A população vê com
estranheza o fato, mas, não se preocupa até que pessoas começam a adoecer de uma
doença cujos sintomas são gânglios inchados e erupções cutâneas acompanhada de
muita dor e morte repentina. O Dr. Rieux afirma que é preciso nomear a doença e
enfrentá-la de frente, porém, muitas são as pessoas que negam a existência da
doença e desobedecem/ignoram suas orientações agravando o quadro. O prefeito de
Oran titubeia em tomar medidas rígidas e acaba prejudicando o controle rápido
da situação. Os jornalistas, tal como parte da população, a princípio são
céticos e, inclusive criticam as decisões tomadas como o lockdown e o uso de
forças policiais para impedir o ingresso ou saída de pessoas da cidade para
evitar que o contágio se propague para outras cidades. Também a imprensa (estimulada
pelos capitalistas) critica o estrago que as medidas tomadas fazem sobre a
economia. Um dos jornalistas (Tarroud) tem uma namorada em outra cidade e tenta
escapar de Oran sem sucesso. Tarroud toma conhecimento que um capitalista estava
enriquecendo trazendo produtos contrabandeados para a cidade e vendendo a
preços estratosféricos. Tarroud oferece dinheiro para que o contrabandista que
consegue furar o bloqueio (por meio de policiais corruptos) o coloque fora da
cidade.
Nesse ínterim, as mortes aumentam de tal forma que
os hospitais lotam e, estádios de
futebol são utilizados como hospitais de campanha com a utilização de barracas
para abrigar (e isolar) centenas de doentes. As equipes de saúde não dão conta
de atender os doentes e, muitas pessoas são recrutadas dentre a população para auxiliar
nos esforços de contenção e tratamento da doença. O Juiz de Direito Othon perde
seu filho para a doença, o que evidencia que ninguém independentemente de seu
status social, está a salvo da peste. O próprio Dr. Rieux que salva várias
vidas, perde sua esposa. Na igreja, o padre Paneloux dá sermões afirmando que a
doença foi enviada por Deus como castigo para seus pecados, o que não traz
nenhum conforto psicológico/espiritual para as pessoas. Ele muda de atitude
quando vê o sofrimento de uma criança inocente ao morrer, quando, então cala-se
e se isola. O aumento assustador do número diário de mortes leva os jornalistas
a mudarem o tom de suas reportagens. O agravamento da crise sanitária mostra as
pessoas da cidade como de fato são, livres de suas máscaras evidenciando seu
verdadeiro caráter, mostrando-se egoístas, ignorantes e arrogantes. Outras surpreendem
com espírito de solidariedade e cooperação. O Dr. Castel pesquisa e desenvolve
um soro (vacina) que começa a curar pessoas, porém, devido a falta de recursos seu
desenvolvimento é lento. A chegada da vacina em quantidade suficiente para atender
toda a população é tardia, pois, muitos já haviam morrido, para a tristeza de
seus familiares. Na obra são contabilizadas e nomeadas as últimas vítimas da
doença, algo muito triste, quando se traça um paralelo com os últimos mortos
antes do futuro controle da atual pandemia de Covid 19.
Camus fez uma importante pesquisa sobre epidemias que
atingiram a humanidade no passado e, embora a mente do leitor esteja propensa a
fazer comparações com a atual pandemia (Covid 19), é preciso reiterar que a
obra é uma alegoria ao nazismo, dessa forma, as personagens e a trama têm que
ser interpretadas com um viés filosófico à luz da história. Algo que, por
motivos óbvios, não fiz aqui.
Sugestão
de boa leitura:
Título: A peste.
Autor: Albert Camus.
Editora: Record, 2017, 288 p.
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