José Maria de Eça de Queirós
(1845-1900), foi um escritor e diplomata português. É considerado um dos mais
importantes escritores portugueses. Foi autor de romances internacionalmente
reconhecidos tais como Os Maias, O crime do Padre Amaro e Primo Basílio
(Wikipédia). A obra aqui resenhada, intitulada "Os Maias" pertence à
fase realista do escritor. O leitor deve lembrar de uma adaptação de tal obra
produzida e veiculada pela TV Globo. Este escriba à época não assistiu a
produção que contou com 45 episódios, portanto nada pode dizer sobre a mesma.
Devo confessar que o fato de ser um calhamaço fez com que
por várias vezes adiasse o início da leitura de tal livro, a exceção disso,
tinha grande expectativa sobre a mesma, afinal, trata-se de uma obra de Eça de
Queirós. O livro de Eça narra a história de três gerações da abastada família
Maia durante o século XIX. A trama perpassa os principais acontecimentos
históricos tais como a fuga da família real portuguesa para o Brasil (1808) e a
Comuna de Paris (1871). A história se inicia com Afonso da Maia, o avô de
Carlos, personagem principal da obra. Eça retrata o cotidiano, os costumes, o
pensamento de uma típica família da elite lisboeta daquele século. O livro tem
ênfase na terceira geração da família, a do neto Carlos que tem como seu
principal amigo João da Ega, personagem esta que é alter ego do próprio Eça de
Queirós. Carlos é filho de Pedro da Maia que se casou com Maria Monforte uma
brasileira, filha de um comerciante de escravos. Tal união se deu sem a
aprovação do avô Afonso. Pedro fugiu com a moça, porém, o casal sempre fez
planos para retornar à casa paterna e obter o perdão do pai e a aceitação da
união tendo como trunfo o casal de filhos que tiveram.
Maria Monforte, no entanto, abandona o marido e leva a
filha pequena consigo. Procurada por agentes do ex-marido, avisa que a filha
havia morrido. Pedro retorna com o menino Carlos e pede desculpas ao pai. Ele
estava certo. Não deveria ter se unido à brasileira. Um fato interessante na
obra é o de que as personagens brasileiras (homens ou mulheres) não são
consideradas confiáveis. Pedro não supera a desilusão e se suicida. O menino
Carlos é criado pelo avô Afonso. João da Ega (também de família rica) voltando
de viagem internacional se estabelece na casa da mãe e resolve visitar o amigo
Carlos que também havia chegado a pouco de uma longa viagem. Os dois rapazes
levam uma vida vazia, despreocupada e, bastante agitada no âmbito dos
relacionamentos com o sexo oposto, nada, porém a sério. Isso muda quando Carlos
conhece uma linda mulher (brasileira) que possuía um passado que não estava à
altura da família Maia, afinal, já fora casada, possuía uma filha (Rosa) e já
havia sido sustentada como amante por um brasileiro rico.
Carlos instala secretamente a jovem Maria Eduarda em uma
propriedade da família, a fim de que possa com ela conviver enquanto pensa como
contar ao avô, porém, preocupado com a decepção que ele teria, é aconselhado
por João a manter o relacionamento em segredo, afinal o avô (doente) tem poucos
anos de vida pela frente e não deveria desapontá-lo. Dâmaso Salcede, amigo de
Carlos, por despeito, faz publicar uma nota difamatória num jornal da imprensa
marrom expondo o relacionamento de Carlos com Maria Eduarda. Carlos resolve
chamar Dâmaso para um duelo, como este se recusa, João da Ega redige e faz com
que Dâmaso copie de próprio punho uma carta de retratação em favor de Carlos.
Tal carta expõe ao ridículo o autor da difamação, que, em verdade nada tinha de
falsidade. A obra tem ao final uma revelação surpreendentemente trágica.
A honestidade me cobra, portanto, afirmo que a leitura
dessa obra ficou aquém do que esperava. No entanto, procurarei ler outras obras
do autor. Ninguém lê o mesmo livro, portanto indico com a ressalva!
Sugestão de boa leitura:
Título: Os Maias.
Autor: Eça de Queirós.
Editora: Garnier, 2021, 529 pág.
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