Francis Scott Key
Fitzgerald (1896-1940), conhecido no meio literário como F. Scott Fitzgerald
foi escritor, romancista, contista, roteirista e poeta. É considerado um dos
maiores nomes da literatura estadunidense. Oriundo de família irlandesa,
Fitzgerald ingressou na Universidade de Princeton, mas, não chegou a se formar,
pois, após um período de convalescença, acabou não retornando à universidade. O
escritor precisou trabalhar muito para reunir condições materiais para desposar
Zelda Sayre (1900-1948) cuja família estava um degrau acima na pirâmide social.
Fitzgerald foi um workaholic, trabalhava muito, redigindo contos que eram bastante
rentáveis, rapidamente produzidos (se comparados aos romances) e, constituíam a
forma preferida por ele para fazer frente às costumeiras dificuldades
financeiras do casal. O escritor afirmava que não queria e não podia baixar seu
nível de vida, talvez para manter as comodidades a que sua esposa estava acostumada
desde o nascimento.
O
casal costumava passar temporadas na Europa, momentos em que Fitzgerald aproveitava
para escrever seus contos e romances. Zelda, apesar de muitas vezes ser
lembrada por trazer ao longo do casamento ingredientes de tragicidade à vida do
escritor (como uma suposta traição e os problemas psiquiátricos que demandaram
várias internações), foi romancista, contista, poetisa, dançarina, pintora e
socialite. Fitzgerald não enviava nada para publicação sem antes colocar seus
escritos ao crivo dela. Zelda era considerada um ícone da alta sociedade
nova-iorquina dos anos 1920. Jovens, belos e célebres, o casal caiu na graça da
sociedade da época e conviveu com grandes personalidades, dentre estas o também
célebre escritor Ernest Hemingway. Este acabou por contribuir para a má imagem
de Zelda (ambos não se gostavam), e, afirmou várias vezes que Fitzgerald podia
ter sido ainda maior, não fosse pelas dificuldades que a esposa lhe impunha. Fitzgerald
também tinha seus próprios problemas, um deles era o alcoolismo. O escritor
trabalhou muito em Hollywood como roteirista, não por gosto pessoal, mas, para
fazer frente às suas necessidades financeiras. E foi em Hollywood que o
escritor morreu de infarto aos 44 anos de idade.
O livro “O grande Gatsby” (publicado em 1925) é a
obra-prima de Francis Scott Fitzgerald e, é obra de referência nas escolas e
universidades estadunidenses. O narrador da trama é Nick Carraway, de origem
humilde, mas, que vai morar de aluguel numa casa simples ao lado de mansões
espetaculares de um bairro nobre. Nick trabalha na Bolsa de Valores de Nova
Iorque. Seu vizinho, Jay Gatsby mora num palacete famoso em toda a Nova Iorque
pelas festas dantescas que realiza com a presença de personalidades do mundo
artístico, político e da high society. As outras personagens são Tom Buchanan
(um esportista famoso) oriundo de uma das famílias mais abastadas dos Estados
Unidos e sua bela esposa Daisy, nascida no seio da abastada família Fay. Gatsby
se aproxima de Nick (primo de Daisy), para buscar aproximação com seu antigo
amor, pelo qual foi preterido por ser pobre e, cinco anos depois, milionário,
deseja reconquistar. Gatsby tem tudo o que o dinheiro pode comprar e acredita
que seu dinheiro pode trazer de volta a mulher que um dia perdeu pela falta
dele. O autor não deixa claro e o leitor se questiona durante a leitura sobre
como o jovem Gatsby enriqueceu em tão pouco tempo, sendo levado a pensar que o
fez de forma ilícita na sociedade dos anos 1920, do milagre econômico
americano, da lei seca, do jazz e da onda liberalizante com as mulheres
vestindo roupas consideradas até então ousadas. É um engano pensar que a obra é
um mero romance romântico, afinal, Fitzgerald faz uma crítica velada ao sonho
americano e do “self made man”, de que os Estados Unidos é a terra das
oportunidades que permite a qualquer um galgar posições na sociedade a exemplo
do alpinista social Jay Gatsby. Neste mesmo sentido, mostra o vazio existencial
de “pessoas ricas que adoram se encontrar com outras pessoas ricas para serem
ricas juntas” e, que tal como dito na obra (ao se referir à futilidade de
Daisy) “têm a fala cheia de dinheiro” e de outro lado a dura realidade dos
pobres. Há também a afirmação implícita de que se pode ganhar dinheiro, mas,
jamais a consideração pelo “berço” que não teve.
Gatsby
é um personagem controverso, o leitor nutre por ele um misto de simpatia e
aversão, afinal, Gatsby quer reconquistar seu antigo amor ou o único troféu que
seu dinheiro ainda não lhe concedeu? Nick também é assim, pois, fica o tempo
todo repetindo ser honesto e afirmando não julgar as pessoas, mas, faz isso o
tempo todo. A trama conta ainda com a esportista Jordan Baker que juntamente
com Nick, Gatzby, Daisy e Tom fazem parte da trama central que envolve ainda o
mecânico George Wilson e sua esposa Mirtle. O palacete de Gatsby, adquirido por
ele por ficar de frente à casa de Daisy (separado apenas pelas águas da baía)
tem sua posição marcada por um farol de luz verde nas noites mais escuras. A
região retratada na obra é a de Long Island e Manhattan, sendo que a estrada
que liga essa duas regiões passa por uma área degradada no quesito ambiental e
social.
Fitzgerald
é um grande frasista, na obra há frases tais como a da fala de Daisy quando do
nascimento de sua filha: “estou feliz por ser uma menina. E espero que ela seja
uma tonta. É a melhor coisa que uma menina pode ser neste mundo. Uma tontinha
linda”. Essa frase e a personagem se popularizaram nos Estados Unidos e “Daisy
Buchanan” passou a designar em sentido figurativo uma mulher bela, rica e pouco
inteligente. Outra frase que consta no livro e que foi gravada no túmulo do
autor é a seguinte: “E assim avançamos, barcos contra a corrente,
incessantemente empurrados de volta ao passado”. A obra “O grande Gatsby” foi
adaptado para o cinema em 1949, 1974 e 2013, esta última regravação está
disponível na Netflix (o filme é bastante fiel à obra). Fitzgerald reiterou que
muito do que escreveu na obra diz respeito a ele próprio (como a personagem
Nick). Sobre seu ofício disse: “o escritor deve escrever para os jovens da sua
geração, os críticos da próxima e os professores de todo o futuro”. Ao ler a
obra, tive a impressão de que em alguns momentos o escritor perdeu a mão,
porém, em seguida se refaz. Trata-se de uma belíssima obra, não à toa, faz
parte da lista dos livros mais importantes do século XX.
Sugestão de boa leitura:
Título: O
grande Gatsby.
Autor: F.
Scott Fitzgerald.
Editora:
Landmark, 2013, 224 p.
Preço: R$
28,04.
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