Zakaria nasceu no
país, cuja população à exceção da estadunidense é que mais admira o país
iankee. Em nenhum outro país os ideais estadunidenses impostos pelo Big Brother
Sam foram tão bem recebidos e assimilados. O sonho de grande parte dos jovens
indianos é conseguir uma bolsa de estudos numa grande e famosa instituição
estadunidense de Ensino Superior para fazer a graduação ou a pós-graduação. A
maior parcela destes jovens retorna à Índia e aplica os conhecimentos
adquiridos em benefício do país que juntamente com o Brasil, a Rússia, a China
e a África do Sul formam o grupo de países emergentes conhecidos como BRICS.
Apesar do título “O mundo pós-americano”, Zakaria, logo na primeira linha à
página 11, esclarece: “este livro não é sobre o declínio dos Estados Unidos da
América, mas, sobre a ascensão de todos os outros países”.
E em toda a obra o autor, apesar de indiano de nascimento
demonstra grande assimilação da cultura e modo de pensar estadunidense e, por
vezes, tem-se a impressão de que pensa e escreve como um indiano, noutras, como
um estadunidense de nascimento. Como exemplo, e fortemente discordando de sua
opinião, Fareed menospreza o poder bélico da China, talvez, pela dupla
influência cultural indo-estadunidense ao afirmar que a China não teria poder
suficiente para bombardear com artefatos nucleares mais do que a costa
estadunidense e que o país asiático teria apenas cerca de 50 mísseis nucleares,
esquecendo-se que a China já colocou um astronauta no espaço e que possui
submarinos nucleares nas proximidades daquela potência que dispensam os mísseis
de longo alcance, porém, mesmo estes, são estimados pelos especialistas em
geopolítica em um número entre mil e dois mil mísseis armados com ogivas
nucleares de alto poder, quantidade suficiente para riscar a vida humana do
planeta.
Zakaria também possui uma interpretação nitidamente
estadunidense dos fatos acerca da Venezuela e do Irã e coloca ambos os países
no status de pária, no entanto, quem conhece a história e a estudou com
distanciamento científico entende a razão destas nações nos seus
posicionamentos e concorda com a maioria das opções por elas adotadas, mas,
isso é algo que não está acessível na Grande Mídia, que nada mais é do que um
forte instrumento a serviço do Imperialismo. Fareed evidencia o grande
crescimento econômico de várias nações do planeta nas duas últimas décadas e dá
especial atenção aos países emergentes que constituem o grupo de países
subdesenvolvidos cujo resgate do anonimato e ascensão ao protagonismo no palco
dos debates da governança global se deu pela crescente importância econômica e
política, pois, já não é mais possível gerir o planeta sem consultá-los.
O autor em sua
obra relata feitos grandiosos de tais países na área da educação, da inclusão
social, do avanço tecnológico e na construção de uma infraestrutura interna
mais elaborada e funcional. Afirma que a história humana é marcada por três
mudanças: A ocidentalização do mundo; a ascensão dos Estados Unidos; e, a
ascensão do resto. O livro discorre sobre o que esperar deste mundo em gestação
e o que esperar dos Estados Unidos e ao se referir à história, aponta que os
Estados Unidos podem agir como a Inglaterra que tentou minar o desenvolvimento
de novas potências na Europa e reinar absoluta, iniciativa em que fracassou, ou
agir como o chanceler alemão Bismarck e fazer alianças e estreitar laços de
cooperação. O autor aponta caminhos para a governança estadunidense nesse novo
tempo. Penso que somente o tempo dirá, mas, a impressão até aqui é que os
governantes daquele país têm bastante sangue inglês nas veias.
Sugestão
de boa leitura:
Título: O
mundo pós-americano.
Autor: Fareed Zakaria.
Editora:
Companhia das Letras, 2008, 312 p.
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