Carolina
Nabuco (1890-1981) foi uma escritora e tradutora brasileira laureada com o
prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras (ABL). Nascida no Rio
de Janeiro, Maria Carolina Nabuco de Araújo era filha de Evelina Torres Ribeiro
Nabuco e de Joaquim Nabuco, escritor, diplomata e deputado geral do Império do
Brasil. Viveu sua infância em Petrópolis e a adolescência nos Estados Unidos da
América onde seu pai era embaixador do Brasil. Sua obra de estréia foi uma
biografia de seu pai intitulada “A vida de Joaquim Nabuco” publicada em 1939.
Publicou também as obras “A sucessora” (1934), “Chama e cinzas”, “Meu livro de
Cozinha”, O ladrão de guarda-chuvas e dez outras histórias, Oito décadas, Santa
Catarina de Siena, Virgílio de Melo Franco, Retrato dos Estados Unidos à luz da
sua literatura.
Os leitores mais atentos e, principalmente os
apreciadores das telenovelas da Rede Globo certamente ao ler o título desse
artigo devem ter se lembrado da novela “A sucessora”, adaptação televisiva levada
a cabo por Manoel Carlos da obra de Carolina Nabuco e que foi assistida no ano
de 1978 por parcela expressiva da população brasileira. A obra de Carolina
Nabuco tornou-se famosa internacionalmente por conta de uma situação que deixou
a autora muito triste. Carolina enviou em 1934 uma tradução de sua obra para um
editor na Inglaterra e Daphne Du Maurier foi uma das leitoras dessa tradução.
Em 1938, Daphne Du Maurier publica Rebecca, obra que foi adaptada para o
teatro, mas, que ganhou grande notoriedade mundial ao ser adaptada por Alfred
Hitchcock para o cinema em 1940. O famoso diretor popularizou-se como o “rei do
suspense” no cinema mundial. A trama foi lançada nos cinemas brasileiros com o
título “Rebecca, a mulher inesquecível”. O filme teve onze indicações para o
Oscar e arrebatou duas estatuetas, incluindo a de melhor filme. A obra
cinematográfica teve como protagonistas a atriz Joan Fontaine e o ator Laurence
Olivier. O estilo do filme é um misto de suspense psicológico e romance gótico.
Importantes críticos literários observaram a semelhança
absoluta das histórias das duas obras, sendo que muitos chegaram à conclusão
que se tratava de plágio. Em 1978, por ocasião do lançamento da novela de
Manuel Carlos, a Globo por meio do programa “Fantástico: o show da vida” levou
ao ar a polêmica envolvendo as duas obras. Carolina Nabuco, então com 88 anos,
disse que à época ficou muito triste. Tendo sido procurada por um advogado
norte-americano, o qual lhe prometeu uma quantia patrimonial em troca de um
documento atestando que a semelhança entre as obras era mera coincidência.
Carolina afirmou que pôs a dignidade acima dos interesses financeiros do filme,
não processou e nem redigiu ou assinou documento algum atestando ser
coincidência o que muitos vêm como um flagrante caso de plágio da sua obra.
Este escriba leu apenas o livro e o fez, por saber da
polêmica envolvendo a obra da escritora brasileira. Reconhece sua ignorância,
pois, nada sabia sobre a autora, cujo sobrenome lhe era familiar apenas por
saber quem foi seu pai. Não assistiu a telenovela, mas, pretende adquirir o
livro “Rebecca” de Daphne Du Maurier e assistir ao filme de Hitchcock. O
romance de Carolina Nabuco está inserido na fase modernista da cultura nacional
e conta a história de Marina, uma linda jovem criada na fazenda e que
representa o “Brasil velho”. A jovem se apaixona pelo viúvo Roberto Steen, um
industrial rico e que representa o “Brasil novo”. Marina vai morar na mansão
histórica da família e tem que aprender regras de etiqueta para conviver com
pessoas do círculo social de seu marido, muitas das quais considera fúteis. A
trama gira em torno da onipresença de Alice, a falecida esposa de seu marido, a
qual todos sentem saudade e a citam como uma mulher incomparável por seus
inúmeros talentos. Na mansão há um quadro de Alice, pintada pelo famoso artista
francês Verron, que também era seu amigo e fã. Mesmo morta, a presença
constante de Alice assombra Marina, por meio do quadro e das cartas de famosos que
chegam do mundo todo para ela. O charme e a sofisticação de Alice incomodam
Marina que não se vê a altura do papel que precisa desempenhar como esposa do
importante marido executivo. A obra prende o leitor e convida para preparar uma
pipoca e assistir o filme de Hitchcock.
Sugestão
de boa leitura:
Título: A
sucessora.
Autor:
Carolina Nabuco.
Editora:
Instante, 2018, 200 p.
Preço: R$
35,70.
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