O escritor, filósofo,
professor de sociologia e cientista político Emir Sader publicou em uma rede
social a seguinte afirmação: "Se um macaco acumulasse mais bananas do que
pudesse comer, enquanto os outros macacos morressem de fome, os cientistas
estudariam aquele macaco para descobrir o que diabos estaria acontecendo com
ele. Quando os humanos fazem isso, nós os colocamos na capa da Forbes". Após essa genial afirmação de Sader, nada
mais seria preciso dizer neste espaço, porém, é preciso, tendo em vista que
vivemos uma crise que, é ao mesmo tempo,econômica, ambiental e social e que
interpretação de texto e criticidade é algo individual.
O fato de o capitalismo estar sempre às voltas com crises
econômicas é algo corriqueiro e não causa surpresa a ninguém. Há muito tempo,
seus ciclos de crescimento, recessão, depressão e estagnação (ciclos de
Kondratieff) foram cientificamente desvendados como algo intrínseco desse
sistema. As crises econômicas apenas mostram que o sistema está funcionando em
sua normalidade. Sabemos que não há bananas infinitas ou, no exemplo que usei
em outra oportunidade, não há pizzas infinitas, dessa forma, também as riquezas
(recursos econômicos) são finitas. Para que um macaco ou um ser humano obtenham
respectivamente mais bananas ou pedaços de pizza, outros terão que perder uma
parte do que lhes cabe. Assim é o sistema capitalista. A lógica usual é reduzir
as migalhas que cabem aos excluídos das benesses do sistema para transferi-las
a quem já tem demais. No exemplo de Sader, o macaco glutão embora não possa dar
conta das bananas que possui, gosta de ter poder (de vida e morte) sobre os
demais e pensa não ter ainda o quanto é capaz de possuir.
Os capitalistas foram muito felizes em propagandear que
são os benfeitores da humanidade. Afirmam e raramente são contestados, de que
fazem o bem, pois, geram empregos e, dessa forma, sustentam famílias por meio
dos salários pagos aos seus empregados. Nada mais falso, concedem empregos
porque precisam da mercadoria "mão de obra" e pagam salários menores
do que a riqueza gerada pelo trabalhador para que possam obter lucros. Se a mão
de obra fosse tão somente despesa e não fonte de lucro, demitiriam os
funcionários na mesma hora, como o fazem quando novas tecnologias (mais baratas
que a mão de obra mais barata) chegam ou quando crises conjunturais reduzem as
margens de lucros. Ninguém enriquece sozinho. Dinheiro não produz dinheiro.
Apenas o trabalho gera riquezas. Os banqueiros/investidores ganham dinheiro com
juros sobre o capital emprestado a empresas que geram bens e serviços ou
adquirindo participações acionárias destas. Nos dois casos citados
anteriormente, o trabalho é o fator gerador dos recursos financeiros que
pagarão os lucros dos banqueiros/investidores. Sem trabalho não há produção de
riquezas. Quando se fala em setor produtivo, penso nos trabalhadores e não nos
capitalistas, que a meu ver são o setor apropriativo.
Repito, as riquezas, assim como as bananas e as pizzas,
não são infinitas. Se 1% da humanidade acumula a renda equivalente a 99% da
população mundial, ou ainda, que as oito pessoas mais ricas do mundo acumulam a
mesma riqueza que a metade da humanidade, não é difícil concluir que algo está
errado e que a concentração financeira, tal como uma metástase se espalha pelo
organismo. O tumor (câncer) superalimentado, enfraquece e adoece o organismo
(sistema). Apenas os ingênuos não se dão conta que num planeta cujas(os)
riquezas naturais/recursos econômicos são finitos se alguém ou algum grupo, acumula
demais, para outros falta, afinal, a pobreza é um subproduto da concentração da
riqueza. O capitalismo também logrou sucesso em propagandear-se como o sistema
verdadeiramente democrático. Afinal, o pseudo-discurso meritocrático divide a
sociedade em bem sucedidos e fracassados pelo esforço individual. Diz-se que
qualquer um pode ficar milionário se trabalhar bastante. Há bilhões que
trabalham bastante, mas, apenas vêm crescer a riqueza de seus patrões ante a
miséria que ronda seus lares. Há quem não trabalha (especuladores) e cuja
riqueza não para de crescer. E há também aqueles que defendem esse falso
discurso meritocrático, mas, ironia do destino, são pobres que pensam ser ricos,
ou que na qualidade de servos defendem os seus senhores. Não há democracia onde
a desigualdade social, a miséria e a fome imperam. Enfim, ainda pior do que o
capitalismo, é deixá-lo a mercê dos capitalistas.
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