Uma de minhas lembranças do
tempo de criança é o fato de ter assistido pela TV (ao vivo), a transmissão do
casamento da Princesa Diana com o Príncipe Charles. Lembro que ficamos admirados
com a grandiosidade do evento que, segundo estimativas teria sido assistido por
cerca de 750 milhões de pessoas ao redor do planeta. Eu, minha família e a
quase totalidade dos espectadores do planeta, não podíamos imaginar os ruidosos
bastidores desse romance e, levados pela beleza da celebração e de Lady Dy,
que, era então alçada ao título de Princesa de Gales, acreditamos que o casal
estava selando uma união duradoura e que um dia os veríamos desempenhando os
papeis para os quais estavam destinados no trono da Inglaterra. No entanto,
como todos sabem, nos contos, a princesa prova do veneno e dorme eternamente,
porém, é acordada, Diana, em vida, provou o veneno, mas, jamais acordou.
A ideia desse artigo é oriunda do fato de haver assistido
a série "The Crown" da Netflix e em dado episódio, tomar conhecimento
do livro "Diana: sua verdadeira história" do jornalista e escritor
britânico Andrew Morton (1953) que abalou as estruturas da monarquia inglesa.
Curioso, baixei o livro em formato digital no meu e-reader para tomar
conhecimento da famosa obra que tanto gerou polêmica no ano de 1993. Concluída
a leitura, penso que a necessidade de uma reflexão acerca do ser humano Diana
Frances Spencer e das demais personagens envolvidas na trágica história, não
pode ser feita sob o signo da emoção. Também, o distanciamento acerca de nosso
posicionamento crítico ao papel historicamente representado pelo Império Inglês
e de sua monarquia à luz do século XXI, se faz preciso. De qualquer forma,
resultaria algo grande demais para o objetivo aqui pretendido, é necessário
simplificar.
Diana Frances Spencer (1961-1997) foi uma aristocrata e
filantropa nascida no Reino Unido. Diana teve sua infância marcada pela
separação dos pais, algo que impactou em sua vida. Tendo ficado (juntamente com
seus irmãos) sob a guarda de seu pai Conde John Spencer após disputa judicial
entre o casal. Tanto sua mãe, como seu pai contraíram novos matrimônios (algo
que não agradou os irmãos Spencer). Diana, nunca foi brilhante nos estudos, tal
papel era desempenhado por seu irmão, Charles. No entanto, Diana frequentou
boas escolas e, apesar de ser filha de uma família abastada, trabalhou como
faxineira e professora de jardim de infância. A questão envolvida é cultural, entre
os ingleses, não há nada de errado ou reprovável em alguém nascido de bom
berço, exercer um trabalho humilde. O trabalho, em si, é para eles
dignificante, algo que não condiz com o imaginário coletivo brasileiro, cuja
mentalidade colonial e escravocrata vê em tal fato uma humilhação
desnecessária. Diana não via assim, adorava crianças e gostava muito de fazer
faxina.
A obra, mostra uma Diana apaixonada, mas, que percebe a
existência de uma sombra naquele relacionamento, Camila Parker Bowles. Diana,
às vésperas do casamento, sendo tratada com descaso pelo Príncipe, que vê no
casamento o cumprimento de seu papel na linha sucessória, mas, cujo amor era
devotado a uma mulher casada, tenta sem sucesso argumentar quanto a necessidade
de cancelar aquele casamento. É convencida pelo Príncipe que com o casamento, o
passado ficará para trás. Não ficou. Diana, nunca teve apoio e o carinho que
desejava da família real. De Charles, nunca teve o amor e o companheirismo que
esperava. Diana beijou o príncipe e, ele num passe de mágica se transformou num
sapo ao longo de todo o casamento. Os dias se passaram e o casal perfeito era
algo do imaginário popular alimentado por belas fotos e aparições em eventos
públicos programadas para simular uma harmonia inexistente entre o casal.
Diana conseguia sorrir perante as câmeras, apesar de
estar com sua vida e emocional destroçados com as informações que coletava
quanto a continuidade do relacionamento de Charles com Camila. Diana
dedicava-se aos filhos e à filantropia. Fazia aparições e arrecadava recursos
para entidade filantrópicas que apoiava. Ia a hospitais e abraçava os doentes,
conversava com eles e o fazia sem a intenção de ganhar publicidade, pois, não
chamava os repórteres. Na verdade, tinha dificuldades com os jornalistas, pois,
não lhe davam o direito a privacidade. Muitas reportagens ácidas foram feitas
quanto à princesa, especialmente quando se divorciou e deixou de ter a proteção
da família real. A perseguição dos paparazzi ao carro (dirigido em alta
velocidade por um motorista embriagado) em que estava com seu namorado, o milionário
Dodi Al-Fayed resultou num trágico acidente que vitimou o casal e o motorista.
Em seu funeral, seu irmão, o Conde Charles disse que
Diana não precisava do título de Princesa (que lhe foi retirado pela família
real com a separação) e nem ser tomada como uma santa, ela brilhava por si
mesma. No Palácio de Kensington, onde morava, junto à cerca, quantidades
colossais de flores e mensagens foram depositadas. Uma dessas mensagens dizia:
"Não morre aquela que estará eternamente em nossos corações". A
popularidade de Diana, sempre incomodou a família real, especialmente o
príncipe Charles.
"Diana, a princesa de Gales escreveu poesia em
nossas almas. E nos deixou maravilhados" (Andrew Morton).
Sugestão
de boa leitura:
Título:
Diana: sua verdadeira história.
Autor:
Andrew Morton.
Editora:
Best Seller, 2013, 350 p.
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