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segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Apontamentos sobre a privatização da educação chilena - parte 3

 

            O Estado Totalitário, ou seja, o regime ditatorial, sempre tem na inteligência seu principal adversário, afinal é fácil enganar as pessoas alienadas e/ou omissas, mas, não aquelas dotadas de inteligência e criticidade. Dessa forma, toda ditadura derrama o sangue entre os intelectuais insubmissos. Não foi diferente no Chile do ditador Augusto Pinochet. Agustín afirma que cento e setenta e três professores encontram-se entre os desaparecidos políticos, sem contar as milhares de mortes reconhecidas/elucidadas dentre aqueles que ousaram empunhar a bandeira da democracia.

            Agustín disse que, ao longo do regime, houve uma doutrinação em massa da sociedade chilena que, aliada às reformas neoliberais, resultaram na mudança de sua própria cultura. O consumismo, os shopping center's inaugurados às dezenas, o dinheiro, enfim, fizeram a cabeça do chileno. Houveram reformas visando a descentralização da política nacional, os municípios adquiriram maior protagonismo, porém, os recursos não eram distribuídos de forma equânime. A reforma havia municipalizado a administração da gestão dos recursos para a educação, porém, assim como haviam municípios mais ricos e outros pobres, também os investimentos nas escolas eram maiores ou menores conforme o município. No Chile, 85% das escolas são privatizadas e apenas 15% são públicas. Segundo Agustín, há escolas particulares melhores que as públicas, como também escolas particulares de pior qualidade que as públicas.

            Os municípios repassavam mais recursos para as escolas públicas ou privadas (subvencionadas) que obtinham maiores índices de frequência dos estudantes, bem como melhores resultados nas avaliações oficiais. As escolas do centro e bairros nobres, onde estudavam os jovens oriundos da classe média e alta, obtinham os melhores resultados e consequentemente mais recursos/investimentos. As escolas de bairros (periferia), onde estudavam os jovens oriundos da classe baixa e média-baixa, com piores índices de frequência e de resultados, recebiam menos recursos/investimentos. O governo neoliberal chileno teoricamente entendia, tal como se a escola fosse uma empresa, e que as leis de mercado se aplicassem ao fazer pedagógico, que as escolas submetidas à concorrência, superariam suas precárias condições e se alçariam à patamares equivalentes aos das melhores escolas públicas ou privadas.

            Não foi o que ocorreu, pois a política neoliberal chilena, na prática, acabou introduzindo, a dualidade da oferta educacional, qual seja, uma escola de boa qualidade para a classe média e alta no centro e bairros nobres e, uma escola precarizada para os jovens dos bairros periféricos, estes oriundos da classe baixa, ou seja, os filhos dos trabalhadores.

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