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sábado, 20 de dezembro de 2025

Os fantasmas do Sr. Scrooge (versão sintetizada do original de 2017)

 

                 Alguns artigos, que no passado publicamos, merecem e devem ser republicados e relidos, é o caso de "Os fantasmas do Sr. Scrooge", especialmente nesta época natalina, eis-lo: Algumas pessoas tiveram o privilégio de assistir à bela apresentação da escola Ballerina de Laranjeiras do Sul, no ano de 2017, inspirada em “Um Conto de Natal” de Charles Dickens (1812-1870). Muitos, porém, conhecem a história pelo desenho da Disney, onde o protagonista Ebenezer Scrooge é o Tio Patinhas.

            Na obra de Dickens, Scrooge é um homem rico e endurecido, que explora seu empregado e rejeita o espírito natalino. Tudo muda quando o fantasma de seu sócio morto o alerta sobre as consequências de sua vida vazia. Visitado pelos fantasmas do Natal Passado, Presente e Futuro, ele revive sua trajetória e, ao testemunhar o sofrimento de seu funcionário e do filho doente deste, transforma-se profundamente.

            Hoje, ainda há muitos Scrooges entre nós. Eles celebram o Natal pelo comércio, pelos lucros, mas não pela reflexão. Declaram-se cristãos, mas defendem tortura, prisões arbitrárias e pena de morte, práticas que o próprio Cristo sofreu e rejeitou. Ele, que acolheu a todos, inclusive os marginalizados, propunha um reino de justiça aqui e agora, não apenas no além.

            Alguns Scrooges comandam igrejas como negócios, outros usam a política para servir a interesses contrários ao bem comum. Apaixonados pelo dinheiro, acumulam fortunas muitas vezes manchadas por injustiças, enquanto rejeitam políticas sociais, chamando-as de “comunismo”. Precisam da pobreza para fazer atos de caridade nas épocas festivas, para dessa forma parecerem generosos e sentirem-se seres humanos especiais.

            Enquanto isso, em muitos lares, o Natal será sem presentes ou sequer um prato de carne. Pais desempregados ou subempregados, com salários miseráveis, famílias na pobreza extrema, cortes de auxílios, realidades que, como disse Milton Santos, não são acidentais: “A fome é uma decisão política”.

            Termino com palavras que ecoam Paulo Freire: "sonho com o dia em que a justiça social venha antes da caridade". Que este Natal nos incomode, nos mobilize e nos lembre que um outro mundo é possível, mais humano, mais justo, mais fraterno.


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