Chuck Palahniuk (1962) é um
escritor estadunidense de ascendência ucraniana. O seu trabalho mais popular é
"Clube da Luta", que foi posteriormente adaptada para o cinema
(Wikipédia). Devo dizer que várias vezes peguei o livro nas mãos, mas acabava deixando
para outro momento. Não tinha grandes expectativas quanto ao mesmo. E devo
dizer que mesmo após sua leitura, não o considero uma peça brilhante da
literatura estrangeira, mas, as premissas acerca das quais a obra se desenvolve
trazem grande significado filosófico. Como já disse em outras oportunidades,
"ninguém lê o mesmo livro". O envolvimento com uma dada obra é sempre
algo particular. O nível de interpretação da mesma, idem. Assisti também o
filme e devo dizer que ele é uma das poucas exceções à regra de que "os
livros são sempre melhores do que as adaptações para o cinema". O próprio
autor afirmou que o filme dirigido por David Fincher e estrelado por Brad Pitt é um aprimoramento
de sua obra escrita. Compartilho dessa opinião. O filme é ainda melhor que a
obra escrita.
Como disse, "ninguém lê o mesmo livro",
portanto não tenho a pretensão de fazer uma análise definitiva deste, meus
parcos conhecimentos filosóficos e a modéstia resultante disso me impedem de
tal empreitada. O filme foi indicado apenas para o Oscar de Melhor Edição de
Som (2000) o qual acabou levando. A película foi muito criticada e a bilheteria
ficou aquém do esperado, mas, particularmente gostei da adaptação, pois elevou
a obra escrita a um patamar acima. A personagem principal não tem nome,
chamarei apenas de narrador. A intenção do autor foi a de identificá-lo com
qualquer pessoa comum da sociedade de consumo de massa estadunidense. Ele tem
um emprego entediante no setor administrativo em uma montadora de automóveis. O
narrador compensa seu vazio existencial gastando seu dinheiro em móveis de
grife para seu apartamento. Não tem namorada e nem amigos. Considera
descartáveis todos os relacionamentos, seja com os colegas de trabalho ou com
as pessoas que conhece. Tinha como hábito fazer compras de artigos supérfluos e
também a faxina de seu apartamento com o intuito de liberar o estresse diário. Ao
consultar um médico sobre a insônia que sofria, este se recusa a dar-lhe drogas
para dormir e aconselha-o a visitar grupos de apoio à pessoas que sofrem
verdadeiramente tais como os de câncer, etc. Este se torna um hábito e um
vício, frequenta-os como se doente fosse, porém, passa a se sentir um farsante
quando reconhece a personagem Marla Singer que também faz o mesmo (ambos utilizam
identidades falsas nestes grupos). Conversa com ela e combinam de não
frequentar os mesmos grupos de apoio. Ambos são pessoas que não se ajustam à
sociedade e pensam na morte como válvula de escape, porém, Marla está um passo
a frente neste quesito.
Em uma viagem de avião conhece Tyler Durden, a personagem
que é o seu exato oposto. Tyler desafia as regras e as leis. É um contestador
do sistema capitalista e sabotador contumaz, nem por isso ele é socialista.
Trata-se de uma pessoa que deseja se vingar da escravidão do corpo e da mente
imposta pela sociedade por meio de atos de rebeldia, de violência e de sabotagem.
O narrador que era uma pessoa bastante introvertida torna-se amigo de Tyler e
vai morar com ele quando o apartamento em que morava explode. Tyler monta o
Clube da Luta (bem somo as regras deste) no qual cidadãos das mais variadas
profissões vão e têm como objetivo esmurrar-se uns aos outros, porém de forma
organizada, um contra um e uma luta por vez. Durante o dia tais homens exercem
suas profissões sem comentar como adquiriram os hematomas e cicatrizes. O Clube
da Luta cresce e se espalha por todo os Estados Unidos da América. A obra traz
forte crítica à sociedade de consumo de massa (capitalismo), às relações
descartáveis da sociedade atual (trabalho, amizades, etc.), também traz uma
referência a que o Clube da Luta colocava seus membros em contato com sua
verdadeira essência masculina, prejudicada pela educação dos meninos que era
levada a cabo por mulheres. Paro aqui para evitar spoilers. Fica a dica da
leitura e do filme disponível em vários canais de streamings.
Sugestão de boa leitura:
Título: Clube
da luta.
Autor: Chuck Palahniuk.
Editora: Leya, 2012, 272 pág.
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