivo e exaustivo para que os estudantes (melhor treinados) tenham melhor resultado nas provas externas. Os pais ignoram ou esquecem, que o sistema de avaliação nacional/estadual, não é capaz de aferir verdadeiramente a qualidade na educação, pois não é configurado de forma a medir especificidades subjetivas de uma formação humana omnilateral, ou seja, plena para a vida em sociedade. Repetimos, uma escola/educação de qualidade não é uma posição no ranking (afinal, qualidade para quê? Para quem?). O estudante, por sua vez, não é um número. É um ser humano em formação, não mera peça de engrenagem do sistema produtivo.

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