Agustín relatou que no
início do processo de privatização da educação chilena, as escolas eram integralmente
subvencionadas pelo Estado e, somente mais tarde, passaram a exigir também
pagamentos de mensalidades por parte dos pais. Aqui cabe uma observação sobre o
caso paranaense, a bancada de deputados estaduais da base de sustentação do governo
Ratinho Júnior, rejeitou a emenda aditiva do deputado estadual Arilson Chiorato
ao Projeto de Lei 345/2024 cuja intencionalidade era impedir a cobrança de
mensalidades ou de qualquer contrapartida financeira dos pais/responsáveis em
toda a rede pública estadual de educação do Paraná (por que será?).
Polanco disse ainda, que desde os anos 1990, não foram
mais criadas universidades públicas no Chile, mas centenas de universidades
particulares (grande parte de qualidade duvidosa) foram criadas e, que mesmo as
universidades públicas passaram a cobrar mensalidades dos universitários. As
mensalidades variavam muito, havendo inclusive universidades públicas que
cobravam mensalidades mais caras que as particulares. Os jovens filhos da
classe trabalhadora e, que desejavam a formação no ensino superior, cujas
famílias não dispunham de recursos, recorriam ao financiamento estudantil junto
aos bancos, porém, a realidade salarial no mercado de trabalho após a conclusão
do ensino superior, não lhes permitia sobreviver e pagar a dívida junto aos
bancos. Optaram por sobreviver.
Como sabemos a privatização é apenas dos lucros, os
prejuízos são, via de regra, socializados. O Estado foi chamado a pagar as
dívidas dos estudantes inadimplentes. Dessa forma, o Estado se tornou credor
dos jovens para que a iniciativa privada (os bancos) não tivessem prejuízos (é
para isso que serve o Estado num modelo neoliberal, ou seja, atender as
necessidades do capital, não as necessidades da sociedade).
Agustín relata que, no afã de obter mais estudantes (e
dinheiro), as escolas colocavam outdoors em sua parte frontal, com o seu
ranking (resultado) no sistema de avaliação nacional de educação. O sistema,
tal como no Brasil, tinha foco na língua materna (no Chile, o espanhol) e em
matemática. Bons estudantes eram atraídos para as melhores escolas, outros eram
convidados a mudar de escola por seus baixos desempenhos/índices de frequência.
Os pais, tal como no Brasil, se deixavam levar por esse
processo de ranqueamento, que nada mais é que o treinamento repetitivo e
exaustivo para que os estudantes (melhor treinados) tenham melhor resultado nas
provas externas. Os pais ignoram ou esquecem, que o sistema de avaliação
nacional/estadual, não é capaz de aferir verdadeiramente a qualidade na
educação, pois não é configurado de forma a medir especificidades subjetivas de
uma formação humana omnilateral, ou seja, plena para a vida em sociedade.
Repetimos, uma escola/educação de qualidade não é uma posição no ranking (afinal,
qualidade para quê? Para quem?). O estudante, por sua vez, não é um número. É
um ser humano em formação, não mera peça de engrenagem do sistema produtivo.
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