É
importante que eu diga que no meio literário há o consenso de que nenhum leitor
lê o mesmo livro, afinal, a interpretação da obra também passa pela bagagem
cultural e de vida de cada pessoa. Como o leitor sabe, não sou formado em filosofia, então, na condição de
leigo, escrevo apenas as minhas impressões sobre a obra em questão. "Friedrich
Wilhelm Nietzsche (1844 - 1900) foi um filósofo, filólogo, crítico cultural,
poeta e compositor prussiano do século XIX, nascido na atual Alemanha. Escreveu
vários textos criticando a religião, a moral, a cultura contemporânea, exibindo
uma predileção pela metáfora, ironia e aforismos (WIKIPÉDIA)". A obra tem
como título completo "Crepúsculo dos ídolos ou como se filosofa com o
martelo". O que o autor afirma ser a filosofia do martelo diz respeito a
sua intenção de quebrar ideologias que são em seu entender ídolos com pés de
barro, ou seja, não se sustentam. Nietzsche afirma ser loucura sacrificar a
vida por uma causa ideológica, pois, em seu ver tudo é ilusão, portanto deve-se
apenas desfrutar da vida. Segundo Nietzsche dizer sim à vida é esperar menos do
futuro, lamentar menos o passado que não foi bom e aceitar a vida como ela é. E
considera doentio quem nega a vida como ela é (apesar de seus inúmeros pesares).
Nisso critica a moral cristã, pois faz com que o homem abra mão dos seus
instintos carnais para viver um ideal que em seu ver não passa de ilusão.
O autor faz fortes críticas à
cultura ocidental e à Igreja (a qual considera fator de atraso da sociedade).
Como o leitor pode constatar nestas poucas linhas, o filósofo era polêmico, por
isso mesmo, odiado por uns, amado por outros. Ninguém passa indiferente à
leitura de sua obra. O próprio Nietzsche se considerava muito avançado para a
época que estava inserido e alegava ser este o motivo de seus livros não
venderem o que ele esperava. O filósofo odiava o método dialético de Sócrates e
se colocava em defesa dos interlocutores humilhados pelo filósofo grego.
Afirmava que a arte e não a razão deveria ser endeusada, pois, as forças ativas
estariam ligadas à criação (arte) e as forças reativas à moral. Nietzsche
afirmava que o racionalismo em excesso estava acabando com a humanidade.
Interessante observar como o autor
insere o termo niilismo, pois, no dicionário o mesmo se refere ao ponto de
vista que considera as crenças e os valores tradicionais infundados e que não
há qualquer sentido ou utilidade na existência. Nietzsche chama de niilistas as
pessoas que desperdiçam a vida moldando sua mente e sua forma de viver em
conformidade com as ideologias, a moral ou a crença cristã de uma vida após a
morte, que (em seu ver) eram ídolos (com pés de barro) que pretendia destruir
com sua filosofia do martelo para que o homem, enfim, livre pudesse viver (mesmo
que a vida não tivesse nenhum sentido). Ao dizer sua famosa frase "deus
morreu", Nietzsche estava na verdade afirmando que sua filosofia
demonstrava/confirmava a morte de todas as utopias. O filósofo criticava até
mesmo o ideal de igualdade dos comunistas e questionava sobre a quem
interessava ou servia, pois, segundo ele a sociedade é desigual por natureza e
a maioria dos indivíduos da sociedade é medíocre. Também o conceito de bem e de
mal, não passou incólume ao olhar e à mente ferina do filósofo, pois, dizia que
tais conceitos mudam com o passar do tempo e se diferenciam de uma região do
mundo para outra e, afinal, quem afirmou que são verdadeiros? Trata-se de
apenas mais um ídolo com pés de barro.
Rememorando as instigantes aulas da
disciplina isolada de filosofia de meu curso universitário nos quais tive a honra
de ser aluno da Mestra Ruth Rieth Leonhardt, digo que concluí com êxito a
leitura desta obra filosófica pois tenho mais dúvidas do que certezas e, segundo
a citada professora esta é a função da filosofia!
Sugestão de boa leitura:
Título: Crepúsculo dos ídolos
ou de como se filosofa com o martelo.
Autor: Friedrich Nietzsche.
Editora: Vozes de bolso, 2014, 120 pág.