quinta-feira, 23 de abril de 2015
Tempos estranhos!
Ao refletir sobre os dias atuais lembrei-me do filósofo Platão quando afirmou: “Tempos estranhos são esses em que vivemos, quando velhos e jovens são ensinados na escola da falsidade. E o único homem que se atreve a dizer a verdade é chamado de uma só vez de louco e insensato”. Penso que realmente vivemos tempos estranhos, pois, políticos corruptos conclamam pessoas às ruas para fazer manifestações contra uma presidenta eleita de forma legítima quando a própria Justiça nada encontrou que a incrimine. O que evidencia se tratar de um terceiro turno de uma elite arrogante e ignorante que não aceita as regras da democracia e que tem nos trabalhadores alienados, um exército de autômatos, sua demonstração de força. São tempos estranhos estes, em que pessoas não reconhecem os valores da democracia que vivem e pedem a volta de uma ditadura militar que suspendeu os direitos civis, prendeu arbitrariamente, torturou e matou opositores políticos.
São tempos estranhos estes, em que pessoas mesmo informadas sobre as injustiças sociais do modelo socioeconômico, o defendem com unhas e dentes, mesmo não sendo convidadas para jantar à mesa dos privilegiados e não recebendo destes senão as sobras. São tempos estranhos, pois, quem nunca precisou de educação pública, de saúde pública, etc. sai às manifestações exigindo isso, porém, buscando inviabilizar o grupo político que mais fez pelo povo excluído. São tempos estranhos estes em que costumamos encontrar nos jornais opiniões de articulistas e leitores de que os educadores devem trabalhar a política (não partidária) nas salas de aulas, mas aqueles educadores que ministram os conteúdos numa perspectiva crítica enfrentam processos ou são demitidos, numa clara demonstração que o reacionarismo da sociedade quer escolas que produzam mão de obra barata e alienada e não pessoas esclarecidas para contribuir na transformação da sociedade em algo melhor.
Tempos estranhos são estes em que muitos defendem um duro combate à corrupção (dos outros), mas de forma ilógica, não consideram corrupção a sonegação que praticam e defendem. Tempos estranhos são estes em que é preciso mostrar que o combate à corrupção deve começar pelas próprias práticas pessoais, e ainda é preciso afirmar que com isso não se faz a defesa dos políticos corruptos, pois, a corrupção não é exclusividade destes e boa parcela da sociedade pratica pequenas corrupções diariamente. Tempos estranhos em que é preciso afirmar que é hipocrisia fazer inflamados discursos contra a corrupção de um grupo político e se calar quanto à corrupção praticada por outros e que se queremos um país melhor a Justiça precisa investigar e punir todos os políticos envolvidos em atos ilícitos indistintamente de seus partidos, algo que não se observa atualmente em que parcela da sociedade, alienada, pensa ser a corrupção na atualidade e na história nacional, exclusividade de apenas um grupo político.
Tempos estranhos são estes em que pessoas defendem a redução da maioridade penal, mesmo sabendo que em nenhum país onde ela ocorreu, houve a redução da criminalidade e que os adolescentes são na maioria das vezes vítimas de uma sociedade excludente que nada ou pouco faz pelos desamparados, os quais encontram nos criminosos a atenção que não obtiveram do Estado. Tempos estranhos são estes em que os que os opositores do programa bolsa-família são pessoas que nunca passaram fome, e que muitas vezes se dizem religiosas. São tempos estranhos estes em que a inteligência é cerceada e combatida com alienação e arrogância, para que tal como Eduardo Galeano afirmou: “[...] a injustiça continue injusta e a fome, faminta”.
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