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sábado, 6 de junho de 2020

Fahrenheit 451




            Fahrenheit 451 é uma obra literária do gênero distopia, ou seja, uma antiutopia. As distopias geralmente se referem a sociedades em que as pessoas vivem em condições de extrema opressão, desespero ou privação. O livro mundialmente reconhecido costuma ser citado como parte de uma tríade de grandes obras distópicas junto a “1984” (George Orwell) e “Admirável Mundo Novo” (Aldous Huxley). O estadunidense Ray Douglas Bradbury (1920-2012), autor da obra em questão, foi escritor, romancista e contista e teve várias de suas obras adaptadas para o cinema, televisão e, até para os quadrinhos. A obra mais famosa de Ray é sem dúvida, Fahrenheit 451 publicado originalmente em 1953 e, que no ano de 1966 ganhou a telona com filme de título homônimo dirigido por François Truffaut.
            A trama se passa em algum momento futuro nos Estados Unidos da América, sendo a personagem principal da obra, o bombeiro Guy Montag, que não tem amigos, apenas colegas de trabalho, mas, que não é exceção, pois, as pessoas não interagem com as outras. A sociedade em que vive considera inconveniente o ato de conversar qualquer coisa além do absolutamente essencial com outras pessoas.  Após o trabalho, as pessoas assistem a programas interativos de TV (tais como os realities shows), e recebem roteiros em casa pelos correios, orientando-as para o papel que irão desempenhar no próximo episódio. Tanto as músicas como os programas televisivos que assistem são alienantes. As pessoas levam vidas vazias. Não lêem livros, pois, reclamavam que eram muito longos, passaram a ler verbetes sobre eles ou a assistir peças de teatro ou TV, devidamente enxutos. A escola também teve seu tempo de duração muito reduzido e o currículo de conteúdos foi drasticamente enxugado. A sociedade de Montag é grande consumidora de pílulas calmantes, sendo que muitos precisam de atendimento médico pela ingestão exagerada, não raro indo a óbito.
Os livros são proibidos e o leitor é levado a pensar que um fascista tomou o poder e instalou a opressão. Mas, ao longo da obra, vê que partiu do povo o desejo de eliminar os livros, pois, estes traziam sentimentos incômodos que roubavam a paz de espírito e, não raras vezes diziam coisas que contrariavam as opiniões das pessoas, tirando-lhes a alegria. O título da obra refere-se à escala Fahrenheit, sendo 451º F, a temperatura em que o papel dos livros pega fogo. Como as casas são construídas com materiais que não se incendeiam, o corpo de bombeiro tem um novo papel, o de averiguar a existência de livros nas residências, apreendê-los e queimá-los. O leitor, então se lembra dos fascistas que promoveram fogueiras públicas com livros considerados subversivos. A respeito de um desses acontecimentos em 1933, na Alemanha nazista, Sigmund Freud, o pai da psicanálise disse: “Que progressos estamos fazendo. Na Idade Média, teriam queimado a mim; hoje em dia, eles se contentam em queimar meus livros”.
Montag nunca leu um livro e dedica sua vida a queimá-los, porém, conhece uma “estranha” jovem que, inconvenientemente puxa conversas com ele, sempre que se aproxima de casa, vindo do trabalho. A jovem é considerada problemática, pois, gosta de conversar, de contar histórias e de observar a natureza. Montag atende a um chamado dos bombeiros para ir a uma casa em que se suspeita existam livros. Lá encontram uma biblioteca inteira, o chefe decide que com tantos livros, é melhor incendiá-los ali mesmo, e a proprietária, já senhora, resiste e prefere morrer queimada no meio dos livros. Ver a senhora morrendo no fogo, não é nada demais na sociedade de Montag, mas, a imagem o afeta e ele passa a esconder alguns livros para ver o que há de tão ruim neles, mas, não é capaz de compreendê-los. Secretamente, busca a ajuda de um professor que, após as salvaguardas necessárias, lhe mostra o caminho para encontrar pessoas da resistência, as quais clandestinamente protegem os livros e se torna um deles. Se você encontrou indícios da sociedade de Montag em nossos tempos, saiba que, infelizmente as distopias se realizam mais facilmente do que as utopias, pois, destruir é sempre mais fácil do que construir.

Sugestão de boa leitura:
Título: Fahrenheit 451.
Autor: Ray Bradbury.
Editora: Biblioteca Azul, 2012, 215 p.
Preço: R$29,90.

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