Há uma frase do ativista,
escritor, diretor e produtor José Bento Renato Monteiro Lobato (1882-1948),
popularmente conhecido como Monteiro Lobato, autor (dentre outras obras) de
"Sítio do Pica-pau Amarelo". A frase: "Quem mal lê, mal ouve,
mal fala, mal vê". Monteiro Lobato foi certeiro em sua constatação. A
leitura é um ato indissociável da escrita elegante e da boa fala, além disso, a
leitura abre os olhos da alma e, assim, as pessoas tornam-se capazes de
entender a essência de um texto, de uma obra audiovisual, da vida em sociedade
no âmbito local, nacional ou global. Todas as pessoas possuem cultura e esta
não é obtida apenas pela posse de um ou vários diplomas, pois, conforme um
colega professor costuma afirmar: "diploma não encurta orelhas". Apesar
dos esforços na universalização da educação pública, o país ainda apresenta uma
multidão de onze milhões de pessoas analfabetas (6,6%), o que equivale a
população do Estado do Paraná. Vários de nossos países vizinhos (com economias
menores) possuem índices praticamente zerados e, isso é a demonstração de um
dos efeitos da monstruosa desigualdade social brasileira (8ª nação mais injusta
do planeta).
Se ao elevado número de pessoas analfabetas acrescermos
os números referentes ao analfabetismo funcional (29%), a situação torna-se ainda
mais grave. Os analfabetos funcionais são a parcela da população que tendo
cursado a Educação Básica completa e, até mesmo a Universidade, apesar de saberem
ler, não conseguem ou têm grandes dificuldades na interpretação de textos
simples e na identificação da ideia central destes. Também são incapazes de
fazer operações matemáticas simples ou elaboradas. Os professores da Educação
Básica têm grande dificuldade em fazer com que os estudantes leiam obras de
literatura. Essa dificuldade também é encontrada na Universidade. Embora se
fale que as pessoas estão lendo mais por causa da Internet, estas muitas vezes
acessam redes sociais e sites nem sempre confiáveis, enfim, a qualidade do que se lê é fundamental para a
elevação do nível cultural da população. E o livro é fundamental para isso.
Infelizmente, não raramente, ouvimos e/ou lemos comentários de pessoas que
afirmam nunca mais terem lido livros após deixar os bancos escolares ou
universitários.
Monteiro Lobato, já citado, também cunhou outra frase
emblemática acerca da importância da leitura de livros, disse ele: "Uma
nação se faz com homens e livros". Também aqui acertou, a mudança que
queremos para o Brasil, começa em nosso íntimo e, precisamos estar à altura do
país que queremos ser. Um país se faz com cidadãos melhores, conscientes,
críticos, solidários e honestos. Lembro de um estimado professor das séries
finais do Ensino de 1º Grau (atual Ensino Fundamental) que nos dizia sempre:
"Para cada coisa, um lugar e, cada
coisa em seu lugar". É necessário que as pessoas entendam que colocar o
livro em suas vidas e, em suas casas, não dói, o que dói é viver e não conseguir "ler" o mundo
em que se vive.
Foi ao lembrar a frase de meu professor que surgiu a
ideia desse artigo. Tenho amigos que vivem com o dilema sobre como organizar a
estante de livros, sempre se questionando
se devem fazê-lo por ordem alfabética (autor) ou, por área do conhecimento. Visando
a praticidade, criei dois arquivos no computador: um por ordem alfabética (com
o devido número de registro do livro) e outro arquivo com a ordem numérica.
Mandei fazer um carimbo no qual há o número de registro do livro e com o qual
carimbo cada livro. Os livros são organizados na estante de acordo com a ordem
numérica e sempre com o mesmo sentido do título na lombada (mas não é TOC,
viu!?). E quando preciso, consulto o arquivo alfabético para saber se tenho
determinada obra de um autor e vejo sua ordem numérica para localizá-lo na
estante. Não é necessário registrar duas vezes, pois, o arquivo numérico gera o
arquivo alfabético. Na verdade, cada arquivo digital possui as duas
informações, o que muda é o modo de busca, numérica ou alfabética. Tenho cópia
do arquivo alfabético no celular, isso evita que eu compre livros que já possuo,
como no passado ocorreu. Nesses arquivos, registro também os livros lidos
(mês/ano) e os não lidos (em negrito). Simples assim. Penso que só precisa ser
funcional para mim. E meus livros, embora tenham argumentações diferentes,
convivem bem na estante, não preciso separá-los por afinidades, entre eles, não
há inimizades.
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