Amyr Klink nasceu em São Paulo a 25 de
setembro de 1955. Mora no Brasil, mas, se considera um cidadão do mundo. Filho
de pai libanês e mãe sueca, afirma deles ter recebido como herança na
orientação de sua vida, o não apego aos bens materiais. Não consegue achar a graça
de pessoas que movem todos os seus esforços apenas em ter a casa própria, o
carro do ano, a roupa da moda, que considera provisório. Fez a primeira
travessia do Atlântico Sul a remo em 1984 e já realizou mais de 40 viagens à
Antártida, o continente que tanto ama.
Klink considera muito difícil para um moleque de 17 anos
definir o que irá fazer a vida toda. Cursou economia na USP, e, apesar dos
grandes economistas lá formados, odiou o curso. Terminou-o devido a mania de
levar a cabo seus projetos. Trabalhou em um banco, experiência que considerou
muito válida por lhe ensinar que ali não era o seu lugar. No tempo que passou
na USP considerou estranho o fato dela ser pública e ter a maior parcela dos
acadêmicos oriunda da classe alta. Foi lá que tomou contato e o gosto pelos
esportes náuticos ao ingressar na prática do remo em equipe. Mais do que apenas
navegador, Amyr é um empresário do ramo náutico. Já escreveu vários livros e
realiza palestras para empresas. Sustenta que a burocracia é um dos maiores
entraves para as suas atividades, impondo-lhe dificuldades que vão além dos
múltiplos conhecimentos que precisa ter (mecânica, eletrônica, geografia,
física, nutrição, meteorologia, gestão financeira, etc.).
Amyr constrói seus próprios barcos, e, afirma que com
isso tem uma experiência completa, pois há uma mentalidade nacional de querer
tudo pronto, pois, falta ao brasileiro a vontade e consequentemente a
experiência do fazer pelas próprias mãos. Considera que isso é herança da
cultura escravocrata de nosso país. Não há amadorismo em suas atividades, tudo
é fruto de um planejamento detalhista. Detesta correr riscos, procura antecipar
os problemas para estar preparado. Luta contra o tempo que assegura não ser
reciclável, pois, “uma hora perdida é uma hora perdida” e diz mais: “se a gente
não se movimenta, não persegue, não arrisca, as coisas continuam sempre do
mesmo modo”. Embora esteja antenado com o que há de mais avançado no meio
científico no que concerne a sua área, não se faz de rogado em adotar soluções
desenvolvidas pela prática dos mestres canoeiros. Klink diz ter passado por
problemas financeiros, familiares e pessoais e que procurou sempre manter o
controle. Considera que a pressão é um grande estimulo e que enfrenta o medo
com bom humor. Não acredita em sorte, mas, que cada um pode construir as suas
oportunidades e que os recursos limitados estimulam a criatividade.
Amyr Klink considera que não há planos perfeitos e nem
viagens perfeitas. O planejamento reduz os riscos, mas, o imprevisto pode
ocorrer, apesar disso, jamais perdeu um tripulante ou alguém de sua equipe
voltou com trauma. Garante conhecer pessoas que se esmeram tanto no
planejamento que acabam por nunca tirar o barco do píer. Amyr obedece
rigorosamente ao cronograma, e só atrasa a partida quando descobre algo que
comprometa a segurança da empreitada. Assegura que o erro pode acontecer até
pelo excesso de experiência (prepotência intelectual). O líder não pode ser
arrogante, aquele que fica mostrando o tempo todo que faz melhor o trabalho de
dez. É preciso ter humildade, saber ouvir, ceder. Buscar a harmonia e
compartilhar responsabilidades. Não se resolve na força bruta! É preciso
inteligência e todos os membros da equipe têm qualidades que ao final superam os
defeitos. Sustenta que no Brasil falta resiliência, orgulho de produzir e de
buscar a excelência, assim, somos um país do mais ou menos, um país meia boca e
isso é na engenharia, no planejamento, na economia e que nós brasileiros
preferimos sempre o caminho mais rápido, mais fácil, que acaba se tornando
aquele em que pagaremos um preço muito mais caro. A obra possui muitas lições
que se prestam ao meio empresarial e profissional, mas, não deixa de ser uma
literatura de aventura, de viagem.
Sugestão
de boa leitura:
Título: Não
há tempo a perder: Amyr Klink em depoimento a Isa Pessoa.
Autor:
Amyr Klink & Isa Pessoa.
Editora:
Tordesilhas, 2016, 216 p.
Preço: R$
25,94.
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