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domingo, 2 de janeiro de 2022

Flores para Algernon

 

 

O escritor estadunidense Daniel Keyes (1927-2014) publicou oito livros sendo "Flores para Algernon" sua obra-prima. Keyes antes de alcançar sucesso com seus livros foi marinheiro e professor do ensino médio e universitário (universidade de Ohio), onde foi homenageado como Professor Emérito em 2000. O autor ganhou os prêmios Hugo e Nebula pelo conjunto de sua obra. Também foi escolhido como Autor Emérito da Science Fiction e Fantasy Writers of America em 2000. O livro Flores para Algernon foi publicado na forma de conto em 1959 sendo que somente em 1966 ganhou o formato de romance. Tal obra alcançou grande popularidade, sendo considerada um clássico da ficção científica. Algernon é um rato de laboratório que sofreu um procedimento cirúrgico no cérebro realizado por cientistas com o objetivo de aumentar seu nível de inteligência. Após a cirurgia, o rato em questão, demonstrou ter um desempenho muito superior aos ratos comuns. A fase seguinte da pesquisa científica tinha como objetivo repetir a experiência com um ser humano. O ser humano escolhido foi Charlie Gordon, um homem de 32 anos com deficiência intelectual grave. Sua escolha se deu por meio da indicação que sua professora da escola especializada em adultos com deficiência intelectual fez para os cientistas que a procuraram.

            Charlie tinha grandes limitações quanto à percepção da realidade, à aprendizagem e também quanto à socialização. Na família conviveu com a rejeição de seus pais, na escola era alvo de bullying, quando se tornou adulto a situação não melhorou, pois, seus colegas de trabalho também assim agiam. Na sociedade sofria o preconceito por ser uma pessoa com severo déficit cognitivo. Devido à sua dificuldade de interpretação da realidade, Charlie achava que as pessoas riam do que ele falava porque ele era legal e falava coisas engraçadas, na verdade, riam dele, de suas limitações. A família autoriza e ele é operado. A cirurgia no cérebro é um sucesso. Orientado pelos cientistas desde as semanas que antecederam a cirurgia, Charlie precisava escrever diariamente o "relatório de progresso" no qual deveria escrever suas observações sobre o dia, o que estava pensando, etc. O livro traz os relatórios que se dão entre março e novembro de um determinado ano, neles é visível a progressiva evolução de Charlie na escrita quanto à ortografia e a concatenação das ideias.

            Com o passar das semanas, Charlie que disputava um teste com o rato Algernon e sempre perdia, passa a vencê-lo. Em seguida ele começa a superar intelectualmente seus colegas de trabalho na padaria, seus professores e, até mesmo os cientistas. As recordações de momentos passados e agora postos sob análise o leva a descobrir que não riam com ele na escola ou no trabalho, mas, dele. Passa também a compreender a realidade e a sociedade e, conforme fica mais esclarecido, vai se tornando mais triste, amargurado. Outro fato é que as pessoas se assustam com sua inexplicável evolução e dele se afastam, começam a ver nele uma ameaça. Ele se vê sem amigos, geralmente pessoas muito inteligentes não são as mais populares, inclusive por resistência das pessoas comuns, afinal não consideram legal conviver com uma pessoa que fala, escreve e faz coisas melhores do que elas.

            Flores para Algernon é uma obra de referência no ensino médio dos Estados Unidos da América dada a dimensão da discussão que sobre ela é possível fazer. Na obra, conforme se torna mais inteligente, Charlie passa a apreciar mais a ciência e a se afastar de sua religiosidade. Charlie é levado para conferências científicas onde o pesquisador-chefe se vangloria de sua pesquisa quando Charlie pega o microfone e o repreende ao ser tratado como se fosse um animal de laboratório, afirmando que agora ou antes da cirurgia, ele tinha o status de ser humano e dessa forma se deveria referir a ele. O cientista obviamente ficou muito irritado e, quando Charlie passa a fazer relatórios de progresso que passam a se constituir em verdadeiros tratados científicos, ele perde a simpatia dos pesquisadores com seus egos feridos. Charlie observa que o rato Algernon começa a ter dificuldades em realizar tarefas para as quais fora treinado e após alguns dias morre. Charlie começa a pesquisar o que deu errado na pesquisa científica, pois receia que ele deva ter o mesmo fim. Encerro por aqui! Fica a dica, porém com a ressalva de que se trata de um livro que não é longo, mas possui "gatilhos", portanto não indico para pessoas com histórico de  traumas psicológicos. Digo que a obra me afetou fortemente, então considere sua história de vida antes de ler!

Sugestão de boa leitura:

Título: Flores para Algernon.

Autor: Daniel Keyes.

Editora: Aleph, 2018, 1ª edição, 288 pág.

      

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