Antoine Jean-Batiste Marie
Roger Foscolombe (1900-1944), Conde de Saint-Exupéry, popularmente conhecido
como Antoine de Saint-Exupéry, autor da mundialmente célebre obra "O
pequeno príncipe", o terceiro livro mais vendido no mundo, atrás apenas da
Bíblia Sagrada e do Al Corão. Saint-Exupéry foi escritor, ilustrador e piloto
civil e militar francês. Desde jovem foi contaminado pelo fascínio às máquinas
voadoras. Tendo sido reprovado em sua tentativa de ingressar no corpo de
pilotos militares de seu país não desiste e aos 21 anos de idade já possuía o
brevê de piloto civil e, no ano seguinte volta à carga e consegue também o
brevê de piloto militar no posto de subtenente da reserva. Saint-Exupéry fez
parte de um grupo de arrojados pilotos que por meio do correio aéreo
trabalharam interligando regiões isoladas do planeta com pouca ou nenhuma
infra-estrutura de apoio tendo sobrevivido a vários acidentes, porém, com
sequelas. Sua vida se encerrou, já como piloto de guerra, fazendo aquilo que
mais gostava, voando.
A presente obra é a terceira que leio do autor, as
predecessoras foram "O Pequeno Príncipe" e "Piloto de Guerra"
(já resenhada neste espaço). Antoine de Saint-Exupéry foi aviador em uma época
em que a cada vez que um piloto levantava voo, a incerteza de sua volta tomava
conta de quem o esperava, pois os acidentes eram comuns, voos cegos (noturnos
eram os piores) sem auxílio do rádio também. Nessas ocasiões, a solução era
reduzir a altitude para tentar localizar luzes de alguma cidade, entender sua
posição e buscar as luzes que iluminavam a pista em que devia descer. Caso não
conseguisse, voar até acabar o combustível, levar o avião a uma área não
habitada e planar até o pouso incerto. É interessante observar que
Saint-Exupery tinha a intrepidez para se lançar aos céus nesta época em que a
mecânica dos aviões não era tão confiável quanto na atualidade e os aparelhos
de navegação eram medíocres e muito falhos e, ao mesmo tempo ser possuidor de
uma escrita delicada e poética para narrar suas aventuras e, o aprendizado que
com elas teve, demonstrando também o lado filosófico de sua mente.
O autor de O Pequeno Príncipe amava a sua profissão. Ser
aviador era um sonho para cuja realização muito lutou. Naqueles tempos
pioneiros da aviação intercontinental, o piloto tinha que entender um pouco de
vários ofícios, tais como a astronomia (localização pelos astros), a meteorologia
(para entender as condições atmosféricas), a mecânica de aviões (para entender
e consertar pequenos problemas da aeronave), etc. Saint-Exupéry nos exorta a
fazer aquilo que amamos e a fazê-lo da melhor forma possível. Se cairmos (no
caso dele, com o avião), levantar e recomeçar a caminhar, nunca desistindo do
que pretendemos. O autor quando se encontrou no meio do deserto do Saara após
uma queda, mesmo com sede e fome, jamais desistiu de encontrar meios para manter-se
vivo. A obra, como já ficou subentendido, encontra-se dividida em capítulos,
nos quais o autor comenta numa narrativa semelhante a um diário, algumas de
suas aventuras marcantes, muitas delas trágicas (perda de colegas aviadores) e
outras de grande regozijo, quando colegas sobreviveram a acidentes, ou no caso
citado, ele próprio sobreviveu. Saint-Exupéry voava pelo Correio Aéreo Francês
para a África e, mais tarde para a América do Sul. Em suas viagens, ele afirmou
ver de perto a morte de colegas, a guerra e a fome. Com sua mente sagaz e seu
olhar atento, observou na sociedade humana o que ela tinha de melhor e o que
ela tinha de pior, porém acreditava que a tarefa da humanidade era
aperfeiçoar-se a si própria, visando a cada dia alçar um voo mais alto. Fica a
dica!
Sugestão de boa leitura:
Título:
Terra dos homens.
Autor:
Antoine de Saint-Exupéry.
Editora:
4Estações, 2021, 176 p.