.
Colin Higgins (1941-1988) foi um roteirista,
ator, diretor e produtor australiano-americano. Higgins ficou muito conhecido
por seu primeiro romance intitulado “Ensina-me a viver”. Sua obra teve uma
aceitação tamanha que em 1971 ganhou uma adaptação para o cinema. Este escriba
teve contato com a obra quando adolescente por empréstimo-sugestão do livro por
pessoas próximas. Ultimamente tenho adquirido livros que marcaram a minha vida
no tempo em que somente podia ler por meio de empréstimos tendo em vista que
comprar não era algo possível, dadas as minhas condições financeiras.
Adolescente que fui, passei por grandes questionamentos sobre o mundo e a vida,
nem sempre inspiradores, e nisso não mudei, digo sempre que vim ao mundo para
incomodar e não se acomodar. Muitas pessoas sentem uma inadequação perante a
sociedade, seus valores, suas regras, seus costumes nem sempre condizentes com
a prática dos cidadãos, o que demonstra o oceano de hipocrisia em que está
mergulhada a sociedade. Não por acaso, pessoas que a todo o momento discursam
contra a corrupção praticam a corrupção diariamente e, sujeitos que se dizem
cristãos, apesar do discurso religioso, promovem atos que nada têm a ver com os
ensinamentos de Jesus Cristo.
A inadequação perante a vida em sociedade leva muitas
pessoas ao desespero, à depressão, pois, para elas nada faz sentido, e críticas,
observam a falsidade que norteia as relações humanas. Faz pouco tempo que a
sociedade passou a ter melhor compreensão sobre aquele que é considerado o mal
do século. No entanto, ainda há quem fale que sentimentos negativos perante a
vida ocorrem em pessoas de pouca fé ou porque querem ser mimadas pelas pessoas
próximas. Não pretendo aqui escrever um artigo sobre depressão, que pode ter
inúmeras causas psicológicas ou biológicas. Meu conhecimento acerca do tema é
de quem há quinze anos a combate diariamente com medicamentos, embora ainda
adolescente talvez a tivesse sem no entanto ter lhe sido formalmente apresentada. Sempre tive um olhar
crítico sobre o mundo, porém, digo: as pessoas simples, ou seja, com menor grau
de reflexão sobre o mundo em que vivemos são mais felizes, pois, é impossível
olhar criticamente para a realidade vivida e manter a alegria. Nesse sentido,
um pouco de alienação (desde que em doses homeopáticas) é um analgésico para
continuar vivendo.
Impossível
contar a trama de “Ensina-me a viver” sem discorrer sobre o tema da inadequação
perante a sociedade tal como constituída e no seu reflexo, a depressão que
atinge parcela da população. A obra não é um livro de auto-ajuda, embora sua
mensagem seja benfazeja. Trata-se da história de Harold, um rico jovem de
dezenove anos obcecado pela ideia da morte. Harold sente-se pressionado por sua
mãe controladora e por seu tio, um oficial do exército que deseja dar um rumo a
sua vida errante levando-o para a carreira militar. Harold frequentemente vai a
funerais de pessoas que não conhece e nos quais alimenta seu mórbido prazer.
Encenou teatralmente sua própria morte tantas vezes que sua mãe não se
impressiona mais. A mãe resolve arrumar uma noiva para Harold, mas, ele
aterroriza todas as candidatas com encenações de acidentes trágicos. Apesar de
poder comprar o carro que quiser, o modelo de seu carro é um rabecão, carro utilizado
para funerais, inclusive na cor preta. Num desses funerais conhece Maude, uma
viúva de quase oitenta anos, apaixonada pela vida, a qual desfruta loucamente,
muitas vezes sem demonstrar juízo algum passando por cima de regras, valores e
de toda a hipocrisia da sociedade. O convívio com Maude tem uma influência
benfazeja para a vida do atormentado rapaz. Mais não posso contar sob pena de
comprometer a leitura de quem assim deseja fazer. Trata-se de uma leitura leve,
bem humorada e possível de ser feita em um dia. O filme também é uma ótima
sugestão!
Sugestão de boa leitura:
Título:
Ensina-me a viver.
Autor:
Colin Higgins.
Editora:
Bestbolso, 2012, 139 p.
Preço:
R$22,40.
Nenhum comentário:
Postar um comentário