Vivemos tempos de
negacionismo, de fake news e de obscurantismo. O físico, filósofo da ciência,
humanista, defensor do realismo científico, do sistemismo e da filosofia exata
Mário Bunge (1919-2020) sobre isso afirmou: "É mais fácil negar a ciência
do que estudá-la". A parcela da
sociedade pouco afeita ao estudo e à busca do conhecimento científico demonstra
ódio a quem baseia suas ações e argumentações no conhecimento científico e, a
estas se contrapõem se baseando no senso comum para interpretar os fatos a seu
bel-prazer dando a eles os tons que deseja. O intelectual estadunidense Noam
Chomski disse (acertadamente) que as pessoas já não acreditam nos fatos, mas
nas interpretações/distorções dos fatos que mais lhe agradam.
Pesquisas científicas mostram que, pela primeira vez, os
filhos têm QI's (quociente intelectual) mais baixos que os de seus pais. Como
se trata de algo novo, evidentemente os estudos prosseguem na busca do
entendimento das causas de tal fato. É verdade que os jovens são bombardeados
por informações e têm todo um aparato tecnológico a sua disposição. Sabemos,
porém que o conhecimento é a reflexão/interpretação criteriosa da informação
acerca dos fatos, sendo que é neste ponto que a coisa degringola. O ato de ler, refletir e formular
as hipóteses/respostas é a receita para a construção do conhecimento na mente
do jovem e, muito disso se perdeu. A juventude tem acesso à informação, mas,
não consegue identificar a inter-relação entre os fatos, suas causas e
consequências, afinal, nunca foi tão fácil encontrar respostas para as
atividades da escola (tarefas, trabalhos e provas), não é necessário sequer ler
(e muitos não leem mesmo), basta digitar a pergunta no Google. Esse momento que
vivemos foi retratado pelo cinema no filme "Idiocracy", no qual a
pessoa mais idiota do século XX foi descongelada e revivificada (criogenia) no
século XXV, numa época da onipresença da tecnologia, na qual ela passa a
assombrar a humanidade com sua "grande intelectualidade". Nessa época
de pandemia, constatamos que nenhuma tecnologia substitui o professor em sala
de aula, mas, também que, para parte dos pais, a preocupação central não é com
a aquisição do conhecimento por parte de seus filhos e, sim com um lugar para
deixar os filhos enquanto trabalham, ou seja, não vêm na escola, aquilo que ela
de fato é, um local para a construção do conhecimento.
Em tempos autoritários é comum haver ataques ao
conhecimento, nesses períodos, os livros e as reputações de professores e
cientistas são queimados. Ataca-se a escola porque ela ensina os estudantes a
pensar. Afirmam que ela doutrina os estudantes, quando é o inverso, pois, ao
ensinar os estudantes a refletir, estes passam a ver e interpretar o mundo por
si próprios. Há um provérbio popular que afirma: "Mente vazia, oficina do
diabo". O diabo é ausência de luz, ausência da razão (conhecimento). O
diabo é o negacionismo/fake news. Negacionismo é um termo educado para se
referir a essa gente burra e preguiçosa que vê como atividades penosas, a
leitura e a reflexão daquilo que lê/ouve. Ao longo da história, todo progresso
humano seja na cura para as doenças ou na inovação tecnológica sempre se fez por
meio da ciência. Em todos os tempos históricos, o negacionismo sempre foi o
promotor do atraso social e econômico. E para essa gente (muitos se dizem religiosos
de ofício ou de fé) lembro que no livro do Gênesis (cap. 1, vers. 1-5) Deus
disse "faça-se a LUZ" e, não faça-se a escuridão!
Nenhum comentário:
Postar um comentário