Qualquer pessoa que tenha um
mínimo de estudo e espírito humanitário jamais defenderia uma ditadura que
matou e torturou milhares de pessoas. A escravidão e a ditadura militar são as
maiores manchas na história deste país. As realizações da ditadura foram
importantes para o país, mas também seriam concretizadas por um governo civil.
Ao contrário do que afirmam alguns, havia corrupção,
obras superfaturadas e/ou desnecessárias, (a Transamazônica foi mal planejada e
superfaturada, dinheiro desperdiçado, sendo que a maior parte desta estrada foi
retomada pela floresta), a construção das usinas nucleares de Angra teve o
preço quadruplicado em relação ao valor real e o equipamento comprado da
Alemanha era obsoleto. Itaipu custou o dobro da previsão; a BR 277 foi
duplicada de Foz a Paranaguá durante o Governo militar (pelo menos é o que
dizem os documentos dos empréstimos feitos pelo governo militar lá nos EUA), é
isto que você vê quando viaja pelo Paraná?
Corrupção havia e muita, mas se a imprensa ou qualquer
pessoa denunciasse o risco de ser preso e torturado era muito grande
(leia "Brasil nunca mais!" de Dom Paulo Evaristo Arns), pois, os
escândalos eram acobertados pela censura então vigente. Não há entre o povo rico
e culto dos países desenvolvidos, o mesmo percentual de pessoas existentes no
Brasil a defender uma ditadura sanguinária como a que aqui tivemos. Estes
preferem que o dinheiro do governo federal sirva à manutenção dos
privilégios de alguns e não para a retirada de pessoas abaixo da
linha da miséria. Caso não saibam não foi os governos civis pós abertura
política que colocaram o Brasil entre as piores distribuições de renda do
mundo, foi a ditadura que preconizava "é preciso fazer o bolo crescer
para depois dividir", o bolo cresceu e a divisão nunca houve!
As obras dos governos militares foram executadas por meio
de empréstimos externos e foram eles que colocaram o Brasil de joelhos perante
o FMI e os EUA. Durante o Governo militar a dívida externa cresceu quase
3500%. O salário mínimo perdeu valor, conhecemos a hiperinflação, artistas e
intelectuais tiveram que fugir do país, greves eram reprimidas (tentativa de
atentado a bomba no Rio-Centro, ou seja, terrorismo de Estado). Criou-se uma
mentalidade que fazer protestos e lutar por melhores condições de trabalho é
coisa de desordeiros. Temos até hoje um povo apático, não por sua natureza, mas
pelo medo e o método educacional imposto pelo regime.
Fico indignado quando ouço pessoas afirmarem serem
terroristas àqueles que lutaram em meio a uma população apática e amedrontada
para que você hoje, bem ou mal, pudesse escolher os governantes,
escrever e dizer o que pensa. A verdade é que boa parte dos políticos tem
projeto de poder e não projetos para o desenvolvimento do país, assim, resta um
saudosismo de quando possuíam o total controle do povo brasileiro pelo uso da
força e, saudade principalmente do jogo que nunca mudava (sempre estavam no
poder).
Quem defende a ditadura presta um desserviço à
história, à nação e ao povo brasileiro, pois apesar de alguns acertos, o saldo
daquele período é catastrófico. Além disso, tais pessoas desrespeitam as
famílias das vítimas (políticos, jornalistas, professores, estudantes, etc.).
Se hoje o Brasil é um país melhor e que está aprendendo a ser democrático,
devemos isto a um pequeno, mas valoroso grupo de brasileiros que ousaram lutar
pela Democracia, muitas vezes derramando o próprio sangue!
Nenhum comentário:
Postar um comentário