Este escriba quando
nos bancos universitários se encontrava, recebeu lições de seus mestres de que
o Brasil era uma democracia racial. Este país acolhia e respeitava todas as
etnias que para cá vinham. Tal teoria se embasava na obra de pensadores dos
anos 1930. Na verdade, se buscava criar uma fábula para adultos de que o
gigante da América do Sul era diferente do gigante da América do Norte (os
Estados Unidos da América), uma nação preconceituosa e xenófoba, não por acaso,
berço da famigerada Ku Klux Klan, organização segregacionista que prega a
superioridade da raça branca anglo-saxã, e que desejava, quando de sua criação,
a deportação dos negros de volta à África ou para outros países.
Eis que em pleno século XXI, o Brasil sai do armário,
elege Bolsonaro, um político que em várias oportunidades fez falas fascistas, xenófobas,
machistas, racistas, homofóbicas, misóginas e carregadas de preconceito de
classe. Não se pode pensar, sob pena de contrariar um mínimo de racionalidade,
que as pessoas que elegeram Bolsonaro, o fizeram sem ter consciência disso. Há
inúmeras gravações. Se ele foi o político mais votado é porque seus eleitores
são também fascistas, xenófobos, machistas, racistas, homofóbicos, misóginos e
portadores de preconceito de classe, ou pensam que isso é algo sem importância,
o que evidenciaria uma suprema falta de inteligência. Afinal trata-se da pessoa
que irá representar o país perante o mundo.
O (a) Globo, após ter pedido desculpas pelo apoio ao Golpe Militar de
1964, fez uma reedição do mesmo, aparentemente para comemorar a vitória de
Bolsonaro sobre o partido que lhe é indigesto, o PT. Nele tenta pintar em
Bolsonaro as cores da direita, quando isso não corresponde à verdade. O (a)
Globo deveria saber que não adianta maquiar um monstro. Até um dirigente da Ku
Klux Klan manifestou apoio a Bolsonaro. A imprensa internacional vê (corretamente)
em Bolsonaro a extrema-direita. Aquela que já foi a de Hitler (Alemanha),
Mussolini (Itália), Franco (Espanha), e dos militares na ditadura militar
brasileira (1964-1985). Reportagens e charges em jornais e revistas
estrangeiras mostram a bandeira nacional sendo substituída pela bandeira
nazista, o Cristo Redentor fazendo a saudação nazista, etc.. O mundo vê
estarrecido e com tristeza a escolha do Brasil. Um político estadunidense
afirmou que toda nação tem o direito de se destruir e que o Brasil escolheu se
suicidar.
No editorial, O (a) Globo fala na oxigenação que esta
eleição proporcionou, embora Bolsonaro nada tenha de novo, pois, há três
décadas exerce cargos legislativos. Bolsonaro representa a velha política. A
política da Casa Grande que reconduz à Senzala a classe trabalhadora, sempre
que ela se assanha a dela querer sair. De acordo com uma pesquisa somos a
terceira nação mais ignorante do mundo. E, sabemos que um povo pouco afeito à
leitura da história está condenado a repeti-la. No editorial, O (a) Globo não
poupa críticas ao PT, e tal como no editorial de 1964, faz um contorcionismo
textual dando as cores que deseja (e não as reais) aos fatos que resultaram na
queda do PT e de Lula. O (a) Globo tem grande expertise em manipulação
ideológica. Não fala, por exemplo, que a ampla maioria de candidatos em igual
situação de Lula (condenados em segunda instância) puderam se candidatar e à
Lula isso foi negado. Lula era o único candidato que poderia livrar o Brasil do
vexame internacional e do risco que Bolsonaro representa. Foi impedido
justamente por ser potencialmente o vencedor. A Constituição é clara, “ninguém
pode ser preso antes do trânsito em julgado” (Art. 5, Inciso LVII). Somente
após a condenação em definitivo é que Lula poderia ser preso e perder os
direitos políticos. Não há no processo, provas concretas contra Lula, apenas
ilações (delações premiadas, pois, os réus sabem o que a Lava-Jato deseja ouvir
e disso querem se beneficiar).
Após a recondução dos escravos (a classe trabalhadora)
para a Senzala (de onde pensa que não deveria ter saído), O (a) Globo em seu
editorial (1964 Bis) alerta para a necessidade de pacificação do país, o que
soa zombeteiro, pois, a extrema-direita da qual Bolsonaro é signatário, costuma
fazê-lo com a repressão policial-militar. A paz social que a Casa Grande (da
qual O (a) Globo faz parte) deseja é o silêncio da Senzala (as vítimas de uma
das maiores desigualdades sociais do planeta). Talvez daqui a cinquenta anos, O
(a) Globo peça desculpas por este editorial e por ter apoiado Bolsonaro. Eu de
minha parte espero que a Globo acabe antes disso. A Globo ao empreender a
campanha anti-petista chocou o ovo da serpente da extrema-direita. Bolsonaro (no
governo) é sua cria!
Fonte:
Disponível em: http://www.pps.org.br/2018/10/29/veja-as-manchetes-e-editoriais-dos-principais-jornais-hoje-29-10-2018/
- Acesso em 30 de Outubro de 2018.
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