Sou admirador do filósofo
Sócrates, o qual sabemos há dúvidas se de fato existiu ou se é uma criação do
filósofo Platão, enfim, real ou ficção, Sócrates adorava conversar com as
pessoas e dizia que aprendia muito com elas independentemente da condição
social a que estas pertenciam, assim, penso que podemos aprender muito e também
ensinar as pessoas com as quais convivemos.
Há muitas qualidades a admirar em Sócrates, destaco entre
elas a humildade no trato com as pessoas em que demonstrava não ter preconceito
de classe e o seu compromisso inquebrantável com aquilo em que acreditava, uma
vez que sua sentença foi a morte por envenenamento, pois ao dizer verdades
incomodava o status quo estabelecido. No entanto, é impossível deixar de notar
o “senso comum” que predomina nas conversas entre as pessoas ao tratar de temas
que merecem estudo e reflexão aprofundada. Por senso comum, entenda-se a
interpretação espontânea acerca de um fato e que nasce da experiência cotidiana
das pessoas podendo esta forma de pensar e agir ser passada de geração em
geração e tornar-se tradição. O senso comum carece de investigação e reflexão
aprofundada e pode muitas vezes conduzir a interpretações equivocadas da
realidade e isso é algo que pode trazer prejuízo para uns e benefícios para
outros.
Certa vez li que duvidar de tudo ou acreditar em tudo,
são atitudes igualmente cômodas, pois, nos dispensam do ato de pensar, nada
mais verdadeiro! Instituiu-se em nosso país a crença (senso comum) que todo
político é desonesto e somente quer fazer o seu “pé de meia” à custa do erário
público, verdade seja dita, que muitos de nossos representantes não contribuem
para melhorar a imagem da classe política, no entanto, por trás dessa “verdade”
aceita por boa parte da população se esconde o fato de que aos maus políticos
interessa que a sociedade pense assim, pois esta não vai procurar separar o
joio do trigo escolhendo entre os candidatos aqueles que são ficha-limpa e que
têm de fato o interesse em fazer algo pelo bem da coletividade acima dos
interesses individuais. Também é senso comum que se propaga aos quatro cantos
desse país que pessoa de bem não pode ingressar na política, pois se não entrar
no “esquema” não consegue vencer, isso também interessa aos maus políticos,
pois assim, muitas pessoas bem intencionadas deixam de disputar cargos
políticos favorecendo aos mau intencionados que nadam de braçadas na carreira.
Também já ouvi críticas a respeito de algumas mulheres
feministas pelo fato de as mesmas se produzirem com maquiagem e roupas
provocantes. Há uma crença que pelo fato de a mulher ser feminista ela deva
abolir o sutiã e de preferência queimá-lo, usar roupas de homem, não cuidar da
aparência e principalmente, não gostar de homem. Nada mais absurdo, o movimento
feminista tem como objetivo a igualdade entre homens e mulheres no que se
refere aos salários, à dignidade, à valorização, às oportunidades (no trabalho
e na política), e pelo fim do machismo que também é mais um comportamento
arraigado na sociedade baseado no senso comum. O movimento feminista existe
também para que a mulher não seja refém do seu próprio corpo e para que possa
se vestir como se sentir melhor, com roupa de homem ou com roupas que
evidenciem a beleza de seu corpo, com o rosto lavado ou maquiado, se deixarmos
o senso comum prevalecer não será difícil algum “fundamentalista” religioso (e
há vários) em nossa sociedade propor que as mulheres devam usar a burca em
terras tupiniquins.
Outra fala “senso comum” é a de que se o sujeito é
defensor do socialismo, ele deve viver na miséria, não possuir bens e não
consumir produtos de marca. Se possuir algum bem, ou utilizar algum produto
fabricado por multinacional, está então em contradição. Ora, vivemos num mundo
capitalista, o Brasil é um país capitalista, não existe uma redoma de vidro
para proteger a pessoa do contato com o capitalismo, até afirmei certa vez a um
sobrinho, a única solução é ir embora para Marte e este me avisou que é melhor
pensar num plano “B”, pois a NASA a agência espacial do país mais capitalista
do mundo (EUA) já tem planos para colonizar o planeta vermelho.
Ocorre que muitas pessoas já chegaram à conclusão que não
é possível resolver as contradições do capitalismo com mais capitalismo
(neoliberalismo), pois o capitalismo é o veneno que intoxica a sociedade
através da acumulação excessiva e da exclusão em massa, dessa forma, a economia
capitalista tal como um organismo moribundo vive de crise em crise, sendo estas
cada vez mais duradouras. O objetivo do socialismo não é distribuir a miséria e
sim a riqueza, pois pretende o melhor dos mundos, um mundo sem miséria, sem
fome, uma irmandade de homens. Utopia? Convencionou-se (senso comum) chamar de
utópica qualquer pessoa que deseje um mundo melhor para todos e não apenas para
a minoria da qual faz parte.
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