O que é o tempo? Essa é uma pergunta simples cuja resposta é complexa. Quem a responde de forma simples, certamente não entendeu a profundidade das reflexões que ela traz em seu bojo. Tanto é assim que o tempo é tema constante na pauta das reflexões e discussões de filósofos. Este humilde escriba, adora ler obras de filosofia, mas, jamais se alçaria ao patamar de filósofo, por não ter a formação instrucional para tal, pois, acredita que nem mesmo que fosse "expert em astrologia", poderia assim se considerar. Apesar disso, em março de 2011, publiquei neste espaço uma humilde reflexão sobre o tema intitulado "Em TEMPO, sobre o TEMPO" (o artigo pode ser encontrado no blog A Vista de Meu Ponto!). Nele, de forma proposital, citei 36 vezes a palavra TEMPO, assim mesmo, em caixa alta, para evidenciar sua onipresença a atuar sobre as nossas vidas, ora nos impulsionando, ora nos oprimindo.
Quando
era um jovem professor, os adolescentes se identificavam mais comigo do que
atualmente. Era comum, os adolescentes me segurarem no corredor para conversar.
Eu pensava que isso ocorria porque eu era um bom professor, mas, hoje vejo, que
jovem como era, não muito mais velho do eles, era devido a minha juventude que
se identificavam comigo. Hoje, alguns bons invernos depois (nasci nessa
estação), os estudantes perguntam a minha idade e eu respondo sempre "25
anos", e, eles riem, dizendo "isso é impossível..., o senhor deu aula
para os meus pais". E eu respondo sempre citando o genial advogado, poeta,
radialista, compositor e ator brasileiro Mario Lago (1911-2002) quando disse:
"Eu fiz um acordo com o tempo...nem ele me persegue, nem eu fujo
dele...qualquer dia a gente se encontra... e dessa forma, vou vivendo
intensamente cada momento".
Francis Scott Key Fitzgerald (1896-1940), conhecido no
meio literário como F. Scott Fitzgerald foi escritor, romancista, contista,
roteirista e poeta. É considerado um dos maiores nomes da literatura
estadunidense. Sua obra mais famosa é "O Grande Gatsby", na qual faz
uma profunda crítica à sociedade dos anos 1920. A intenção deste artigo é falar
sobre uma obra deste autor, que tal como sua obra mais famosa, também virou
filme de Hollywood. Trata-se do livro "O curioso caso de Benjamin
Button", no qual Benjamin nasce com a aparência e as características de um
idoso para o constrangimento de seus pais e a contrariedade do médico da
família. A obra faz uma crítica à sociedade que não aceita pessoas ou atitudes
que fujam dos padrões de normalidade. É a chamada caixinha em que todo mundo
tem que se enquadrar e quem não se enquadra leva pauladas da sociedade
"encaixada". Ninguém pode ser diferente daquilo que se espera dele.
Tem que ser "normal" embora nem sempre a dita normalidade, seja um
bom modelo a seguir. Na trama de
Fitzgerald, Benjamin (o bebê) começa a falar e já trava conversas fundamentadas
de quem tem experiência de vida, e ao começar a andar, pede a seu pai uma
bengala. Com o passar do tempo vai rejuvenescendo cada vez mais e, juntamente
com seu rejuvenescimento, seu espírito, sua mente e seus interesses passam a
ficar condizentes com a nova faixa etária. Benjamin tem uma vida de conquistas
profissionais e amorosas, mas, sempre com as dificuldades que a
"natureza" lhe impôs. Ao casar-se com uma moça mais nova, ela vai
envelhecendo enquanto ele fica cada vez mais moço.
É impossível ler o conto de
Fitzgerald sem lembrar do ator, comediante, diretor, compositor, roteirista,
cineasta, editor e músico britânico Charles Chaplin (1889-1977) quando disse:
"A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho
que o verdadeiro ciclo da vida está de trás para a frente. Nós deveríamos
morrer primeiro, nos livrar logo disso. Daí viver num asilo, até ser chutado para
fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar.
Então você trabalha 40 anos até ficar novo para poder aproveitar a
aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se
prepara para a faculdade, Você vai para o colégio, tem várias namoradas, vira
criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho no colo, volta
para o útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando...E
termina tudo com um ótimo orgasmo. Não seria perfeito?".
Sugestão de boa
leitura:
Título: O curioso caso de Benjamin Button.
Autor: F. Scott Fitzgerald.
Editora: L&PM, 2016, 96p.
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