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sábado, 16 de setembro de 2023

Diana: sua verdadeira história


 

Uma de minhas lembranças do tempo de criança é o fato de ter assistido pela TV (ao vivo), a transmissão do casamento da Princesa Diana com o Príncipe Charles. Lembro que ficamos admirados com a grandiosidade do evento que, segundo estimativas teria sido assistido por cerca de 750 milhões de pessoas ao redor do planeta. Eu, minha família e a quase totalidade dos espectadores do planeta, não podíamos imaginar os ruidosos bastidores desse romance e, levados pela beleza da celebração e de Lady Dy, que, era então alçada ao título de Princesa de Gales, acreditamos que o casal estava selando uma união duradoura e que um dia os veríamos desempenhando os papeis para os quais estavam destinados no trono da Inglaterra. No entanto, como todos sabem, nos contos, a princesa prova do veneno e dorme eternamente, porém, é acordada, Diana, em vida, provou o veneno, mas, jamais acordou.

            A ideia desse artigo é oriunda do fato de haver assistido a série "The Crown" da Netflix e em dado episódio, tomar conhecimento do livro "Diana: sua verdadeira história" do jornalista e escritor britânico Andrew Morton (1953) que abalou as estruturas da monarquia inglesa. Curioso, baixei o livro em formato digital no meu e-reader para tomar conhecimento da famosa obra que tanto gerou polêmica no ano de 1993. Concluída a leitura, penso que a necessidade de uma reflexão acerca do ser humano Diana Frances Spencer e das demais personagens envolvidas na trágica história, não pode ser feita sob o signo da emoção. Também, o distanciamento acerca de nosso posicionamento crítico ao papel historicamente representado pelo Império Inglês e de sua monarquia à luz do século XXI, se faz preciso. De qualquer forma, resultaria algo grande demais para o objetivo aqui pretendido, é necessário simplificar.

            Diana Frances Spencer (1961-1997) foi uma aristocrata e filantropa nascida no Reino Unido. Diana teve sua infância marcada pela separação dos pais, algo que impactou em sua vida. Tendo ficado (juntamente com seus irmãos) sob a guarda de seu pai Conde John Spencer após disputa judicial entre o casal. Tanto sua mãe, como seu pai contraíram novos matrimônios (algo que não agradou os irmãos Spencer). Diana, nunca foi brilhante nos estudos, tal papel era desempenhado por seu irmão, Charles. No entanto, Diana frequentou boas escolas e, apesar de ser filha de uma família abastada, trabalhou como faxineira e professora de jardim de infância. A questão envolvida é cultural, entre os ingleses, não há nada de errado ou reprovável em alguém nascido de bom berço, exercer um trabalho humilde. O trabalho, em si, é para eles dignificante, algo que não condiz com o imaginário coletivo brasileiro, cuja mentalidade colonial e escravocrata vê em tal fato uma humilhação desnecessária. Diana não via assim, adorava crianças e gostava muito de fazer faxina.

            A obra, mostra uma Diana apaixonada, mas, que percebe a existência de uma sombra naquele relacionamento, Camila Parker Bowles. Diana, às vésperas do casamento, sendo tratada com descaso pelo Príncipe, que vê no casamento o cumprimento de seu papel na linha sucessória, mas, cujo amor era devotado a uma mulher casada, tenta sem sucesso argumentar quanto a necessidade de cancelar aquele casamento. É convencida pelo Príncipe que com o casamento, o passado ficará para trás. Não ficou. Diana, nunca teve apoio e o carinho que desejava da família real. De Charles, nunca teve o amor e o companheirismo que esperava. Diana beijou o príncipe e, ele num passe de mágica se transformou num sapo ao longo de todo o casamento. Os dias se passaram e o casal perfeito era algo do imaginário popular alimentado por belas fotos e aparições em eventos públicos programadas para simular uma harmonia inexistente entre o casal.

            Diana conseguia sorrir perante as câmeras, apesar de estar com sua vida e emocional destroçados com as informações que coletava quanto a continuidade do relacionamento de Charles com Camila. Diana dedicava-se aos filhos e à filantropia. Fazia aparições e arrecadava recursos para entidade filantrópicas que apoiava. Ia a hospitais e abraçava os doentes, conversava com eles e o fazia sem a intenção de ganhar publicidade, pois, não chamava os repórteres. Na verdade, tinha dificuldades com os jornalistas, pois, não lhe davam o direito a privacidade. Muitas reportagens ácidas foram feitas quanto à princesa, especialmente quando se divorciou e deixou de ter a proteção da família real. A perseguição dos paparazzi ao carro (dirigido em alta velocidade por um motorista embriagado)  em que estava com seu namorado, o milionário Dodi Al-Fayed resultou num trágico acidente que vitimou o casal e o motorista.

            Em seu funeral, seu irmão, o Conde Charles disse que Diana não precisava do título de Princesa (que lhe foi retirado pela família real com a separação) e nem ser tomada como uma santa, ela brilhava por si mesma. No Palácio de Kensington, onde morava, junto à cerca, quantidades colossais de flores e mensagens foram depositadas. Uma dessas mensagens dizia: "Não morre aquela que estará eternamente em nossos corações". A popularidade de Diana, sempre incomodou a família real, especialmente o príncipe Charles.

            "Diana, a princesa de Gales escreveu poesia em nossas almas. E nos deixou maravilhados" (Andrew Morton).

Sugestão de boa leitura:

Título: Diana: sua verdadeira história.

Autor: Andrew Morton.

Editora: Best Seller, 2013, 350 p.

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