Num desses dias estava conversando com uma colega que é
professora de Filosofia e contei-lhe que li dois livros sobre a aplicação
terapêutica da Filosofia em consultas com pacientes que desejam conseguir ajuda
para resolver os problemas da vida que se acumulam e os/as colocam em becos sem
saídas. Comentei que essa tendência se observa mais fortemente fora do Brasil,
principalmente nos Estados Unidos da América e também na Europa. Afirmei que
existe muita gente da área da Psicologia que não está gostando dessa invasão
dos filósofos em sua área de atuação e que os consideram despreparados para
exercer tal função, enquanto, outros que já são psicólogos estão indo atrás dos
ensinamentos de Filosofia para ao se especializar, oferecer um algo a mais para
os seus “clientes”, uma vez que os psicólogos, segundo li, não chamam as
pessoas que atendem como pacientes. Comentei com a minha colega que os
filósofos clínicos auxiliam seus clientes a desatar os nós que a vida lhes
apresentou através de sugestões embasadas na teoria de filósofos tais como
Platão, ou seja, como Platão pensaria e resolveria o imbróglio em questão
apresentado pelo(a) cliente.
Todos conhecemos pessoas que passaram por uma situação
traumática que dividiu sua vida ao meio com “um antes e um depois” que pode ser
a morte de entes queridos ou a queda vertiginosa do padrão de vida e do status
social, porém, a forma como as pessoas lidam com isso é sempre particular,
algumas “tiram de letra”, outras demoram a se adaptar à nova situação, outras
jamais conseguem superar e tornam-se consumidoras de calmantes e
antidepressivos, inclusive, é digno de nota que o consumo de tais medicamentos
em nosso país só faz aumentar. A minha colega perguntou-me se conhecia o termo
“ataraxia” e afirmei que não, ela então me apresentou um texto e explicou-me
que por ataraxia entende-se “o estado do homem em que ele se encontra
imperturbável frente às emoções, uma condição de tranquilidade, na qual,
independentemente dos fatos, o indivíduo permanece inabalável, sem se deixar
arrastar por alegrias e prazeres, nem por dores e tristezas”.
Ela afirmou que gostaria de atingir tal estágio que era
considerado pelos filósofos gregos “uma conquista possível e equivalente à
própria felicidade humana”. Quem não queria, não é mesmo? Para encerrar, nada
melhor que citar o gênio da psicanálise Freud quando disse “somos feitos de
carne, mas temos de viver como se fôssemos de ferro”, assim, caro(a) leitor(a)
mantenha sempre em sua “farmácia caseira” doses de resiliência e de ataraxia,
pois, desejo que nunca precises, mas, se precisares, que a superação seja
rápida e o(a) torne um alguém mais forte.
Sugestão
de boa leitura:
MARINOFF, L. Mais Platão e menos Prozac: A Filosofia
aplicada ao cotidiano. 2002, Editora Record. __________. Pergunte a Platão. Terapia para quem não precisa de terapia ou como
a Filosofia pode mudar sua vida. 2005, Editora Record.
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