Chimamanda Ngozi Adichie é uma das
mais importantes e influentes jovens autoras em língua inglesa da atualidade.
Ela nasceu em 15 de setembro de 1977 em Enugu, estado de Anambra na Nigéria. No
entanto, cresceu na cidade universitária de Nsukka, no sudeste daquele país.
Seu pai era professor universitário e sua mãe foi a primeira mulher a trabalhar
como administradora naquele local. Chimamanda estudou medicina e farmácia por
um ano e meio na Universidade da Nigéria. Foi editora da revista The Compass
nesse período. Aos 19 anos mudou-se para os Estados Unidos para estudar
comunicação e ciências políticas, na Universidade Drexel, na Filadélfia, porém,
logo transferiu-se para a Universidade de Connecticut. Em 2003, concluiu seu
mestrado em escrita criativa na Universidade John Hopkins de Baltimore, e em
2008 recebeu o certificado como mestre de artes em estudos africanos pela
Universidade Yale. Na condição de autora recebeu vários prêmios e dentre as
obras que publicou se destacam: Hibisco roxo (2003), Meio Sol amarelo (2006),
No seu pescoço (2009), Americanah (2013), Sejamos todos feministas (2014), Para
educar crianças feministas (2017). Atualmente divide o seu tempo de vida e de
trabalho entre os Estados Unidos da América e o seu país natal, a Nigéria
(Fonte: Wikipedia).
Em seu livro “Sejamos todos
feministas”, Chimamanda lembra que na infância um amigo lhe chamou de feminista
num tom depreciativo como dissesse: “você apóia o terrorismo”. Como não sabia o
significado de tal palavra, ao chegar em casa procurou no dicionário. A autora
afirma que os nigerianos têm o péssimo hábito de dar conselhos não solicitados
e assim disse ter ouvido muitas vezes que o feminismo não é da cultura africana
e que ela certamente foi “doutrinada” pelos livros de matriz cultural ocidental
que leu. Também ouviu que as feministas são mulheres infelizes que não
conseguem arranjar maridos e que feministas são mulheres que odeiam os homens.
Ao que pensou: doutrinada eu? Que considerei entediantes os livros sobre feminismo
aos quais tive acesso? Chimamanda resolveu então ser feminista feliz e africana,
que não odeia os homens e que gosta de usar batom e salto alto para si mesma e
não para os homens. Isto sem abrir mão de sua feminilidade, pois, adora sua
condição feminina embora rejeite a construção social de gênero como está posta.
A autora
exemplifica vários casos ocorridos na Nigéria, sua terra natal e compara com a
situação da mulher no mundo, a qual não muda muito. Cita como exemplos que em
sua terra natal, uma mulher não pode entrar desacompanhada em um hotel sob pena
de ser considerada prostituta e que nas baladas mulher desacompanhada de homem não
entra, o que as obriga solicitar a ajuda de algum homem desacompanhado para
ingressar nestes locais. Em restaurantes, o garçom cumprimenta o homem e ignora
a mulher e se uma mulher acompanhada por um homem dá uma gorjeta ao manobrista,
este agradece ao homem. Chimamanda discorre ainda sobre os salários e as
possibilidades de promoções nas empresas entre os sexos, com a visível
constatação da vantagem aos indivíduos do sexo masculino. Se questiona por que
há tantos livros sobre como uma mulher deve agir para agradar os homens e tão
poucos sobre como os homens devem agir para agradar as mulheres. No livro,
trata da forma como meninas e meninos são educadas (os) e as consequências
dessa educação na formação dos indivíduos em sua idade adulta. Reitera que a
forma como ocorre a educação das nossas filhas e filhos precisa ser revista. Conta
que na Nigéria, os meninos são educados para serem “homens duros”, não podem
ter medo, nem ser fracos ou se mostrar vulneráveis e acabam com isso, abafando
sua humanidade. Questiona por que se ensina que as meninas devem ter como
grande aspiração na vida adulta o casamento e não se faz o mesmo ao homem, e
por que se atribui o rótulo de fracassada às que não se casam e o mesmo não
ocorre com os homens. Afirma que a linguagem dentro do casamento frequentemente
é de posse e não de parceria, dessa forma a mulher desde sua infância é
ensinada a abrir mão de seus sonhos para não ameaçar o papel que a sociedade
atribui ao homem, dessa forma, a menina é ensinada que pode ser ambiciosa, mas,
não muito. Deve buscar o sucesso, mas, não muito. Chimamanda reitera que a
cultura não faz as pessoas. As pessoas fazem a cultura! Se uma humanidade
inteira de mulheres não faz parte da nossa cultura, então temos que mudar nossa
cultura!
P.S. Chimamanda
quando criança leu no dicionário que feminista é a pessoa que acredita na
igualdade social, política e econômica entre os sexos. E pensa que feminista é
todo homem ou mulher que diz: sim, existe um problema de gênero ainda hoje e
temos que resolvê-lo, temos que melhorar”. Todos nós, homens e mulheres temos
que melhorar!
Sugestão de boa leitura:
Sejamos todos feministas - Chimamanda Ngozi
Adichie.
Editora Companhia das
Letras, 2014, 89 páginas.
Preço: R$ 15,90
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