Há alguns dias, assisti uma
palestra sobre a privatização da educação no Chile, cuja iniciativa foi do
Núcleo Sindical da APP-Sindicato de Laranjeiras do Sul. Eu, de minha parte,
resolvi não perder a oportunidade de ouvir alguém que viveu "in loco"
aquilo que tomei conhecimento apenas por livros e artigos. A fala foi realizada
pelo jovem acadêmico Agustín Ignácio Galaz Polanco da Universidade Federal da
Integração Latino-Americana (UNILA). O acadêmico em questão, de nacionalidade
chilena, teve sua formação básica naquele país que ficou conhecido como o
Laboratório Chileno do Neoliberalismo. Esta é, portanto, uma escrita embasada
na fala em questão, não sendo porém uma transcrição "ipsis literis".
Na introdução de sua fala, Agustín rememorou aspectos
históricos anteriores ao golpe de 1973 que remontam à ascensão de Salvador
Allende (1908-1973) à presidência no Chile. O socialista Allende, eleito em
1970, tornou-se uma dor de cabeça para os Estados Unidos da América que
encontrava-se envolvido na efervescente disputa pela hegemonia mundial (Guerra
Fria) com a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. A costumeira neurose
estadunidense, turbinada durante a Guerra Fria, agravou-se ainda mais com a
Revolução Cubana de 1959. Os Estados Unidos passaram então a estimular e
financiar golpes de Estado e apoiar ditaduras sanguinárias na América Latina,
das quais, Chile, Brasil, Argentina, Uruguai, etc. não passaram incólumes,
visando manter sob rédea curta as lideranças e os destinos da região que, desde
1823, o presidente estadunidense James Monroe (1758-1831), definiu como seu
quintal.
Salvador Allende, era de espírito constitucionalista,
portanto legalista e, sua fidelidade aos preceitos mais caros em que acreditava,
levou-o a uma inação que possibilitou o golpe. Agustín afirma que todos lembram
das imagens de aviões da Força Aérea Chilena atacando o Palácio de La Moneda,
sede do Poder Executivo Chileno, no entanto, o golpe teria verdadeiramente ocorrido
nos bairros, nas periferias de Santiago e de outras cidades chilenas. Nas
incursões nos bairros, as forças militares selecionavam pessoas que deveriam ser presas, torturadas
e/ou mortas. As forças Armadas têm uma relação imbricada com o Estado, sendo o
Estado considerado pelos teóricos marxistas um aparato do Capital, dessa forma,
portanto, com raras exceções, os militares costumam se posicionar como
guardiães a serviço do Capital, da direita. O Chile não foi exceção à regra.
Um grupo de vinte e cinco economistas formados na Pontifícia Universidad Católica de Chile estabeleceram vínculos de estudos (pós-graduação) e cooperação com o Departamento de Economia da Universidade de Chicago, conhecido como "Escola de Chicago", tais contatos eram anteriores ao Golpe de Estado de 1973. O Chile já havia sido escolhido para ser cobaia dos experimentos neoliberais dos economistas da The University of Chicago, os Chicago Boys.
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