sexta-feira, 29 de janeiro de 2016
Para começo de conversa!
Após passar alguns dias de descanso no litoral em que a todo o momento me questionei sobre a surrealidade da crise, pois, vi rodovias congestionadas, filas para abastecimento nos postos de combustíveis e supermercados cheios de gente enchendo cestas e carrinhos. Na areia, a crise passou longe, comentei com uma pessoa que disse que as pessoas conseguiram ir para a praia “apesar da crise” por que fizeram uma reserva para isso, ora, se é possível fazer uma provisão para tirar férias, então, a crise não é aquela pintada pelas redes de TV, pois, crise mesmo é o que vivemos no governo militar com a hiperinflação e a explosão da concentração da renda, além do aumento galopante da dívida externa. Crise mesmo é a que vivemos durante o governo FHC em que o país passou o boné para o FMI pedindo socorro financeiro quatro vezes e não era para socorrer as 290 pessoas que morriam de fome por dia no país, mas, para patrocinar o programa “bolsa-banqueiro”.
É verdade que o ano de 2015 foi o de pior desempenho da economia no período dos governos petistas, e que neste início de 2016 a situação econômica exige cuidados, mas, nada que se compare ao que já vivemos no passado e se compararmos com outros países, mesmo no grupo de países desenvolvidos encontramos vários com endividamento em relação ao PIB muito superior ao Brasil. Quanto ao desemprego, a Espanha possui 26% (Brasil 7,9%). Há ainda um forte aumento de novos moradores de rua na Europa, no Japão e nos EUA sendo que neste último país há um aumento vertiginoso de pessoas que passaram a viver em barracas, por não mais conseguirem pagar a hipoteca de suas casas devido ao desemprego e a perda de poder aquisitivo, pois, a renda está migrando ainda mais para os bolsos dos mais afortunados.
O petróleo com a cotação baixa arrasa a economia de muitos países que dele dependem e como sabemos os países produtores de petróleo para garantir sua autonomia e organizar o mercado de petróleo criaram a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e a pergunta que fica é porque esta entidade não faz uma intervenção no mercado e segura a produção para estabilizar os preços em valores mais aceitáveis aos países produtores? Não o fazem porque a OPEP na prática não funciona, não há união entre os países e sim muitos jogos de interesses, além, disso, o petróleo da Arábia Saudita é controlado pela EXXON e também a Arábia Saudita que detém um dos mais baixos custos de extração deseja prejudicar o Irã em parceria com seu tradicional aliado Estados Unidos da América que também visa atingir a Venezuela e a Rússia, mesmo, que para isso, os lucros com o petróleo sejam menores e provoquem a falência das empresas estadunidenses que exploram gás de xisto pelo sistema de fraturamento hidráulico naquele país. Nas bolsas de valores do mundo todo, inclusive aqui no Brasil, a parte da oposição alienada descobriu nos últimos dias que a crise é global e é um desdobramento da crise de 2008 que agora atinge a economia chinesa que carregou nas costas o mundo durante o auge da crise nos EUA. Para nós brasileiros, a desaceleração chinesa preocupa imensamente mais que a marcha lenta da economia dos EUA, pais é com a China que mantivemos balanças comerciais superavitárias e inversamente com os EUA.
Não posso deixar de registrar minha indignação com o preço das tarifas dos pedágios paranaenses, simplesmente, não há explicação plausível para autoridades da época (Governos Jaime Lerner e FHC) terem realizado a concessão de tais rodovias de forma tão danosa à população e à economia paranaenses, pois, a impressão que fica é que a principal preocupação foi a de garantir lucros escorchantes para as empresas. Já li que as rodovias são diferentes e que não cabem comparações, no entanto, um estudo comparativo com as concessões recentes (Lula e Dilma) demonstra que os pedágios realizados no governo Lerner deveriam ter as tarifas reduzidas à metade e as obras de melhoramentos duplicadas.
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